24 letras por segundo

24 Letras por segundo
Dezessete escritores interpretam seus cineastas favoritos.
Rodrigo Rosp (organização)

A questão

O que acontece quando escritores recebem a missão de adaptar filmes ou a obra de um cineasta para a as páginas? É possível fazer o caminho contrário?
(fonte: www.naoeditora.com.br)

A proposta

Incorporar e traduzir para a linguagem literária um pouco Tarantino, Spielberg, Almodóvar, Polanski, Woody Allen e muito mais.
(fonte: www.naoeditora.com.br)

24 letras por segundo

O elenco (por ordem de aparição)

Bernardo Moraes …………………….. 
Monique Revillion …………………… 
Rodrigo Rosp ………………………….. 
Juarez Guedes Cruz ………………… 
Reginaldo Pujol Filho ……………… 
Pena Cabreira ………………………… 
Pedro Gonzaga ……………………….. 
Silvio Pilau …………………………….. 
Milton Ribeiro ……………………….. 
Eric Novello …………………………… 
Bruno Mattos ………………………… 
Diego Grando ………………………… 
Samir Machado de Machado …… 
Antônio Xerxenesky ……………….. 
Rafael Bán Jacobsen ………………. 
Victor Paes ……………………………. 
Márcio-André ………………………… 
Quentin Tarantino
Tim Burton
Woody Allen
M. Night Shyamalan
Irmãos Coen
Terry Gilliam
Wong Kar-Wai
Kevin Smith
Roman Polanski
Bernardo Bertolucci
José Mojica Marins
Sylvain Chomet
Steven Spielberg
Hal Hartley
Pedro Almodóvar
Milos Forman
David Lynch

O resultado

Antes de falar do conteúdo, alguns comentários sobre o continente, o dispositivo: o livro em si. Para leitores nascidos a partir dos anos 90, as referências gráficas talvez não façam muito sentido. Talvez até nem saibam o que são os objetos retratados. Mas para cinéfilos e ex-frequentadores das saudosas videolocadoras, o projeto gráfico do livro traz boas lembranças. A capa remete a uma caixa de fita VHS de locadora, incluindo um selinho dourado – indicador do valor da locação – e a etiqueta de identificação do filme. A segunda e terceira capas emulam a própria fita. E a quarta capa, como não poderia deixar de ser, parece o verso da caixa, trazendo todas as informações pertinente a um vídeo, indo desde o elenco, até os dados técnicos – duração, ano de lançamento, classificação etária indicativa, entre outros – e passando pelos “recadinhos” reiterando o caráter ficcional da obra e a inexistência de danos a animais durante a produção.

Sem contar as páginas iniciais que, além de mostrar uma relíquia – um aparelho de videocassete – fazem a memória trabalhar mais um pouco, relembrando as imagens iniciais de fitas mais antigas, em que o usuário era instruído a ajustar as cores e o som do equipamento antes de iniciar a sessão. E, lógico, não poderia faltar, ao final, a clássica mensagem pedindo para rebobinar o filme, ou melhor, o livro. Enfim, cada detalhe remete o leitor ao home video, à experiência de assistir a um filme. Além disso, ao início de cada conto, há uma página inteira que simula aquele frame do filme em que aparece o título, seguida de outra com fichas – filmografia do diretor escolhido, informações sobre o autor e um textículo introdutório, geralmente esclarecendo as intenções e/ou motivações do autor.

Os contos, para deleite do leitor, têm a mesma excelência do projeto gráfico. Independente do caminho que o autor optou seguir, os resultados são de ótima qualidade. Alguns mais que outros, conseguiram imprimir ao texto – tanto na forma, quanto no conteúdo – o estilo do diretor sem margem para dúvida. Alguns, mesmo sem identificação prévia, seria possível identificar o diretor homenageado, tamanha a simbiose atingida pelo autor. “O paradigma do mexilhão”, “Esqueletos no armário”, “Todos os homens dizem eu te amo” são ótimos exemplos disso. Assim como “O túmulo frio de Mimi Myers” e “Um dia na vida de David Lynch”, mesmo se não trouxessem referências explicitas em seus títulos.

Interessante notar a variedade de escolhas dos autores. Alguns optaram por reverenciar o estilo do diretor seja na forma de contar histórias seja no teor da história em si, outros por complementar ou expandir um dos filmes, outros ainda por transformar o diretor em personagem se sua própria obra. Todos, sem exceção, conseguiram incorporar a visão dos diretores e imergir em seus universos criativos, carregando consigo o leitor. E conseguem isso sem perder a identidade de “escritor brasileiro” – o que quer que isso signifique. É possível identificar pequenos detalhes que remetem à brasilidade, seja nos cenários, seja num modo de falar, no vocabulário. E essa conjunção de fatores culmina num resultado único, digno de apreciação.

É lógico que cinéfilos irão desfrutar dos textos de modo mais intenso que os demais leitores – caçar as referências é um divertimento à parte. Mas não é necessário ter conhecimento de cinema, nem dos diretores selecionados, nem de sua filmografia para curtir as histórias.

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Cristine Tellier
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