Uma sombra na escuridão
Robert Bryndza

“Em uma noite de verão, a Detetive Erika Foster é convocada para trabalhar em uma cena de homicídio. A vítima: um médico encontrado sufocado na cama. Seus pulsos estão presos e através de um saco plástico transparente amarrado firmemente sobre sua cabeça é possível ver seus olhos arregalados.”
(fonte: sinopse oficial)

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Quem é leitor de livros policiais dificilmente não sente vontade de ler outros livros de um autor de que tenha gostado, principalmente quando os livros têm o(s) mesmo(s) protagonista(s) – Dra. Kay Scarpetta, nos livros de Patricia Cornwell; Dr. Laurie Montgomery and Dr. Jack Stapleton, nos livros de Robin Cook; ou exemplos clássicos como o Inspetor Maigret, de Georges Simenon, e Hercule Poirot, de Agatha Christie. Quando o autor consegue criar um personagem cativante o suficiente, não é necessário que a história seja repleta de reviravoltas, surpresas e cenas de ação desenfreada para que o leitor queira ler mais.

E é o que acontece com a protagonista dos livros de Bryndza. Como escrevi na resenha do primeiro livro da série, a DCI Erika Foster é uma profissional eficiente, mas que nem por isso deixa de ter seus defeitos e problemas, alguns dos quais às vezes atrapalham sua carreira. E é essa identificação com a personagem que faz o leitor se importar com o que irá acontecer a seguir. É lógico que saber como Foster e sua equipe irão descobrir e capturar o criminoso também importa. Também faz o leitor não querer parar de virar as páginas. Mas se a personagem não fosse verossímil, a história não se sustentaria.

Algumas séries policiais “exigem” do leitor que, para ler confortavelmente qualquer um dos livros da coleção, ele tenha lido ao menos ao primeiro. A apresentação do núcleo de personagens e da história pregressa do protagonista, suas motivações, seus trejeitos, se restringem praticamente a este. Nos demais, o autor infelizmente presume que quem lê já saiba alguns detalhes. Talvez não prejudique o desenrolar da trama, mas certamente priva o leitor de desfrutar melhor da história. Bryndza não comete esse equívoco. Sutilmente, aproveitando-se de algumas situações ocorridas no início do livro, reapresenta Foster aos leitores. Tenho de admitir que algumas cenas me pareceram desnecessárias à trama, incluídas ali apenas para cumprir esse papel de situar o novo leitor. Mas justificaram-se próximo ao desfecho do livro.

Robert Bryndza
Robert Bryndza (foto: http://www.lowestoftjournal.co.uk/)
A estrutura da história é similar à do livro anterior e, mesmo assim, não há sensação de déjà-vu. Não entrarei em detalhes para evitar spoilers. A estrutura semelhante não é um demérito, afinal espectadores de séries policiais procedurais e leitores de livros policiais assistem o que assistem e lêem o que lêem esperando que seja desse modo – que o blueprint da história seja seguido. E, da mesma forma que em A garota no gelo, a narrativa é feita em terceira pessoa, alternando entre o núcleo de Foster e sua equipe e o criminoso. Dessa forma, fica reservada ao leitor a expectativa pelo momento em que as investigações de Foster levarão à captura do criminoso.

A prosa ágil e os capítulos curtos são um convite à leitura ininterrupta, típica de um bom romance policial. Boa parte dos leitores, ao terminar um capítulo, dá uma espiada no seguinte só para checar sua extensão. É inegável que terminar um capítulo e perceber que o próximo é curtinho dispara aquele gatilho mental tão conhecido dos leitores: “Ah! só mais um capítulo!”. E quando se percebe, aqueles cinco minutinhos lendo o próximo capítulo estendem-se por horas até que a última página seja virada. Bryndza “acertou a mão”. E esperamos que continue assim nos próximos volumes – Dark water e Last breath.

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Cristine Tellier
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