A garota no gelo
Robert Bryndza

“Quando um jovem rapaz encontra o corpo de uma mulher debaixo de uma grossa placa de gelo em um parque ao sul de Londres, a detetive Erika Foster é chamada para liderar a investigação de assassinato.
A vítima, uma jovem e bela socialite, parecia ter a vida perfeita. Mas quando Erika começa a cavar mais fundo, vai ligando os pontos entre esse crime e a morte de três prostitutas, todas encontradas estranguladas, com as mãos amarradas, em águas geladas nos arredores de Londres.”
(fonte: 4ª capa do livro)

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Engana-se quem achar que o livro é apenas mais um da séria série “A garota …” – complete como quiser: “… que você deixou para trás” (Jojo Moyes), “… no trem” (Paula Hawkins), “… que eu quero” (Markus Zusak), “… do calendário” (Audrey Carlan); só para ficar com os mais conhecidos. Aliás, o blurb na capa do livro dá uma ideia equivocada ao compará-lo a Garota exemplar (Gillian Flynn) e A garota no trem, uma vez que ambos são thrillers psicológicos (muito bons em seu gênero) mas não têm nada a ver com um legítimo romance policial. Ou seja, se alguém for lê-lo esperando algo semelhante a esses dois, talvez se decepcione ou, mais provável, se sinta enganado.

Se a intenção é encaixá-lo em uma categoria dentro do gênero policial, ou mais precisamente num modelo, pode-se afirmar que ele faz parte daquele grupo de histórias em que o protagonista – detetive, investigador, ou similar – é um profissional eficiente em seu campo de atuação, que se destaca entre os demais, mas cujo passado deixou-o com sequelas, sejam elas financeiras, físicas, emocionais (o termo inglês damaged encaixa-se perfeitamente nesse perfil).

Assim como Harry Hole – dos livros de Jo Nesbø – e Cormoran Strike – nos livros de Robert Galbraith (leia-se J.K. Rowling), Erika Foster passou por eventos traumáticos que a deixaram temporariamente afastada de sua função. De forma alguma é um demérito que o autor tenha optado por esse estratagema na construção da personagem. Afinal, se bem empregado, é bastante eficaz na conquista do leitor, pois a empatia com um personagem por assim dizer “imperfeito” é muito mais factível. Importar-se com alguém “gente como a gente” é sempre mais natural. E é inegável Bryndza contruiu Erika Foster de forma que A garota no gelo não fosse apenas mais um livro nessa categoria.

Erika é uma personagem feminina forte, incisiva em suas decisões, com seus defeitos e inseguranças. E o autor apresenta essas suas inúmeras facetas da melhor forma possível: mostrando, não descrevendo. Suas atitudes e suas conversas revelam detalhes importantes sobre sua personalidade e sua vida antes dessa investigação.

Robert Bryndza
Robert Bryndza (foto: http://www.lowestoftjournal.co.uk/)
A concisão e a fluidez do texto são qualidades que valem a pena ser notadas. Bryndza não perde tempo com longas descrições e explicações. Sua escrita é ágil.O prólogo agarra o leitor e, num átimo, o mergulha na história, assim como a vítima que está submersa no gelo, sem condições de sair, pois os capítulos curtos o instigam a continuar, compelindo-o a seguir o conhecido mantra: “só mais um capítulo, só mais um capítulo”. Mas mesmo assim, o ritmo da narrativa decai ligeiramente no segundo terço do livro, quando a investigação se torna um pouco repetitiva. Porém, a parte final vai num crescendo que, mesmo sendo possível ao leitor descobrir o criminoso, é praticamente impossível abandonar a leitura antes do desfecho.

O segundo livro da série, The Night Stalker, já é um best-seller lá fora. E o terceiro, Dark Water, está indo pelo mesmo caminho. E, cá entre nós, para um autor que até então só havia escrito chic-lits é um feito e tanto.

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Cristine Tellier
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