O clã dos quatro guerreiros: Série Enoua – Livro I
Diego Martins Ribeiro

Quatro jovens com aparentemente muito pouco em comum seguem em um antigo carro vermelho-sangue por uma estrada deserta. Nada indica que qualquer tipo de perigo possa estar em seu caminho naquela pacata noite. No entanto, após se depararem com uma esfera de luz e sofrerem um estranho acidente, Gabriel, Henrique, Débora e Beatriz acordam em um lugar desconhecido, onde tudo parece possível. Em meio a personagens e paisagens surreais, como o monte de rochas flutuantes e a perigosa fera da Gruta Sombria, eles encontram pistas de como podem voltar para casa, e se assombram com as coincidências que envolvem sua chegada a Enoua, como se essa já fosse esperada por alguém misterioso. Em uma incrível jornada que os fará conhecer mais sobre si próprios e aqueles que sempre estiveram a sua volta, eles irão descobrir que Enoua não é simplesmente um mundo distante, e que é preciso muito mais do que armas raras, amuletos cheios de segredos e armaduras indestrutíveis para se tornar um verdadeiro Guerreiro.
(fonte: http://www.novostalentosdaliteratura.com.br/)

enoua-capa

Aos leitores que viveram infância e adolesência nos anos 80, a associaçao é imediata: parece Caverna do Dragão. Felizmente, não tem a Uni, a unicórnio inoportuna que sempre atrapalha a volta das crianças para casa. Adolescentes se vêem transportados sem mais nem menos para um outro universo, Enoua, em que humanóides, dragões e castelos são “naturais”; recebem artefatos mágicos com poderes inicialmente desconhecidos; vagueiam por esse novo mundo a esmo, mesmo que pareça que sua vinda era esperada; encontram um(a) guia que esclarece, ao menos em parte, seus questionamentos.

Se a história é batida – afinal, Caverna do Dragão não é a única narrativa com essas premissas – o autor consegue sair da mesmice ao fazer o leitor enxergar Enous através dos olhos dos quatro adolescentes. A narração é em terceira pessoa, mas cada capítulo acompanha mais de perto um dos personagens, dando ao leitor a percepção que cada um deles tem daquela aventura, de acordo com sua personalidade e forma de encarar os acontecimentos. Se, a princípio, os garotos se parecem entre si, e as garotas se parecem entre si – a ponto de eu confundi-los durante as primeiras páginas – à medida que a narrativa avança, os personagens evoluem e se tornam bem caracterizados.

É interessante notar que a exploração de Enoua se reflete nos personagens, ou seja, a cada evento, a cada batalha, o conhecimento que cada um tem de si próprio se amplia e os ajuda a avançar.

Algo que incomoda são os diálogos. Por vezes, expositivos ou descritivos demais, explicando coisas desnecessárias ou estendendo-se demais sobre determinado assunto. E a maioria deles poderia ter sido melhor trabalhada, já que não soam naturais. A dica dada no post da semana passada, de encenar os diálogos e testar sua verossimilhança, seria de grande valia neste caso. Lidos em voz alta, muitos deles simplesmente fazem o leitor pensar: “Ninguém conversa dessa forma”.

Leitores jovens, que não têm tantas referências a obras similares, são certamente o público preferencial do livro, e devem curtir bastante a leitura. São leitores em formação que relevam com naturalidade algumas falhas narrativas que não chegam a atrapalhar a leitura. Apesar de um olhar mais atento perceber que alguns trechos seriam beneficiados com uma intervenção mais intensa dum copidesque ou editor, o texto flui bem e não é cansativo. Vale pela aventura

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Cristine Tellier
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