Musashi
Eiji Yoshikawa
Musashi é, sem sobra de dúvidas, um clássico. Uma obra peculiarmente ilustre, levando-se em conta suas características e o legado que vem formando até os dias de hoje. Ainda não havia visto um texto que demonstrasse de forma tão óbvia e tão explícita virtudes como honra, dignidade, perseverança, disciplina… Em fim, bases morais imprescindíveis para qualquer indivíduo, sobretudo para os guerreiros samurais.
Uma leitura que recomendaria de forma veemente a todos os jovens e adolescentes, tão faltantes hoje em dia destes conceitos e tão carentes de figuras inspiradoras em nosso mundo apático, inexpressivo e de cultura mundana.
Também é um esclarecedor das lendas e tradições samuraicas. Sobeja em detalhes históricos e é explicativo quanto a costumes e hábitos da época.
Noto, entretanto, como crítico inexorável que sou, inúmeras falhas que conspurcam um pouco o brilhantismo da obra. É demasiadamente longo. O autor perde muito tempo desenvolvendo passagens que não oferecem real importância ao contexto geral. Levei incalculável tempo para ler o primeiro volume (por volta de 900 páginas) e, um ano depois, levei mais de seis semanas para ler o segundo (totalizando as 1808 páginas).
Entra em temas muito profundos, causando uma espera angustiante pela conclusão do assunto. Todavia, conclui geralmente de forma superficial, fustigando as expectativas do leitor. A tradução também é decepcionante. Salvo as dificuldades perdoáveis de traduzir-se um idioma cognatamente tão distante do nosso, é inimaginável certas figuras de linguagens exageradamente coloquiais no Japão feudal. Por fim, um lixo. Esperava um mínimo de respeito por parte da tradutora por um idioma que deve ter por volta de seus 5 mil anos de existência.
Não obstante tais lacunas, o livro é – repito – um clássico. Obviamente que não é a história do verdadeiro Musashi, pois é difícil acreditar num homem tão perfeito, de forma tão poética, até nos mais profundos níveis de seu caráter.
Admito, entretanto, que é sedutor o desejo de acreditar que isso algum dia foi possível entre nós seres humanos.
- As Meninas - 1 de junho de 2019
- Guerra dos Mundos - 26 de maio de 2019
- O Homem Invisível - 17 de março de 2019
A "critica literaria" de internet e uma vergonha. Que falta faz um sulemento literario de um jornal de renome. Faz falta JB…
Olá Nilton! Obrigado pela visita. Concordo contigo que é difícil encontrar críticas literárias de qualidade. Por isso decidi fazer meu próprio portal. 😉