kindle pra presente

Neste post de 2013, discorro sobre minhas impressões iniciais sobre o Kindle. Certamente, uma das intenções do Douglas ao me surpreender com o presente, era me demover da minha predileção incondicional pelos livros em papel. Conseguiu me fazer apreciar um pouco mais o formato digital, mas minha predileção permanece. A leitura da notícia abaixo desencadeou uma série de pensamentos, um balanço da minha experiência com o e-reader. E despertou também uma pontinha de inveja por este novo modelo básico ter tela touch, a exemplo do Paperwhite.

novo kindle

Há, entre meus livros físicos e os digitais uma semelhança incômoda: a quantidade de livros não-lidos que só faz crescer. O dia precisaria ter 48 horas para que eu conseguisse dar conta de todos eles. Já há algum tempo, diminuí significativamente a compra de livros em papel – exceto nas visitas feitas à Bienal do Livro e à Feira do Livro da USP (lógico!). Em contrapartida, a quantidade enorme de promoções e descontos nos preços dos livros digitais me fez abarrotar o Kindle com muito mais livros do que sei ter disponibilidade para ler. É, ao mesmo tempo, benefício e desvantagem. A sensação de que não terei vida suficiente para ler todos os livros que quero apenas se intensifica cada vez mais.

Sobre a questão do preço dos livros, posso falar que comprei/compro apenas aqueles com descontos apetitosos. Ainda acho que a diferença de preço entre a versão física e digital de algumas obras não justifica a escolha pelo digital. Se for para pagar apenas de 5 a 8 reais a mais, sem sombra de dúvida opto pelo livro em papel. E, pensando com meus botões – e trocando ideias com o Douglas – parece-me que uma boa estratégia para conquistar meus correligionários adoradores de livros em papel seria disponibilizar uma cópia digital para quem adquirisse a versão física. Eu acharia ótimo ter ganhado uma versão digital do terceiro volume de As crônicas de gelo e fogo. Tenho-o lido apenas em casa, já que, convenhamos, andar por aí carregando um calhamaço de quase 900 páginas não é nada prático. Nesse quesito, o Kindle ganha disparado.

kindle pra presenteTambém gosto muito da possibilidade de receber uma amostra do livro antes de decidir pela compra. Quaaase se aproxima da sensação de dar uma espiada em um livro na livraria. Dá a oportunidade de identificar se vale a pena adquirir o livro. Mas peca pela ausência de estímulo aos nossos demais sentidos. Pesar o livro nas mãos, passar os dedos pelo relevo da capa, sentir a textura (e o cheiro) do papel, apreciar (ou não) a qualidade do projeto gráfico. Sim, isso faz falta no Kindle.

Sobre o ato da leitura em si, há prós e contras no e-reader. Ter um dicionário sempre a mão, à distância de um clique (ou dois) é muito, muito prático. Principalmente ao ler obras em idiomas estrangeiros. Ponto a favor. Outro ponto positivo são as marcações. Uso demais esse recurso do Kindle. Enquanto que no livro físico, mesmo tendo as etiquetas adesivas à mão, várias vezes deixo de marcar trechos de livro que me chamaram a atenção; no Kindle, faço isso o tempo todo. Na hora de escrever as resenhas, citando trechos da obra, é uma mão na roda. Por outro lado, tenho imensa preguiça de fazer anotações, pois utilizar o teclado do Kindle 4 requer uma dose de paciência que muitas vezes não tenho. É muito mais fácil e rápido sacar o celular e fazer a anotação no Evernote (estou devendo um post sobre o uso do Evernote por escritores).

Apesar de tudo, de todas as vantagens do aparelhinho, depois de pouco mais de um ano de uso, mantenho-me firme em minha posição de preferência por livros físicos. Se eu puder escolher entre um e outro, indubitavelmente o escolhido NÃO será o livro digital. Admito, eu sou uma acumuladora de livros em papel. Dizem por aí que o primeiro passo para se solucionar uma compulsão é admiti-la. Pronto! Já o fiz. Mas não procuro – nem quero – a cura. Olhar para meus livros na estante dá uma sensação de perenidade reconfortante. Calorzinho no peito define.

minha estante

Cristine Tellier
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6 Replies to “Kindle — There and back again”

  1. Olá!
    Eu acho que sou um dos poucos “do contra”. Pelo mesmo preço no livro digital e de papel, eu prefiro o digital. Acho muito mais confortável ler no e-reader, principalmente pela iluminação da tela. Em casa não tenho um lugar confortável com boa iluminação, então ler livros em papel eu acho um tormento.

    Também leio um bocado à noite na cama, quando a esposa dorme. Aí, livro de papel seria impossível!

    Sobre “pegar o livro, sentir as páginas, sentir cheiro de livro”, sou um dos poucos amantes de literatura que realmente não liga para isso. Para mim é só papel. Não ligo muito para livro, sou amante das histórias.

    Por fim, sobre projeto gráfico, eu acho que muita editora brasileira (e estrangeira), e estou falando de editoras grandes, fazem o ebook ERRADO. Eu trabalho com produção de ebooks independentes e para uma editora, e estudo isso constantemente. Há como fazer um belo projeto gráfico no digital. Ok, ainda não dá para fazer aquela diagramação toda na página que o papel permite, mas dá para brincar mais que o pessoal imagina.

    Tem muita editora que aplica estilos demais no bloco principal do texto. Se ela não souber muito bem o que está fazendo, isso pode estragar a experiência de leitura no e-reader.

    🙂

    1. Olá Rodrigo
      É sempre bom ouvir opiniões diferentes. Afinal, cada um tem sua percepção e, com o perdão do clichê, gosto é gosto e não se discute.
      Eu sou saudosista, não me furto de dizer. A menos que um cataclisma faça desaparecer todos os livros da Terra, o livro digital nunca substituirá o livro impresso – para mim, que fique bem claro.
      Como afirmei, não nego as vantagens do digital, mas não são fortes o bastante para me fazer “trocar de lado”.
      Quanto ao projeto gráfico, concordo contigo. Sei o quanto é possível fazer usando-se markup language, o vulgo html usado na formatação dos livros. Muitas vezes tem-se a impressão de que a editora – entenda-se o responsável pela produção da versão digital – pegou o arquivo do InDesign e simplesmente converteu para o formato desejado, dando-se ao trabalho de, no máximo, organizar o índice.
      Enfim, cada um no seu quadrado, pois há opções e mercado para todos 🙂

      Abraços e boas leituras!

  2. Olá. Sempre fui bastante avesso à tecnologia. Demorei para aderir à onda dos celulares, lá no final dos anos noventa, e ainda mais dos smartphones. Ganhei um kindle no último mês de junho. Ainda não consegui usá-lo, pois outros livros, em papel, atendem mais meu interesse atualmente. Mas, tenho certeza, a hora chegará. Usarei bastante o kindle, como hoje uso muito o celular, o formato smartphone e já escrevo mais no computador do que no papel. A tecnologia, acredito, é quase inafastável. De qualquer modo, vale a pena lutar contra ela?! Parabéns pelo post. Abraço, Piero.

    1. Olá Piero,

      Obrigada pela leitura e pelo elogio.
      Concordo com você. As tecnologias avançam e, mais cedo ou mais tarde, acabamos cedendo e nos adaptando a elas. Acredito que livros impressos e digitais ainda vão conviver por muito, muito tempo.

      Abraços e boas leituras 🙂

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