Blog literário: resenhas, dicas, devaneios, críticas.
Pietr, o letão – Maigret #1
Pietr, o letão – Maigret #1
Georges Simenon
Romances policiais podem ser divididos, a grosso modo, em três vertentes:
whodunit
É a clássica história de detetive, já que toda a trama gira em torno da investigação sobre “quem fez”.
howdunit
O foco é descobrir “como fez”, o que leva a saber quem fez (é o que se espera). Todas as histórias de crimes impossíveis, em geral os chamados crimes de quarto fechado, estão nessa categoria.
whydunit
Chamado de “psicológico”, é aquele em que interessa entender “por que fez”. A identidade do criminoso é conhecida, mas procuram-se aqui seus motivos.
É nesta última categoria que se encaixam os livros de Simenon, com Maigret como protagonista. E desde este primeiro caso, o leitor percebe que identificar e capturar o culpado apenas fazem parte das atribuições de Maigret como policial, mas o que lhe interessa mesmo, o que ele persegue incansavelmente é entender sua motivação. Sabe-se quase desde o início “quem fez” e “como fez”, sendo a captura do culpado apenas uma questão de tempo e oportunidade.
O plot é simples:
Pietr, o letão é o primeiro romance protagonizado pelo comissário Maigret. Após um corpo ser encontrado no banheiro de um trem, o detetive é levado de bares sombrios a hotéis de luxo enquanto investiga a verdadeira identidade de Pietr, o letão suspeito do crime.
(fonte: goodreads.com)
Neste livro – o primeiro de 75 – assim como Maigret, o leitor é levado a questionar acerca do criminoso. Quem é esse Pietr? De onde veio? O que está tramando? E sem que se perceba, o leitor quase “esquece” o crime ao se concentrar na persona do criminoso. Essa é uma característica essencial das obras de Simenon, que escreve livros policiais em que o foco não é o crime, mas sim as pessoas. Não apenas o criminoso. Mas também o próprio Maigret e os que convivem com ele – sua esposa, seus chefe, seus colegas, seus informantes.
Maigret é descrito como um homem grande, musculoso e muito inteligente, sem nenhum vício ou mania, além de seu cachimbo e de ser extremamente meticuloso em seu trabalho – lógico que, no decorrer das outras dezenas de histórias, o leitor acaba percebendo certos métodos ou atitudes que o caracterizam. Evita comentar com a esposa sobre seu trabalho, apesar de ela nitidamente ser uma presença importante em sua vida. Aliás, sua presença de espírito e seus comentários espirituosos são uma constante nos livros. E todos esses elementos já estão presentes neste primeiro livro.
Apesar de a ação se arrastar um pouco durante o primeiro terço, o texto é fluido, de leitura rápida, não só pela reduzida quantidade de páginas, mas porque uma vez envolvido na história, o leitor dificilmente deixará o livro de lado antes de terminá-lo. Também não há a urgência comum em livros policiais, já que inexiste a necessidade de descobrir quem fez, mas Simenon constrói seus personagens de forma tão eficiente que é difícil o leitor não se interessar por eles e querer saber mais sobre seus destinos – ou sobre seu passado.
O próprio Simenon descreve assim a criação de seu personagem mais famoso:
Georges Simenon“Esta barcaça em que instalei um caixote grande para minha máquina de escrever, um caixote menor para o meu traseiro, iria se tornar o berço de Maigret. Eu iria escrever um romance popular como Les autres? (N.T.: “Os outros”, sem tradução no Brasil.) Uma hora depois, comecei a ver se delinear o corpo vigoroso e impassível de um senhor que, me pareceu, poderia ser um comissário aceitável. Durante o resto do dia, adicionei alguns acessórios: um cachimbo, um chapéu coco, um sobretudo grosso com gola de veludo. E concordei em lhe dar, para seu escritório, um velho aquecedor de ferro.”
(fonte: quarta capa da edição francesa – Livre de Poche)
Cris, você é impressionante, como leitora parece ter lido de tudo hein!
Sempre ouvi isso sobre os livros do Maigret, mas dos 3 que li até agora ainda não consegui sentir isso. Nessa história do ladrão lá no meu vídeo, até que dá pra sentir um pouco pois o Maigret consegue entender suas motivações e tem um jeito meio condescendente.
Pelo seu texto nesse primeiro isso é mais forte até. Estou comprando a série e vou começar a ler na sequencia publicada que é a cronológica, assim vou poder conhece-lo melhor 🙂 E como vc disse, são muito rápidos de ler, o texto é bem enxuto.
Seu blog é muito bem organizado e tem um visual limpo e chamativo. Sem falar no conteúdo, parabéns!
Que isso, Gláucia! Vc me deixa sem jeito com tantos elogios 🙂
Sobre ter lido de tudo, bem, escrevi num post q eu sou leitora compulsiva, daquelas que lê qq texto q aparece à frente dos olhos. Sempre houve muitos livros em casa e ninguém "controlava" minhas leituras, então acabei lendo muita literatura "séria" bem cedo – li e reli "Os miseráveis" aos 12 anos – mas tb li romance de banca de jornal. E só não desgostei de ler com os livros obrigatórios do colégio, pois descobri Jules Verne e Agatha Christie – e depois, todos os seus correlatos. E os do Maigret vieram junto, ao achar em casa vários pocket books duma série francesa de literatura policial. Não é meu detetive predileto – Sherlock e Poirot disputam a liderança – mas consegue me agradar justamente por ser diferente.
Título original: Contact Tradução: Donaldson M. Garschagen Páginas: Jeff Fisher Páginas: 440 Formato: 12.50 X 18.00 cm Peso: 0.368 kg Acabamento: Brochura Lançamento: 10/11/2008 ISBN: 9788535913514 Selo: Companhia de Bolso
Ficha Técnica
Título original: Time out of joint Tradução: Braulio Tavares Páginas: Celso Longo Páginas: 272 Formato: 14.40 X 21.60 cm Peso: 0.435 kg Acabamento: Capa dura Lançamento: 04/06/2018 ISBN: 9788556510662 Selo: Suma (Companhia das Letras)
Ficha técnica
Título original: CAVERNA, A Capa: Hélio de Almeida Páginas: 352 Formato: 14.00 X 21.00 cm Peso: 0.439 kg Acabamento: Brochura Lançamento: 14/11/2000 ISBN: 9788535900736 Selo: Companhia das Letras
Cris, você é impressionante, como leitora parece ter lido de tudo hein!
Sempre ouvi isso sobre os livros do Maigret, mas dos 3 que li até agora ainda não consegui sentir isso. Nessa história do ladrão lá no meu vídeo, até que dá pra sentir um pouco pois o Maigret consegue entender suas motivações e tem um jeito meio condescendente.
Pelo seu texto nesse primeiro isso é mais forte até. Estou comprando a série e vou começar a ler na sequencia publicada que é a cronológica, assim vou poder conhece-lo melhor 🙂 E como vc disse, são muito rápidos de ler, o texto é bem enxuto.
Seu blog é muito bem organizado e tem um visual limpo e chamativo. Sem falar no conteúdo, parabéns!
Que isso, Gláucia! Vc me deixa sem jeito com tantos elogios 🙂
Sobre ter lido de tudo, bem, escrevi num post q eu sou leitora compulsiva, daquelas que lê qq texto q aparece à frente dos olhos. Sempre houve muitos livros em casa e ninguém "controlava" minhas leituras, então acabei lendo muita literatura "séria" bem cedo – li e reli "Os miseráveis" aos 12 anos – mas tb li romance de banca de jornal. E só não desgostei de ler com os livros obrigatórios do colégio, pois descobri Jules Verne e Agatha Christie – e depois, todos os seus correlatos. E os do Maigret vieram junto, ao achar em casa vários pocket books duma série francesa de literatura policial. Não é meu detetive predileto – Sherlock e Poirot disputam a liderança – mas consegue me agradar justamente por ser diferente.
Abraços e boas leituras!
Também são meus preferidos!
Beijos e boas leituras tb!