A realidade oculta – Universos paralelos e as leis profundas do cosmo
Brian Greene
Desde a publicação da Teoria da Relatividade Geral, em 1915, a natureza da realidade – dos seus componentes microscópicos às estrelas e galáxias mais longínquas – tornou-se o principal objeto de investigação da física. A mecânica newtoniana, base do conhecimento até então acumulado sobre o universo, revelou-se subitamente impotente para descrever os fenômenos assinalados pelo gênio de Albert Einstein nas entranhas do espaço e do tempo. Na década seguinte, as bizarras formulações da mecânica quântica ocasionaram outra revolução científica sem precedentes. Brian Greene elucida as hipóteses teóricas e experimentais que, baseadas nessas descobertas pioneiras, apontam para a fascinante possibilidade de existirem múltiplos universos além – até mesmo aquém – desde que habitamos.
(fonte: quarta capa do livro)
Adquiri o livro assim que foi lançado (2012), mas fui lendo-o aos poucos. Afinal, literatura de não ficção – mais específicamente que versa sobre física quântica – não demanda tanta continuidade na leitura quanto um romance ou thriller. Recorria ao livro sempre que sentia necessidade de emergir da ficção e, consequentemente, queimar alguns neurônios na tentativa – quase sempre bem sucedida – de compreender boa parte dos conceitos nele apresentados.
Terminei de lê-lo semana passada e não tinha intenção de escrever a respeito, já que acredito que não seja um livro que desperte assim tanto interesse. Mas uma notícia veiculada há poucos dias fez-me repensar a decisão: a comprovação da existência das ondas gravitacionais. Achei que valeria ao menos uma breve nota.
Brian Green discorre no livro a respeito de nove modelos possíveis de universos múltiplos e quase todos os modelos baseiam-se na premissa da ocorrência do que convencionou-se chamar de “inflação cósmica”. Os instantes seguintes à ocorrência do Big Bang ainda são alvo de polêmica e especulação, já que a teoria do Big Bang deixava três problemas sem explicação: o problema do horizonte, o problema da planaridade e o problema da abundância dos monopólos magnéticos (não vale a pena detalhá-los). E o objetivo dos modelos inflacionários é resolver esses problemas, considerando que nos instantes subsequentes ao seu “nascimento” o universo passou por uma fase de inflação exponencial. E foi nesse momento que foram geradas as ondas gravitacionais.
Ou seja, a existência das ondas gravitacionais corrobora a teoria da Inflação Cósmica, que é a base dos modelos de multiversos. E ao ler a notícia, eu passei a enxergar o livro com outros olhos. Todo o esforço dedicado ao entendimento de conceitos abstratos tornou-se ainda mais valioso ao considerar que alguns desses modelos acabavam de sair do campo teórico para o campo das possibilidades. Aos que se interessarem, segue ao lado uma tabela extraída do livro listando os nove modelos – clique na imagem para ampliar.
Do autor, já havia lido O universo elegante. E tanto em um quanto em outro o texto de Green flui bastante bem, apesar do caráter singular e inóspito do assunto. Obviamente, é necessária muita paciência e calma na leitura. A máxima que afirma que “A pressa é inimiga da perfeição” aplica-se aqui indubitavelmente. Alguns parágrafos demandam minutos de reflexão até o total entendimento. Mas Greene tem a habilidade de utilizar exemplos que facilitam a “visualização” de conceitos abstratos e a substancial quantidade de ilustrações é de grande ajuda.
Enfim, não é uma leitura fácil, mas é recompensadora.
“Nas distâncias enormes de um cosmo infinito, há uma galáxia, que se assemelha exatamente à Via Láctea, que tem um sistema solar igual ao nosso, com um planeta que é a cópia perfeita da Terra, com uma casa que não pode ser distinguida da sua, habitada por alguém que tem a mes aparência que você, que está lendo este livro e imaginando que, agora mesmo, em uma galáxia distante, você chega ao fim desta frase.”
(pag.22)
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Gosto muito do assunto, estava em dúvida se comprava ou não. Thanks.
Olá Ramon,
Que bom que curtiu o post. E tomara que goste da leitura tanto quanto eu gostei.
Abraços e boas leituras 🙂