A síndrome E
Franck Thilliez

Um estranho caso vem atrapalhar as férias de verão de Lucie Henebelle, tenente de polícia em Lille, onde mora com as filhas gêmeas. Um de seus ex-namorados ficou cego depois de assistir a um estranho vídeo.
Simultaneamente, o comissário Franck Sharko, veterano da Divisão de Homicídios e analista comportamental na Divisão de Repressão à Violência, tenta curar uma esquizofrenia crônica. Mesmo assim, a pedido de seu superior e contra a vontade de Eugénie, a garotinha imaginária que o segue desde a morte de sua mulher e de sua filha, Sharko decide acompanhar a investigação de um crime violento. No norte da França, cinco cadáveres não identificados foram encontrados sepultados a dois metros de profundidade. Os corpos foram mutilados e estão em estado avançado de decomposição.
(fonte: www.intrinseca.com.br)

Esse é o ponto de partida deste thriller, não apenas policial, mas psicológico também. Primeiro livro publicado no Brasil, desse autor francês, é também o primeiro de uma série de sucesso tanto na França quanto em outros países.

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À primeira vista, A síndrome E pode parecer apenas mais um na extensa lista de thrillers em que os personagens principais são um homem e uma mulher – ambos com qualidades extraordinárias em suas profissões – que, face a um mistério, unem-se em busca da elucidação. Mas este livro vai além disso. Não se pode negar que a estrutura da narrativa, alternando os pontos de vista, passou a ser ultimamente quase mandatória nas obras candidatas a best-sellers. Contudo, apenas a existência desse recurso não basta para garantir que a obra seja boa o suficiente para ser indicada aos amigos. Thilliez faz uso dele, mas claramente não o faz apenas com o intuito de compelir o leitor a continuar virando as páginas. A alternância dos pontos de vista – ora Henebelle, ora Sharko – balanceia a narrativa, dá oportunidade ao leitor de respirar um pouco entre um conflito e outro.

Além disso, os capítulos curtos – marca registrada da maioria dos thrillers – não são uma constante. O diferencial de Thilliez é não apenas focar-se em conduzir o leitor de um momento de tensão a outro, mas também em desenvolver os personagens. E esse é o grande diferencial do livro. O leitor vai descobrindo facetas dos personagens pouco a pouco, à medida que a ação vai se desenrolando. O passado de cada um deles e, consequentemente, suas motivações vão sendo desveladas sem pressa. E quando percebe, o leitor já está envolvido em suas estórias a tal ponto que sente-se compelido a continuar lendo simplesmente por se interessar pelo futuro dessas pessoas que ele passou a conhecer e com as quais passou a se importar.

Admito ser um pouco tendenciosa ao analisar a trama, já que os assuntos abordados – cinema e neurologia – são de meu interesse. Imaginem ter feito há pouco tempo um curso em que se discorreu sobre as infinitas possibilidades de gerar emoções no expectador a partir da manipulação das imagens filmadas e dar de cara com uma estória em que o ponto de partida depende desse conhecimento? Bem, e neurologia é algo sempre fascinante. Pensar que tudo não passa de uma sequência de impulsos elétricos e interações químicas é quase algo além da imaginação.

a síndrome e - autor
Franck Thilliez
Apesar disso, tenho minhas ressalvas quanto à trama. A complexidade excessiva – sim, sim, é quase uma redundância – em certos momentos dificulta a imersão na estória. Não a complexidade de entender as explicações científicas ou técnicas, mas sim a complexidade de trama. Há elementos demais. Além dos já citados, há conspiração da CIA, projetos secretos, crise econômica no Canadá, alucinações coletivas, corrupção na Legião Estrangeira, experimentos com drogas. E, no meu entender, isso compromete a fluidez. Talvez se fosse mais simples – não simplista – seria mais fácil “comprar” a estória. Mesmo assim, a trama é bastante envolvente. Instiga várias questões enquanto a leitura prossegue. A maioria delas quanto à veracidade dos fatos utilizados para corroborar a estória. E impressiona saber que os dados históricos são reais, principalmente os relacionados às consequências da crise no Canadá.

Sobre a edição em si, apenas elogios. Há alguns poucos erros de revisão, que praticamente passam despercebidos. A papel utilizado – Pólen, lógico – é um dos meus prediletos, tanto pela textura, quanto pela cor e, por que não dizer, pelo cheiro. Foi impresso numa fonte confortável para leitura. A capa tem o diferencial de ter o título em vermelho metálico. Enfim, tudo de bom.

A editora já tem o segundo livro da série engatilhado, Gataca. Se não me engano, o lançamento é neste mês de agosto. Ainda bem, pois o autor (fdp!!!) deixou um cliffhanger daqueles de roer as unhas ”até o sabugo”.

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Cristine Tellier
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