A proposta primordial do Cafeína Literária é fomentar e enaltecer a literatura. O que inclui também trazer o máximo possível de dicas e material para novos escritores. Pensando nisso, tivemos a ideia de realizar algumas entrevistas com novos autores (alguns nem tão novos assim), para que nos contem sobre suas experiências e suas motivações.

Com este intuito, procurei a jovem autora Tatiana Ruiz para uma entrevista. Saiba um pouco mais sobre ela:

tati_ruizTatiana Ruiz é cidadã espanhola nascida no Brasil. Membro do Conselho Steampunk, capista e atriz, descobriu na escrita o prazer da vida. Possui várias poesias no web jornal Recital Rotativo e contos em antologias como Insanas… Elas Matam!, Steampink, Angelus, Piratas – Os Senhores das Aguas Sombrias, À Beira da Loucura, SOS – A Maldição do Titanic e Eu Acredito – Fadas e Duendes. Também é organizadora das antologias Steampink, Erótica Steampunk: Por Trás da Cortina de Vapor e co-organizadora de Deus Ex Machina: Anjos e Demônios na era do Vapor e SOS – A Maldição do Titanic. Atualmente trabalha em seu primeiro livro solo.

Cafeína: Você tem 24 anos e já tem um belo curriculum, com quase 10 publicações entre participações e organizações de antologias. Começou cedo, não? Como você se descobriu autora?

Tatiana Ruiz: Eu sempre criei histórias, desde antes de aprender a ler ou escrever… Sempre tive muita imaginação e gostava de bons livros. Aos 8 escrevia peças pra escola, alguns poeminhas, mas nada profissional. Com 15, comecei a escrever poemas mais a sério e enviei para um jornal web, onde fui publicada pela primeira vez. Enviava sempre algo para eles, cheguei a ser escolhida por votação para participar de uma edição especial, mas ainda nada profissional, apenas para amantes da poesia obscura, que recebiam os boletins por email. InsanasAos 20, me falaram de uma antologia que abriria inscrições, para onde poderia enviar meus poemas. Mesmo um pouco indecisa e insegura eu mandei, mas não fui aceita. Poucos meses depois soube de outra antologia, dessa vez de contos e depois da insistência de amigos resolvi tentar. Escrevi meu primeiro conto, “A Última Oração”, que foi selecionado e faz parte do livro “Insanas… Elas Matam!” e desde então não parei mais. risos…

Cafeína: Você escreve de forma recorrente sobre realidade fantástica e terror. É o único mote sobre o qual escreve ou você tem interesse por outros segmentos?

Tatiana Ruiz: Não é o único, estou escrevendo um livro que não contém elementos fantásticos e o único terror é o da vida real, mas esse caminho da literatura é meu preferido. risos… Gosto de brincar com os horrores que a mente é capaz de produzir. Já tentei me aventurar em romances fofinhos, mas não acredito que seja muito a minha cara! risos…

Cafeína: Você tem certa experiência na área de teatro. De que forma esse conhecimento de atuação influencia na composição de seu trabalho textual?

Tatiana Ruiz: A meu ver me ajudou a trabalhar mais com os personagens. AnjosUma coisa que aprendi como atriz é que mesmo que jamais seja explicado na história, o ator/autor tem de conhecer a história inteira do personagem. Tudo mesmo! Isso influencia muito. Duas pessoas podem estar fazendo exatamente a mesma coisa, mas cada um fará do seu jeito, pois cada um tem uma bagagem de vida específica que influencia em quem ele é. Eu busco levar isso ao máximo para o que escrevo pois, mesmo que não tenha espaço pra contar toda a vida de um personagem, acredito que ele vai ficar mais vivo se eu tiver isso em mente ao descrever suas ações. Como leitora gosto de personagens que poderiam saltar do papel e sair vivendo e é o que procuro criar como escritora.

Cafeína: Você tem um “método” de criação? Monta uma “ficha” para seus personagens ao estilo RPG ou algo do tipo?

Tatiana Ruiz: Não…Eu normalmente apenas sei como quero que se pareçam, como devem agir seguindo algumas ideias que surgem. Só passo para o papel alguns detalhes a respeito de um personagem quando sei que ele vai acabar indo para alguma outra história, daí é só para não perder esses detalhes, mas em geral fica tudo na minha mente.

Cafeína: Atualmente você está residindo na Espanha. Teve algum contato com escritores espanhóis ou mesmo com o mercado editorial espanhol?

Steampink Tatiana Ruiz: Pouco, mas sim. Fui a alguns encontros literários e cheguei a fazer duas palestras em um círculo para novos autores, organizado por uma editora local.

Cafeína: Como foi essa troca de experiências? É muito diferente a abordagem ou contato dos espanhóis com a literatura?

Tatiana Ruiz: Aqui se lê muito mais, isso é um fato triste a meu ver. Não por eles lerem mais, mas pelo brasileiro ler menos… O artista nacional é muito mais valorizado aqui, existe um orgulho maior.

Cafeína: Seu trabalho foi, até então, voltado para os contos. Sobre o novo trabalho que está desenvolvendo, sendo um romance, como tem lidado com as diferenças de estrutura de um outro gênero?

Tatiana Ruiz: Eu tento manter a calma e deixar as palavras fluírem, aproveitar que tenho bastante espaço para isso. risos… Como trabalhei muito com contos, na maioria curtos, eu tenho um pequeno problema para explicar as coisas mais amplamente, afinal estou acostumada a ter que compactar as informações o máximo possível sem deixar pontas soltas. Pode parecer mais fácil escrever sem esse limite, mas não é. Está sendo um desafio pra mim… O maior conto que já tinha escrito não passa das 24 páginas, mas acredito que estou me dando bem. risos… É bom poder tirar a corrente do pescoço da imaginação e deixar ela correr livre pela praia.

Cafeína: Pode contar um pouco do que se trata?

Loucura Tatiana Ruiz: Helen é uma garota que tinha tudo. Uma família amorosa, digna de comercial de margarina, amigos, estudava numa boa escola e tinha um futuro brilhante planejado como médica, que era o sonho dela desde sempre. Mas na vida real as coisas não são perfeitas, e ela percebeu isso quando o pai foi preso, acusado de pedofilia. É nesse cenário que ela realmente descobre quem são os amigos, quem ela mesma é e o que gosta de fazer… Quando se está no fundo do poço o unico lugar que dá pra ir é pra cima, e é o que pretendo mostrar com essa história. Que não importa o que aconteça, se você olhar pra si mesmo, tudo pode ser superado.

Cafeína: Para finalizar, diga para nós o que anda lendo ultimamente.

Tatiana Ruiz: Como estou trabalhando bastante – com dois projetos de livro solo e mais a organização de uma antologia – estou com pouco tempo pra ler, o que é uma pena. Mas quando quero dar uma relaxada eu pego meus livros do King ou da Anne Rice. Recentemente li um livro da Mariana Mello Sgambato – autora brasileira, muito bacana – que me faz cócegas na mente até agora. O livro é um Young Adult e ainda não foi lançado, será em breve. É uma história linda e emocionante… Além, claro, do blog Um Ano de Medo, onde tem uma galera muito bacana escrevendo terror. São contos curtos, então dá pra ler tranquilo.

Tatiana, agradecemos profundamente sua participação no blog. Ficaremos esperando ansiosos seus próximos trabalhos!

Para entrar em contato com a autora:
Twitter: @LadyBigby
e-Mail: taty.ruiz@gmail.com
Blog: Lady Bigby

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5 Replies to “Um Cafezinho com Tatiana Ruiz”

  1. Adorei a entrevista! Já tive o privilégio de ler o conto da Tati em Insanas e também alguns contos dela no projeto Um Ano de Medo e ela, além de uma pessoa sensacional, é uma escritora talentosa que com certeza encontrará ainda mais sucesso na carreira.
    É muito triste essa disparidade do Brasil com outros países, sendo que por aqui se lê pouco. E me deixou com o coração apertado saber que na Espanha há muito mais orgulho pelo trabalho nacional… aqui no Brasil encontramos muita gente – até mesmo blogueiros renomados – fazendo pouco caso da nossa literatura e dos nossos autores. É muito triste.

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