o livro do amanhã

livros antigos - uma questão sobre parceriasÉ sabido que alguns blogs literários começam apenas e tão somente com o intuito – ou ilusão – de fazer parcerias com editoras e ganhar muitos e muitos livros para ler e resenhar. É sabido também que blogs iniciados com essa intenção cedo ou tarde – mais cedo do que tarde – são descontinuados e caem no esquecimento. Pode parecer óbvio, mas quem se dispõe a iniciar e manter um blog literário precisa ter, no mínimo, duas características: amor pela leitura e vontade de conversar sobre livros. O restante vem como consequência. Se o blogueiro se dedicar a fazer o que gosta – ler e falar sobre livros – mesmo que não haja retorno financeiro ele estará satisfeito por fazer o que gosta. Seria hipócrita de minha parte falar que ao iniciarmos o blog não pensamos num possível retorno. Mas isso não foi nossa principal motivação. Ler, escrever sobre livros e, se possível, ser lidos já é uma conquista. Literalmente, o que vier além disso é lucro. Parcerias com editoras, inclusive.

O que me leva a uma questão sobre parcerias e ao gatilho que inspirou este post. Sou uma leitora voraz. Não apenas de livros. Leio o que quer que me caia em mãos ou à frente dos olhos e, por conseguinte, acompanho inúmeros blogs literários também. E ontem, qual não foi minha surpresa ao, percorrer minha lista no leitor de feeds, ver posts com títulos idênticos em dois blogs distintos – “Não leia este artigo. Deixe de ser curioso!”. o livro do amanhã - parceriasMovida pela curiosidade causada pela coincidência, não pelo título sugestivo, abri os respectivos e a surpresa foi ainda maior: o texto do post também era idêntico! Supus que, sendo um texto divulgando o lançamento de um livro (imagem ao lado), a editora parceira o tenha enviado pronto, solicitando a publicação pelo blogueiro. Até aí, ok. Faz todo o sentido. Contudo, meu estranhamento é que não havia, nem num blog nem no outro – não irei citar nomes – qualquer indicação de que o texto não havia sido elaborado pelo(a) blogueiro(a). O post estava ali, publicado como se fosse da autoria do “dono” do blog. Aliás, em um deles, era evidente que o texto não lhe “pertencia”, já que o estilo de escrita era totalmente diverso do tom adotado no restante dos posts.

Por si só o fato já me deixou indignada, uma vez que tomamos, o Douglas e eu, o máximo de cuidado incluindo os devidos créditos ao citar ou incluir referências em nossos textos. Mas não foi apenas isso. Num segundo momento, minha verve investigativa foi ativada, copiei a primeira frase do texto e joguei no Google. Não foi surpresa alguma encontrar tantos resultados, afinal todos os blogs parceiros devem ter publicado o texto de divulgação. Estando com tempo sobrando, fui clicando em cada um dos resultados para verificar se algum blogueiro(a) declarava – nem que fosse numa notinha de rodapé em letras miúdas – que aquele texto não era de sua autoria. Bem, minha paciência se esgotou ao final de segunda página de resultados. E, pasmem, apenas DOIS davam os devidos créditos. Apenas dois indicavam que o texto havia sido elaborado pela editora. Dois blogs que, aí sim, merecem ser citados: ScrapBi e Brincando com Livros. O mais surpreendente foi que em um dos outros blogs acessados havia um banner conclamando “Diga não ao plágio!”, complementando que tudo ali postado era de autoria de fulano de tal. Como assim?!

escreverNão recrimino a publicação ipsis litteris do texto, afinal acredito que seja um dos “deveres” do blog parceiro publicá-lo. O que acho absurdo é que blogueiros reclamem tanto e façam tanto mimimi a respeito de plágio e reprodução indevida de textos mas disponibilizem no blog um texto como se fosse de cunho próprio enquanto na verdade o receberam pronto para postar. Assumir como seu algo enviado pela editora pode, mas ter seu post reproduzido sem créditos não pode? Que lógica tortuosa é essa?

Cristine Tellier
Últimos posts por Cristine Tellier (exibir todos)
Send to Kindle

2 Replies to “Uma questão sobre parcerias”

    1. Olá Patricia,
      Que bom que essa percepção não é somente minha. Mas é ruim que o descrito no post ocorra com tanta frequência.
      Eu que agradeço a leitura e a divulgação 🙂

      Abraços e boas leituras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *