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« resenha publicada originalmente no Vortex Cultural, em 29/01/2018 »

Moriarty
Anthony Horowitz

“Dias após Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty encontrarem seu fim nas cataratas de Reichenbach, Federick Chase, um detetive da Agência Pinkerton, chega à Europa vindo de Nova York. A morte do professor Moriarty deixou um vazio no poder que logo foi preenchido por um novo gênio do crime, que ascendeu para tomar o lugar do rival de Holmes. Auxiliado pelo inspetor da Scotland Yard Athelney Jones, um devoto estudioso dos métodos de investigação e de dedução de Holmes, Frederick Chase precisa trilhar um caminho através dos cantos mais escuros da capital inglesa para lançar uma luz sobre essa figura sombria, um homem temido, mas raramente visto, determinado a dominar Londres em uma onda de ameaças e assassinatos.”
(fonte: http://www.record.com.br)

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Todo grande herói precisa de um antagonista à sua altura. O que seria de Sherlock Holmes sem Moriarty? Lógico que continuaria sendo um grande investigador, mas sua genialidade fica ainda mais em evidência ao enfrentar seu arqui-inimigo. O ápice desse embate, narrado em O problema final, ocorre nas Cataratas de Reichenbach, onde supostamente Holmes morre – mas ressurge em Londres 3 anos mais tarde, em A volta de Sherlock Holmes. E é a partir da morte de Moriarty e Holmes que Horowitz constroi sua história.

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Por Sidney Paget (1860-1908) – The Strand Magazine, Domínio público.

Livros desse gênero, em geral, são escritos em terceira pessoa, principalmente pela possibilidade de oferecer ao leitor vários pontos de vista durante a história. Diferente da maioria, este é narrado em primeira pessoa por Chase. O leitor fica restrito a seu ponto de vista, mas o autor consegue contornar bem essa restrição, sem deixar a leitura cansativa. E, certamente o plot twist final não seria possível caso a narrativa fosse em terceira pessoa. Felizmente, essa reviravolta não fica parecendo um deus ex machina, já que as pistas estão espalhadas pela narrativa, bastando apenas ser um leitor mais atento e inquisitivo para desconfiar do que está por vir.

Os personagens centrais são uma versão simplificada de Holmes e Watson. Athelney Jones, investigador da Scotland Yard, é obcecado por Holmes e suas técnicas investigativas, tentando copiá-las a todo custo. Não é um personagem de todo desconhecido do público leitor de Conan Doyle. Horowitz pegou o personagem “emprestado” do livro O Signo dos Quatro (1890), a segunda aventura de Holmes. E Chase é seu sidekick, seu Watson, é a “orelha” da história, fazendo a Jones as perguntas que o leitor faria.

A ideia é ler sem expectativas, ou melhor, sem esperar que a aventura seja mais um Conan Doyle. Caso o leitor compre a ideia de que a intenção do autor foi criar uma história de detetive ambientada no universo de Sherlock, com personagens que emulassem a famosa dupla da Baker Street, sem maiores pretensões, consegue ser um bom entretenimento para os que curtem literatura de mistério. A obra tem os mesmos “defeitos” das histórias de Holmes – pistas que aparentemente brotam do nada, deduções mágicas de Jones/Holmes – o que talvez irrite alguns leitores. Contudo, se o intuito era homenagear, o objetivo se cumpriu.


anthony-horowitz
(fonte: dailymail.co.uk)
Sobre o autor:
Anthony Horowitz é uma espécie de especialista em ícones da cultura pop.
Escreveu alguns episódios da série de TV Agatha Christie’s Poirot, do canal britânico ITV.
Também é autor de duas franquias YA – Alex Rider e O Poder dos Cinco.

 
 


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Cristine Tellier
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