sosia

Sósia
Renan Cardozo

Sósia é um suspense psicológico, inspirado pelos clássicos lovecraftianos, como O Caso de Charles Dexter Ward, que pretende questionar os laços com nossa própria identidade.

A história começa com um conjunto de relatos, do médico Johnas Spirandelle, enquanto ele e seu amigo, o oficial Ten.Carvalho, tentam descobrir que bizarra relação ocorre entre, uma série de assassinatos e a histeria religiosa causada por uma misteriosa ressurreição.

O romance discute o tema da “Sombra”, desenvolvido pelo psicólogo Carl Jung, sobre a natureza selvagem do ser humano. A arte da capa, criada pelo artista Walter Pax (autor das ilustrações da edição brasileira de O Chamado de Cthulhu) descrevem esse conflito.
(fonte: https://www.catarse.me/sosia)

sosia

“Pessoas vão fazer qualquer coisa, não importa o quão absurdo, para evitar encarar suas próprias sombras.”

– Carl Jung

A epígrafe já dá ideia do que está por vir. E, para satisfação do leitor, cria uma expectativa que se cumpre ao final do livro. Para os leitores de Lovecraft, há na leitura certa familiaridade. Não exatamente um déjà-vu, mas a percepção de que o autor não só bebeu dessa fonte como se banhou nela. A tensão crescente, as incertezas tanto dos personagens quanto do leitor, a exploração da psique humana e, lógico, a linha tênue separando o real e o fantástico.

A história é narrada em primeira pessoa, através de cartas e entradas num diário. Dois coisas decorrem disso: já que o leitor tem acesso apenas à visão do narrador, ao que ele presencia e às suas interpretações sobre os acontecimentos, não há como assumir que o que é narrado é o que realmente aconteceu. O que está descrito é a verdade do narrador e, não necessariamente, a realidade dos eventos. Por si só, essa estratégia narrativa cria no leitor uma certa desconfiança, uma incerteza que o deixa intrigado e, consequentemente, curioso sobre a evolução da história. Além disso, a paranoia que acomete os personagens faz com que sua forma de escrita se altere. E, em certo momento, nem mesmo o leitor consegue diferenciar o “original” de seu sósia.

O vocabulário, se comparado aos dias de hoje, é um tanto rebuscado. No entanto, encaixa-se perfeitamente ao universo da história. Pois, uma vez que a trama se passa numa época em que a comunicação à distância ocorria por meio de cartas, em que o resultado de um exame de sangue demorava cerca de um mês para ser entregue, é aceitável e quase indispensável que a linguagem se adeque e, assim, sirva ao conteúdo da narrativa. Mas apesar da linguagem, por assim dizer, mais “difícil”, o texto tem fluidez e consegue manter a atenção do leitor.

“A lei dos homens veio tarde para me importunar, já que as senhoras do bairro, sabendo de meu envolvimento, decidiram que todas deviam checar a catarata, simultaneamente, fazendo com que minha agenda lotasse por quase dois meses inteiros com exames de rotina e fofocas no chá. Penso que se aqueles agentes realmente se interessavam em me tornar inapto à prática, essa seria a única boa notícia que viria de todo o problema. Fora uma experiência tão surreal ver todo o borbulho convergindo em um único mistério. Por um pequeno intervalo no tempo, Veneza se tornou algo além de vinhedos e terços rezados. Isso é, até que todos se cansaram da história. Como tudo na vida, o passar do tempo desacelerou aquele momento de estase de infinitas possibilidades. A agitação parecia, vagarosamente, declinar ao marasmo da mesmice onde, até um garoto ressuscitado, tornou-se a nova rotina. E eu, mais uma vez, pude brevemente descansar destes infortúnios sociais e, ao mesmo tempo, reclamar do tédio.”
(Kindle Locations 262-267)

O livro estava no Catarse para arrecadar fundos a fim de arcar com os custos de diagramação, edição e publicação. A meta já foi atingida e o livro está em produção.
Para saber mais:
No Catarse → https://www.catarse.me/sosia
No Facebook → https://www.facebook.com/sosialivro/


Sobre o autor
renan-cardozoRenan Cardozo é escritor, crítico e cientista.
Sósia é seu segundo livro publicado, seu primeiro sendo Mboi Tu’i e outros contos, um livro dedicado ao terror cósmico lovecraftiano, utilizando do folclore regional Catarinense.
Natural de Nova Veneza, começou sua carreira literária como comentarista e crítico na revista Café com Games, apresentador do podcast literário Resenhando. Usa das próprias experiências com a cultura colonial italiana e ansiedade para confeccionar obras que representem a ansiedade e medo da condição humana.


Cristine Tellier
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