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As invernas
Cristina Sánchez-Andrade

Dolores e Saladina, irmãs apelidadas “As Invernas”, voltam à sua aldeia galega depois de um penoso exílio na Inglaterra, trazendo consigo lembranças que todos ali queriam esquecer. Uma linda, outra feia e desdentada, vivem uma relação típica de irmãs. De seu cotidiano comum, entremeado de flashbacks, vai se descobrindo os segredos macabros e grotescos que permeiam Tierra de Chá.
É do paradoxo do estranho e cotidiano, do cômico e dramático e do terno e perverso que se descobre a riqueza deste romance, seguindo pegadas de narradores cuja obra nunca acabamos de decifrar, porque, ao revelar um sentido, abre outros, e sobretudo abre a vida, sempre vertiginosa e desproporcionada.
(fonte: http://tordesilhaslivros.com.br/)

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Este é um daqueles livro que se vai lendo sem muita certeza de estar gostando (ou não). A narrativa envolve de tal forma que, mesmo nessa incerteza, o leitor persiste na leitura. A prosa poética da autora é certamente um dos fatores responsáveis pela imersão do leitor no universo da história.

A história tem um quê de realismo fantástico bastante familiar aos leitores de autores latino-americanos como Vargas Llosa e Garcìa Marquez. O segredo das irmãs é um tanto surreal, mas assim como todo o resto em Terra Chã, fica numa fronteira invisível entre as memórias e os fatos, o real e o fantástico, a verdade e a mentira.

Julho se eterniza com a unidade pegajosa de Terra Chã, os morcegos voavam baixo, bêbados de calor e de luxúria, as eiras amarelavam e as cigarras cantavam; as moscas procuravam abrigo nas casas, e os insetos grudavam na pele das pessoas.
A vaca Greta mugiu às cinco da manhã.
Saladina abriu um olho, tirou o braço de baixo dos lenções e, movida pelo costume adquirido ao longo de muitos anos, apalpou a mesinha de cabeceira à procura da dentadura. Em seguida disse a si mesmo: “Que boba, mas se já estou com ela!”
(p.151)

Outra característica importante é que o texto é bastante “sensorial”, falando de cheiros, sabores, sensações táteis. O leitor muitas vezes se pega sentindo o cheiro do curral de Greta ou o sabor dos figos que Dolores come o tempo todo.

Os capítulos curtos engajam o leitor a prosseguir. Porém muitas vezes essa estrutura atrapalha a fluidez, pois os capítulos acabam parecendo um apanhado de histórias independentes reunidas a esmo no livro.

A leitura é agradável, mas o leitor não deve esperar grandes emoções e clímaces, apesar de alguns personagens terem algumas atitudes tão grotescas quanto violentas. É uma narrativa que reflete o cotidiano bucólico da cidade em que se passa.

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Cristine Tellier
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