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Uma princesa de Marte
Edgar Rice Burroughs

Há tempos este livro está na fila de leitura. Se não me engano, estava na minha meta de leitura de 2013 (shame on me!). Não assisti ao filme de 2012 baseado na obra, John Carter e todos os comentários que li/ouvi afirmavam que era bem meia boca. Eis que há alguns dias a Netflix disponibilizou-o no catálogo. E resolvi assistir para confirmar (ou não) os comentários. Assisti a meia hora de filme e desisti. Desliguei a tv e fui ler o livro, afinal a vida é curta demais para perder tempo com filme ruim 😛

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O livro conta a história de John Carter, um ex-combatente do exército confederado, que tenta recomeçar a vida após perder tudo o que possuía com o fim da Guerra Civil Americana. Mas, nem em seus maiores sonhos o capitão imaginaria ir parar em outro mundo: Marte. O planeta, mesmo com sua aparência inóspita, possui diversas formas de vida, inclusive, seres inteligentes e desenvolvidos que vivem em sociedade. Porém, assim como na Terra, diferentes povos estão constantemente em guerra uns contra os outros e John Carter se vê no meio dessa batalha.
Perdido em um ambiente hostil e cercado por seres estranhos e aguerridos, Carter vai aos poucos conquistando a confiança dos nativos e conhece Dejah Thoris, a princesa de uma grande nação local, por quem se apaixona, e luta para libertá-la de seus inimigos.
(fonte: http://www.editoraaleph.com.br/)

Mais conhecido pelo seu personagem mais famoso – Tarzan – em 1912, Burroughs iniciou a publicação de uma série de contos que posteriormente seria transformada numa coleção de 11 livros, de que este é o primeiro volume. Burroughs publicava as histórias sob o pseudônimo de Norman Bean, pois temia sujar sua reputação contando aventuras sobre marcianos e viagens espaciais. Apenas os três primeiros da série tem como protagonista o capitão John Carter.

O autor faz uso de um artifício bastante comum pra contar a história. Ele mesmo é um personagem, que recebe uma herança de um tio e, junto com o testamento, lhe é entregue um manuscrito. Nele, o tio, John Carter, contava suas aventuras em Marte. Sendo assim, o livro é narrado em primeira pessoa, o que dá ao leitor apenas a visão de Carter sobre todos os eventos.

“Não sei por que eu deveria temer a morte. Eu, que morri duas vezes e continuo vivo. Mas continuo tendo o mesmo medo de alguém que, como você, nunca morreu antes. E é por causa desse terror pela morte que, acredito, continuo tão convencido de minha mortalidade.
Por causa dessa convicção, decidi escrever a história dos períodos interessante da minha vida e morte. Não posso explicar tal fenômeno, mas apenas registrar aqui, com as palavras de um simples soldado, a crônica dos estranho eventos que se abateram sobre mim durante os dez anos em que meu cadáver descansou em segredo em uma caverna do Arizona.”
(p.14)

Edgar Rice Burroughs
Edgar Rice Burroughs
É possível afirmar que Burroughs é tipo um Jules Verne, mas sem se importar muito com a acuidade científica. Sua narrativa é muito mais focada na aventura do que na ciência, por essa razão alguns não classificam seus livros como ficção científica. É uma obra com alto teor imaginativo. Basta ver que a aventura se inicia quando o protagonista é transportado para Marte, assim, sem mais nem menos, numa cena do tipo “mentaliza e vai!”. Não se pode analisá-la, principalmente quanto ao aspecto sci-fi, pensando-se na ficção científica mais recente, que é muito mais “tecnológica” do que fantasiosa. Mas nem por isso, o autor despreza alguns fatos científicos decorrentes da presença de um humano em Marte. Acostumado à gravidade da Terra, cerca de 3 vezes maior que a de Marte, Carter de certa forma ganha superpoderes. Com seus músculos habituados a funcionar em uma gravidade maior, ele acaba se tornando mais leve, mais forte e mais veloz, o que lhe angaria a admiração dos marcianos.

Burroughs usa e abusa da criatividade ao descrever a fauna e flora que existem em Marte, diferente do conceito atual de que o planeta é apenas um imenso deserto – basta lembrar de Perdido em Marte, de Andy Weir (leia a resenha). A riqueza de detalhes dá ao leitor a impressão de que aqueles seres, independente de sua viabilidade biológica, poderiam, sim, existir no planeta (vale destacar que um dos poucos pontos positivos do filme foi a fidelidada às descrições do autor). Além disso, Burroughs dá bastante atenção às civilizações que habitam o planeta, seus costumes, sua organização social, hierárquica e bélica.

Por ter sido produzido em fáscículos, todos os capítulos têm algo que desenvolve a trama e, lógico, uma boa dose de ação. E é com esse olhar que o leitor atual deve se aproximar do texto. A leveza e, talvez, a extrema simplicidade da trama podem parecer pouco atraentes hoje em dia. Mas vale lembrar que são características inerentes ao formato como o livro foi produzido e publicado em sua época.

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Cristine Tellier
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