O cliente
John Grisham
»» resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 01/04/2014 ««
Um garoto de 11 anos, Mark Sway, vai para o bosque próximo ao trailer onde mora, para fumar escondido, com o irmão mais novo, Ricky. Estão no lugar errado, na hora errada, e acabam presenciando algo que não deveriam: o suicídio de um homem. O suicida, um advogado de New Orleans, Jerome Clifford, conta a Mark detalhes sobre o caso em que estava trabalhando. Pressionado tanto pelo FBI quanto pela Máfia, contrata uma advogada cinquentona, Reggie Love, para ajudá-lo a se esquivar da obrigatoriedade de contar o que viu e conseguir proteger sua família.
Muito antes de Dan Brown, John Grisham já conquistava os leitores com thrillers instigantes, praticamente impossíveis de largar antes de chegar ao final. Pode-se dizer que Grisham é especialista em thrillers jurídicos. Não de tribunal, já que apenas ocasionalmente aborda julgamentos. O que ele explora com desenvoltura são os meandros da lei e a atuação dos advogados. Formado em Direito e especializado em defesa criminal e processos por danos físicos, em seus livros consegue mesclar ao suspense uma boa dose de críticas ao sistema judiciário e às grandes “firmas” de advocacia.
E este livro não é diferente. E talvez por ter um protagonista de apenas 11 anos, a tensão é amplificada. Apesar de em alguns trechos, Mark não agir, ou pensar, exatamente como uma criança de sua idade, é sua fragilidade, o fato de estar indefeso frente a adultos manipuladores, que faz o leitor se importar ainda mais com o personagem. Porém, o dramalhão passa longe, não há exagero nas tintas pelo fato de Mark estar sozinho – enquanto a mãe está no hospital acompanhando o irmão mais novo.
Mark e Reggie são responsáveis pelas respostas mais sarcásticas e divertidas de todo o livro. E esse contraponto é essencial para manter o equilíbrio entre o drama do garoto e o suspense gerado pelas ações de seus perseguidores. Não é de roer as unhas, mas consegue manter um bom ritmo.
Assim como outros livros do autor, teve uma adaptação cinematográfica lançada em 1994. Com roteiro de Akiva Goldsman e dirigido por Joel Schumacher, tem Brad Renfro no papel de Mark Sway e Susan Sarandon como Reggie Love. Bastante fiel ao livro, peca apenas ao não conseguir transpôr o suspense e a tensão do livro para o filme.
[cotacao coffee=macchiato]
[compre link=”http://migre.me/iBxx0″]
- Tony & Susan, de Austin Wright - 18 de fevereiro de 2022
- Só para loucos - 31 de janeiro de 2022
- Retrospectiva 2021 - 3 de janeiro de 2022