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»» versão do artigo “Five things I learned about my writing career while running a half marathon”, escrito por Tee Morris, publicado em 20/10/2016 no Terribleminds ««

Se você me segue no Facebook, Twitter ou Instagram, sabe que sou um pouco corredor. Fui por um longo tempo. Fiquei correndo 5km aqui e ali, mas queria ir atrás de um objetivo. Aceitei que uma maratona não era para mim. Eu nunca teria tanto tempo para treinar. Não trabalhando como escritor. Mas uma meia maratona? Sim, parecia certo. Algo para que eu poderia treinar.

Sobre meias maratonas, é o seguinte – algo que aprendi por volta da 4ª milha: Você vai correr. Muito. Pelo mesmo tempo que dura um blockbuster de verão. Então, com muito tempo e muito ainda a correr, fiquei focado em tentar encontrar um ritmo em que eu não ficaria preocupado com a quilometragem…

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Woodrow Wilson Bridge Half-Marathon

… e você não saberia, mas durante os 21 quilômetros da Meia Maratona de Woodrow Wilson Bridge, encontrei algumas conexões entre essa meia e minha carreira como escritor.

Não se importe com os outros. É a sua carreira. Não a deles.

No primeiro punhado de milhas, todos nós estávamos correndo pela esquerda. Eu não tinha certeza do motivo até que vi, logo depois da 4ª milha, um carro de polícia vindo no sentido oposto. Ouvi um corredor atrás de mim dizer: “Aí vem o líder”. O pace car passou por nós e, lógo depois, estava um rapaz mantendo com facilidade o ritmo de 8min./milha, sem dar sinais de cansaço. Mesma coisa com o corredor alguns metros atrás dele e com uma dupla de corredores a cerca de um quarto de milha atrás. Fui um dos corredores que os aplaudiu antes de voltar à minha própria corrida, vendo alguns castigando o asfalto enquanto outros precisavam dar uma caminhada. Aqueles caras na liderança? Aqueles são seus Neil Gaimans, seus Chuck Wendigs, suas Elizabeth Bears e suas Delilah S. Dawsons. Eles estão definindo o ritmo para o resto de nós, mas isso não significa que nos comparemos a eles. Você não diz “Devo ser uma droga como escritor já que não estou lá”. Os marcadores de ritmo nunca começam no início do pelotão. Eles treinam para isso em cada livro. Eles atingem metas pessoais em dias ensolarados. Eles trabalham duro até o pior final. Eles focam na história à sua frente, não nas histórias e nos contadores de histórias ao seu redor. Como Chuck diria, você faz você.

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Defina um ritmo. Fique com ele.

Essa prova foi a primeira que eu correria uma distância de dois dígitos. O regulamento da prova dizia “Você se compromete a terminar a prova em um tempo menor que 15min/milha”. Achei que manter um ritmo de 10min/milha seria difícil. Eu poderia facilmente aumentar o ritmo, lógico, mas eu estava apenas na milha 5. Faltavam 8. Não, eu queria terminar essa prova forte, sem tropeçar na linha de chegada. Isso soa familiar? Pois deveria. Você quer finalizar aquele livro, mas se você tenta e despeja um monte de palavras pode acabar lutando só para digitar “Era uma noite escura e chuvosa…” no dia seguinte. O mesmo vale para a promessa “Vou escrever 2000 palavras esta noite…” e em seguida ter um daqueles bloqueios criativos em que você consegue atingir apenas 500 palavras no fim do dia, 750 no dia seguinte. Você pode começar a se sentir meio desanimado. Por isso definir um ritmo é tão importante. Talvez “2000 palavras por dia” seja uma boa meta para você, mas comece com uma meta de 500 palavras. Continue assim durante um mês. Atinja uma produtividade constante e consistente. Lembre-se de que esse é um jogo de longa duração. Não um sprint.

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Aumente o ritmo quando estiver pronto

Na 9ª milha, verifiquei meu pace médio e tinha caído alguns segundos. Eu ainda estava me sentindo bem, considerando que era a maior distância que eu já havia corrido. Sabia que, se eu pudesse manter esse ritmo, teria fôlego suficiente para terminar em um passo confiante. Da perspectiva do escritor, é nisto que você trabalha – achar um ritmo que, se diminuir, você consiga recuperar. Cerca de um mês depois de atingir a meta de 500 palavras, aumente para 100 palavras. Fique assim por algum tempo. Então, se ainda estiver consistente, adicione 250 ou 500 palavras à meta. Ritmo faz diferença para seu progresso; mas quando conseguir dominá-lo, arraste a barra e aumente-o. Você vai querer terminar em ritmo forte.

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Nunca pare de se esforçar

Quando cheguei à 10ª milha, tinha atingido um marco importante. Se eu tivesse sorte, terminaria a prova em 2h15m. Se eu tivesse sorte. Nesse ponto, só faltavam 3 milhas. Cerca de 5km. Meus pés e pernas estava querendo descanso, mas eu só tinha mais 3 milhas pela frente. Dane-se. Vou de “all-in”. Bem semelhante de quando você se desafia na escrita. Era uma vez… e eu não escrevia contos. Não conseguia deixá-los concisos como o formato exige que sejam. Agora, eu os produzo aos montes para a “Tales from the Archives” e editando antologias. Era uma vez… e eu estava trabalhando em um livro por ano. Só em 2016, eu tive dois livros, uma novela e um monte de contos prontos para publicar. Enquanto você tem de definir um ritmo, você deve se esforçar para fazer melhor, para trabalhar mais, para escrever melhor.

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Termine a maldita prova

Era uma subida. Uma subida longa, lenta. Na 11ª milha. Bem, estragou minha corrida. Literalmente. Cheguei a 11,25 milhas e meu corpo disse finalmente: “Ande. Agora”. Então andei por mais ou menos um quarto de milha. Sim, eu estava frustrado. Sim, eu estava bravo. Sim, eu estava pensando seriamente em engolir meu orgulho e ir andando até o final. Eu via as marcações de distância passadn, fiz as contas de cabeça e disse a mim mesmo “Termine isso. Termine antes de 2h30m. Termine a maldita prova.” Na marca de 11,5 milhas comecei a correr novamente. Não me sentia elegante. Não me sentia poderoso mas, caramba, eu estava correndo de novo. Independente da inclinação de 30° adiante, independente da dor, independente do tempo perdido, eu avancei. Virando a esquina, estava fora da Ponte Woodrow Wilson e vi a linha de chegada à frente. Meu tempo ao cruzar a linha foi 2:22:53. Minha esposa, Pip, nunca esteve tão orgulhosa de mim, nem mesmo quando meu livro chegou aos primeiros lugares entre os mais vendidos na lista de Steampunk da Amazon, dois dias antes. Isso – ali mesmo, é tão importante para sua carreira de escritor. Seu livro, novela ou conto não é nada mais que uma ideia e palavras no papel até que você o termine. Termine essa história. Termine forte. Termine confiante. Termine a maldita história.

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Essa prova foi uma experiência maravilhosa, mas lembro de chegar em casa, louco para escrever. Honestamente, não consigo lembrar se escrevi ou não. Houve muitas sonecas e reidratação depois que cheguei em casa. Mesmo assim, eu faria de novo? Sim. Com certeza, sim! Correr uma meia maratona me ofereceu um monte de perspectivas sobre essa carreira doida de ser escritor.

Além disso, preciso incrementar minha dieta. Considerando o que Jim Hines, Chuck e eu combinamos fazer como caridade, precisamos estar em nossa melhor forma para qualquer pose ridícula que as pessoas escolherem para recriarmos.

Amarrem os tênis, senhores. Temos algumas milhas para detonar.


Wilson-Half-2016Sobre o autor:
Tee Morris é escritor, blogueiro e podcaster. Escreve ficção científica, fantasia, horror e não-ficção há mais de dez anos. Sua primeira obra, Morevi: The Chronicles of Rafe & Askana, em 2003 foi indicada ao EPPIE na categoria Melhor Fantasia, e em 2005 o livro tornou-se o primeiro a ser transmitido inteiramente em podcast.
Encontre o autor no Facebook, Twitter, Instagram e em seu site – http://www.teemorris.com/


Cristine Tellier
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