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Como fazer os leitores felizes dando-lhes exatamente o que eles NÃO querem

por K.M. Weiland


(transcrição do vídeo)

Acho que dá para dizer que ao perguntar a qualquer um o que quer para sua vida, a resposta não vai ser algo que envolva tragédias, morte e desespero, tortura e loucura. Definitivamente não está na minha lista de Natal. Exceto quando se trata de boa ficção.

Pense naqueles momentos deliciosos, lendo um livro ou assistindo a um filme, em que você está na beira da cadeira, cobrindo pelo menos um dos olhos, rezando para que esse personagem amado com que você se identifica não vá para o porão assustador onde o serial killer está à espreita. E ainda assim, lá no fundo, não seria decepcionante se ele não fosse até o porão?

A única maneira de fazer seus leitores felizes é manter suas promessas. Quando subimos a aposta e prometemos que algo ruim vai acontecer, é uma promessa que temos de cumprir. Pois de outra forma, mesmo que os leitores fiquem aliviados por saber que o personagem foi poupado, eles também irão se sentir decepcionados. Irão achar que essa provocação, esse caos em potencial era apenas uma evasiva, uma trapaça.

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Vou mencionar de novo o thriller psicológico de Dennis Lehane, Shutter Island, como um ótimo exemplo de como isso deve ser feito. Tudo leva a crer em possibilidades horríveis para o U.S.Marshall, o agente protagonista, que está investigando o diretor de um hospício-presídio.

A tensão fica tão grande que é quase insuportável. Queremos tanto que o cara sobreviva, que escape, que fique são. Mas Lehane nos dá isso? Não. Ficaríamos felizes se tivesse dado? Duplamente não.

Tanto quanto queremos que o personagem fique a salvo, precisamos ter o alívio emocional de vê-lo confrontar as promessas mais obscuras que a história tem a oferecer.

Cristine Tellier
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