O-Torreao

O torreão
Jennifer Egan

Nos confins da Europa Oriental, um misterioso castelo resistiu a centenas de anos, apoiado no orgulho e na tradição de uma família.
Até que Danny, um cínico nova-iorquino de trinta e seis anos que raramente vai a algum lugar que não tenha conexão wi-fi, chega para ajudar seu enigmático primo a reformar o castelo e transformá-lo em um hotel de luxo.
Mas as coisas começam a ficar estranhas. Uma baronesa sinistra, um trágico acidente em uma piscina mal-assombrada, um traiçoeiro labirinto subterrâneo… Quando o pânico toma conta de Danny, ele descobre que a “realidade” pode ser algo em que ele não consegue mais acreditar.
(fonte: intrinseca.com.br)

O-Torreao

Mais um livro lido por conta do clube de leitura do blog “Os espanadores”. E, infelizmente, mais um a que não pude comparecer – e olhe que desta vez eu até tinha terminado de ler o livro. Pena. Gostaria de ter discutido a respeito com outros leitores, pois este é o tipo de livro que nos deixa meio em dúvida quanto à nossa própria opinião.

É difícil terminar de ler este livro e não compará-lo, mesmo que ligeiramente, a O oceano no fim do caminho, de Neil Gaiman, devido ao seu pé no mundo da imaginação. Contudo, ao menos para mim, o efeito geral da leitura não foi de identificação com o personagem e seu universo “mágico”, mas sim de estranhamento. Não exatamente a estranheza de uma história situada nos tempos atuais ter elementos fantasiosos mais comuns a contos de fadas. Mas um certo desconforto com a forma que esses elementos são introduzidos na história. Paira uma dúvida nada agradável sobre a “veracidade” dos fatos. Isso pode desagradar ao leitor, pois este não tem certeza se deve encarar a narrativa como uma fantasia per se ou como um indício de insanidade do protagonista. Se foi esse o intuito da autora, bem… pode-se dizer que o objetivo foi atingido.

O formato narrativo é o que há de mais atraente na obra. A autora joga com o tempo, não apenas por conta das duas linhas narrativas, mas por mexer com a percepção de tempo do próprio leitor. A sensação de estar perdido, assim como Danny em vários momentos, tentando encaixar peças que aparentemente não fazem parte do mesmo quebra-cabeças é o que impele o leitor adiante, já que a história em si não tem nada de muito especial. A narrativa de Egan é bastante singular, incomum, conseguindo intercalar trechos contemplativos, filosóficos, que beiram a epifania com boas sacadas irônicas e bem-humoradas.

”      Essa era a baronesa a quatro metros.
      A cada passo que Danny dava, a senhora envelhecia – o cabelo louro embranquecia, sua pelo meio que se liquefazia e o vestido ficava bojudo e caído, como uma sequência de fotogarfias de uma flor que está morrendo. Quando Danny chegou do lado dela, já não conseguia acreditar que ela pudesse estar de pé. Mas estava, de salto alto, lutando com a haste da cortina.
      Essa era a baronesa a meio metro.”
(p.83)

Assim como Lost, mais especificamente sua última temporada, a terceira parte do livro é bem desestimulante, para não dizer quase desnecessária, pois há vários trechos que poderiam – não! – deveriam ter sido suprimidos para deixar certos fatos implícitos, a cargo da inteligência do leitor. “Mastigar” uma explicação sobre a maneira com que as duas narrativas convergem não foi uma escolha narrativa satisfatória. Teve o efeito de me fazer emergir do universo do livro e querer terminar logo, só por terminar, pois a leitura já não me interessava mais. Ao menos, diferente de Lost, o desfecho da história não é tão brochante a ponto de quase estragar a experiência de leitura. Foi coerente com o contexto, mas não foi nenhuma surpresa – ao menos para mim.

Para tecer mais comentários, eu seria obrigada a dar muitos, muitos spoilers e isso está fora de cogitação. Enfim, é um livro que cativa mais pelo estilo narrativo do que pela história em si.

[cotacao coffee=”macchiato”]

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Cristine Tellier
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2 Replies to “O torreão”

  1. Olá!

    Adorei a resenha, e já conhecia o livro e a capa. A temática abordada pelo livro é bem legal, fora a crítica dada ao personagem principal, onde ele não sai, e quando sai só vai atrás de lugares que tem uma rede Wi-Fi… meio conectado com nossos dias atuais, hahaha!

    Beijos,
    Luiz Henrique (Luke)
    instanteliteral.com

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