The book thief (2013) – A menina que roubava livros
roteiro: Michael Petroni
direção: Brian Percival
[rating=3]

Antes que o caro leitor pense que se enganou de blog, deixe-me avisá-lo que “sim, você está no lugar certo”. O foco do blog é literatura, principalmente o que se refere à leitura e à escrita. Mas tudo que se relaciona ao assunto pode ter lugar aqui também. E achei que comentar a respeito de um filme baseado em livro – este, especificamente – faria todo o sentido, já que o convite para a pré-estreia foi gentilmente oferecido pela editora parceira, a Intrínseca. Mas não apenas por isso. Além de a história versar sobre livros, o livro é um dos que eu costumo indicar até para quem não gosta muito de ler. E, lógico, o fato de o filme estrear amanhã em circuito nacional é um ótimo pretexto.

Vale informar que os comentários abordam tanto minha ida à pré-estreia quanto algumas impressões sobre o filme.

the book thief - movie poster

Sinopse oficial
Baseado no livro best-seller, A Menina Que Roubava Livros conta a história de Liesel, uma garotinha extraordinária e corajosa, que foi viver com uma família adotiva durante a Segunda Guerra, na Alemanha. Ela aprende a ler, encorajada por sua nova família, e Max, um refugiado judeu, que elas escondem embaixo da escada. Para Liesel e Max, o poder das palavras e da imaginação se tornam a única escapatória do caos que está acontecendo em volta deles. A Menina Que Roubava Livros é uma história sobre a capacidade de sobrevivência e resistência do espírito humano.

Mais uma adaptação de livro que decepcionou. O filme é mediano – a nota correta seria 2,5 – e a experiência de assisti-lo foi a pior que tive nos últimos anos. Acostumei-me ao sossego das cabines de imprensa, com 30 a 40 pessoas dispersas numa sala de 300 lugares, e já há algum tempo não enfrentava um cinema lotado – superlotado para ser mais exata.

Devo agradecer à Editora Intrínseca que concedeu aos blogs parceiros a oportunidade de ir assistir à pré-estreia. E a parte boa da história termina aqui. Retirei o convite com a equipe da editora por volta das 20:00. A sessão seria às 21:00 e os ingressos deveriam ser retirados na bilheteria a partir das 20:30, o que não ocorreu. Houve uma mudança da programação ou o cinema informou incorretamente como seria feito. Bom, havia uma fila gigante, que saía da entrada do Cinemark e descia a escadaria que fica em frente até o piso térreo do Market Place.

Detalhe: já que não havia ingressos, obviamente não havia lugares marcados. Depois de enfrentar a muvuca na fila e a falta de educação – infelizmente corriqueira – no local onde era distribuída a pipoca e o refrigerante de cortesia, consegui entrar na sala e encontrar um lugar razoavelmente bem posicionado. Mas minha satisfação durou pouco. À minha direita, duas senhoras que passaram quase todo o filme soltando exclamações de surpresa ou consternação e que, no final, começaram a soluçar e chorar ruidosamente. À minha esquerda, um casal que passou o filme todo tecendo comentários. Todo mundo deve conhecer pessoas assim, que assistem e vão comentando o que se passa no filme – “olha! fulano fez isso”, “nossa! sicrano fez aquilo”. Tive de conter a vontade de perguntar se algum deles era cego e necessitava que o outro lhe descrevesse o que se passava na tela. Para completar, o indivíduo sentado à minha frente, parecia estar com formigas dentro da cueca, já que não parava de se mexer na poltrona, obstruindo minha visão das legendas.

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Como se já não bastasse isso, o filme não foi excepcionalmente bom a ponto de conseguir compensar todo esse desconforto. O livro é muito, muito bom. É um daqueles que dá vontade de reler. Seu grande trunfo é ser narrado pela própria morte, o que confere à trama um ponto de vista único, incomum. Além do narrador, o mais interessante do livro é o contraponto entre o encantamento de Liesel pela leitura e suas experiências com a morte. Há nele um quê de Fahrenheit 451 e de Precious, ao focar no poder transformador, libertador, redentor da leitura e da escrita. Devido a um roteiro que se preocupou apenas em pinçar os eventos – mas não as reflexões – que ocorrem no livro, esse enfoque se perdeu totalmente. E o filme se tornou apenas mais um (melo)drama de guerra. Uma pena.

Do elenco, vale destacar a atriz Emily Watson – Rosa Hubermann, mãe de Liesel. Apesar de sua performance não ter grandes momentos, é sem dúvida a personagem com o arco dramático melhor escrito e desenvolvido. Geoffrey Rush – Hans Hubermann – como sempre não decepciona e consegue uma boa interação com Sophie Nélisse – Liesel.

A direção é bastante burocrática, com poucos arroubos e nenhuma inovação. A falta de criatividade confirma-se na previsibilidade do desfecho de algumas cenas, mesmo para os que não leram o livro. E, apesar de o ritmo ser arrastado, o final é abrupto. Como se de repente, o diretor se desse conta que não tinha mais tempo e precisava concluir tudo em menos de 10 minutos.

Como filme estanque – para quem não leu o livro – é apenas mediano. Como uma adaptação fica bem aquém das expectativas. Minha dica: leia o livro.

a menina que roubava livros - capa

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Cristine Tellier
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