Muito já se falou e ainda muito há de ser dito sobre o futuro do livro, sobre a sobrevivência do livro em papel após o advento do livro digital. Com a digitalização de bibliotecas e a disseminação de leitores de e-books, deixaremos de lado os livros impressos e todos passarão a ler apenas o formato digital?

Acredito que essa migração não deve ocorrer num curto prazo. Talvez nem mesmo a médio prazo. Não apenas pela simbologia e pela familiaridade das pessoas com o livro. Há inúmeros motivos que indicam que essa “onda” não deve chegar tão cedo quanto pregam alguns pseudo-gurus geeks. Talvez o livro em papel perca um pouco de espaço, mas acho que dificilmente deixará de existir em breve.

Eu, particularmente, podendo optar, sempre prefiro o texto impresso. Adoro o livro impresso, desde a textura da capa, até a cor e o cheiro do papel e da tinta. Podem me chamar de saudosista, mas eu cresci em meio a livros. Preferia-os aos meus brinquedos. Difícil me desfazer dessa memória emotiva. Ao mesmo tempo, sou nerd, geek, adoro novidades tecnológicas, assumo que gostaria de ter um Kindle. No entanto, tenho ojeriza por ler textos longos em formato digital. É chato, é cansativo, e é extremamente decepcionante não ter as páginas para folhear. Sinceramente, não me imagino lendo Crime e castigo ou O senhor dos anéis em formato digital. Pois além de ler é preciso ter prazer na leitura, algo que o formato digital não me proporciona.

Acho que, assim como eu, a maioria das pessoas associe o texto digital a uma leitura mais rápida, fracionada, “em pílulas” – notícias online, posts em blogs e o próprio tuiter reafirmam esse formato mais compacto. Desse modo, inicialmente os livros infantis e adolescentes são ótimos candidatos a serem os primeiros a migrar para a nova mídia. Mas ainda assim, creio que, enquanto o livro digital for apenas a versão digital do livro impresso, ou seja, apenas um .doc ou .pdf do texto, essa migração não deve ocorrer. Se o formato digital não tirar proveito dos recursos que a própria mídia proporciona – interatividade, hiper links, comentários, sons, animações, vídeos – não haverá atrativo suficiente para mudar de um para o outro.

Há outro aspecto a levar em consideração, o acesso ao dispositivo de leitura. Os early-adopters, nerds e geeks rapidamente estarão munidos de um e-reader. Mas e o restante da população? Qual é o alcance e a disponibilidade de um dispositivo desses? Se hoje, há ainda quem não tenha acesso a livros e internet, qual é a probabilidade de virem a ter acesso a esse gadget num futuro próximo?

Cristine Tellier
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