O senhor das moscas
William Golding
tradução: Geraldo Galvão Ferraz

Livro de estréia do autor, publicado na década de 50 e ganhador do Nobel de Literatura em 1983. Não sabia nada disso até lê-lo. Já havia ouvido falar nele – junto a O apanhador no campo de centeio (J.D.Salinger) é presença obrigatória nas listas de leitura das escolas norte-mericanas. Mas o que me levou à livraria para adquiri-lo foi a citação do livro numa das muitas análises de Lost em um dos inúmeros sites dedicados à série. A semelhança do cenário, do nome de alguns personagens e de algumas situações-chave dão a certeza que algum roteirista de Lost é fã do livro.

A história é simples. Após um acidente aéreo, um grupo de garotos se vê sozinho numa ilha deserta no Pacífico, sem adultos por perto. A partir daí, Golding consegue fazer uma descrição concisa e pormenorizada das alterações no comportamento dos garotos, analisando profundamente o caráter e as relações humanas. Assim como fez Orwell, em Animal Farm, Golding descreve um grupo naturalmente desprovido de poder que, de um momento a outro, vê-se numa situação em que a necessidade de organizar-se numa sociedade leva a uma disputa pelo poder.

O processo “civilizatório” fica dividido entre duas vertentes. Se, por um lado, Roger busca a organização do grupo tentando ater-se à realidade e à moral conhecida, Jack atrai os garotos deixando aflorar os instintos animalescos e mais primitivos. Além do enfoque nesses dois modos de comando, Golding também analisa no livro o aparecimento da maldade, a necessidade de rituais, a selvageria nascida da falta de perspectiva, o nascimento de mitos. O autor explora esses temas sem qualquer firula ou amenização. Tão cruamente que, em alguns momentos, o leitor até esquece que os personagens são apenas crianças.

Durante toda a leitura, tentei entender qual o sentido do título do livro. Sem sucesso. Descobri depois que “Senhor das moscas” é a tradução literal de Belzebu (do hebraico), o diabo. Ajuda um pouco, mas não esclarece totalmente.

Golding escreve muito bem. A narrativa é fluida e bastante envolvente. A riqueza de detalhes deixa o leitor imerso no ambiente enfrentado pelos garotos. É o tipo de livro que se lê numa “sentada” só. Difícil largar antes de chegar ao final da leitura.

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Trailer do filme de 1963, dirigido por Peter Brook:

Cristine Tellier
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