A volta do parafuso
Henry James

“Este clássico do terror conta a história de uma governanta que é contratada para cuidar de duas crianças em uma grande casa inglesa. Até que ela descobre que a casa é frequentada por fantasmas. O suspense aumenta: ela começa a desconfiar que as crianças, de uma beleza mais que terrena e bondade absolutamente incomum, não só enxergam esses espíritos, como também convivem com eles.”
(fonte: amazon.com.br)

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Publicado originalmente em 1898, o livro deve sua fama ao fato de ter sido uma das primeiras novelas cuja trama contém elementos sobrenaturais – a saber, fantasmas. É, certamente, a obra mais famosa de Henry James. A exemplo de outras obras bem conhecidas – Coração das trevas (Joseph Conrad), Manuscrito encontrado en Zaragoza (Jan Potocki), A princesa prometida (Willian Goldman), A máquina do tempo (H.G. Wells) ou mesmo As mil e uma noites – esta conta uma história dentro da história. Um grupo de amigos está reunido na véspera de Natal e um deles promete contar uma história assustadora, assim que tiver em mãos o manuscrito enviado por uma amiga.

“Alguém contava uma história não muito impressionante, e eu percebi que Douglas não estava prestando atenção. Tomei isso como um indício de que ele teria algo a dizer, e que teríamos apenas que esperar o momento em que ele o faria. Esperamos, de fato, duas noites, e na segunda, antes de nos recolhermos, Douglas disse o que estivera pensando por tanto tempo.
– Concordo que a aparição do fantasma de Griffin, ou seja lá o que for, ter se dirigido a um garotinho tão novo é o que dá um toque de horror ao conto. Mas essa não é a primeira vez que ouço uma dessas histórias fascinantes envolvendo crianças. Imaginem, se com uma só já sentimos tamanho calafrio, o que nos causaria um caso em que há duas crianças?”
(pag.6)

Douglas explica, à guisa de prólogo, que a narrativa do manuscrito se inicia depois que a história havia começado:

“Era preciso, portanto, entender que sua amiga, a mais nova das filhas de um pobre pastor de aldeia, aos vinte anos, viajara a Londres, ainda um pouco receosa, para iniciar sua carreira de professora. Viera responder pessoalmente a um classificado, pois tivera uma breve correspondência com o anunciante. Ao se apresentar numa casa em Harley Street, a qual a impressionara pela grandeza e imponência, verificou que o suposto patrão era um homem solteiro, na flor da idade, com uma aparência que uma alvoroçada e impaciente jovem da paróquia de Hampshire nunca vira diante de si, a não se em sonhos ou em romances.”
(pag. 12)

A partir desse ponto, o livro ganha uma nova narradora. O manuscrito é escrito em primeira pessoa pela babá/governanta, que não tem seu nome revelado. Boa parte da ambiguidade que permeia toda a trama deve-se a isso. A subjetividade é uma constante, algo intrínseco à trama. O leitor sente-se mais próximo da personagem mas, ao mesmo tempo, ter à disposição apenas seu ponto de vista levanta questionamentos sobre a veracidade do que está sendo contado. Com certeza, a babá acredita nos eventos que narra, mas em que medida podemos considerar que são fatos ou fruto da sua imaginação? É possível tomar tudo como uma verdade cabal? As crianças estão sendo assombradas por fantasmas? A governanta é louca? Ou algo ainda mais estranho ocorreu?

A quantidade de interpretações possíveis pode irritar alguns leitores, mas é o que faz do livro um clássico do terror psicológico. O próprio autor desencoraja as tentativas de explicar a trama, mas que graça teria a leitura se cada leitor não puder dar sua versão dos fatos? E, ainda melhor, se todas as versões fazem sentido, já que há tantos elementos obviamente ocultos da história narrada pela governanta.

“Se dermos crédito a Henry James quando escreveu, no prefácio que acompanha a edição inglesa desta obra, que este livro é apenas ‘a perfect example of an exercise of the imagination’ (um perfeito exemplo do exercício da imaginação), temos de desconsiderar todas as tentativas de explicação desta extraordinária história.”
(pag.185)

O livro teve várias adaptações para o cinema, sendo que a mais conhecida foi Os inocentes, de 1961, com roteiro de Truman Capote e direção de Jack Clayton.

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Cristine Tellier
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