poliana

Poliana
Eleanor H. Porter

Tenho um prazer especial em conhecer a origem das coisas. Acredito que todos têm, contanto que seja algum assunto do interesse. No meu caso, entre um sem fim de assuntos, a linguagem tem um lugar especial, óbvio.

Por exemplo: você sabe a origem da expressão “Inês é morta”? Ela significa “agora é tarde” e é oriunda da história de Portugal. Conta-se que o príncipe D. Pedro (não o imperador D. Pedro I do Brasil, mas o rei português, lá por volta do séc. XI) tinha uma amante chamada Inês de Castro que foi-lhe afastada pelos cortesãos, preocupados com a moral. Quando, repentinamente, viúvo, o príncipe mandara buscar Inês, em contrapartida, os cortesãos preocupados mandaram matá-la. Logo, o príncipe não obteve êxito em viver com ela, pois era tarde, Inês era morta.

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Nesta linha, uma referência em específico chamava-me atenção há algum tempo: Poliana. O nome é usado com expressões do tipo “dar uma de Poliana”, ou “síndrome de Poliana” ou ainda “complexo de Poliana”. Diversas vezes ouvi o nome e procurei descobrir de onde vinha. Ao saber da existência do livro e mais ou menos do que se tratava, não tive assim um grande interesse, mas acabei cruzando com um exemplar outro dia, numa livraria e, como estava em promoção, acabei levando.

Poliana (no original, Pollyanna) é uma noveleta, quase literatura infantil, da escritora norte-americana Eleanor H. Porter. Lançado em 1913, o ambiente da história retrata evidentemente a vida bucólica do interior dos Estados Unidos, naquele período pós guerra civil e pré crise de 1929, onde começava a se formar o moralismo do modo de vida americano.

Repentinamente órfã, Poliana, com então 11 anos, é enviada para a casa da severa tia Paulina, solteirona e solitária, que vive praticamente isolada da sociedade, prendendo-se a preceitos e moralismos. A presença da menina, por si só, já seria o bastante para conturbar a vida da tia. Contudo, havia um agravante: Poliana desenvolvera com o pai uma brincadeira que passou a levar como filosofia de vida: o jogo do contente. O objetivo era que, para tudo, ela deveria encontrar um lado bom, um ponto positivo. Desta maneira, Poliana contagia os demais personagens com sua visão ingênua e sempre positiva.

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Eleanor H. Porter
A premissa da história hoje é batida. O Pequeno Príncipe segue uma linha, relativamente semelhante, assim como a antiga série Punky, a levada da breca, o filme Up! da Disney, Meu Malvado Favorito e mais uma infinidade de exemplos semelhantes. São sempre histórias comoventes e inspiradoras, mostrando o contraste dos mundos e, sobretudo, a quebra da rigidez e severidade adulta pela doçura inocente das crianças.

O texto, de fato, é carregado desse sentimento doce e, embora com um trabalho estético mais pobre que O Pequeno Príncipe, cativa o leitor igualmente. A narrativa em terceira pessoa está num estilo pouco elaborado, dando ao texto uma grande abrangência de público. Sobretudo o infantil.

Um fato interessante do livro é que os personagens, com exceção da própria Poliana, não têm raça declarada e alguns assuntos mais adultos, em específico uma mulher que aparentemente é uma prostituta, parecem ter sido tocados bem de leve. Ao meu ver, uma estratégia da autora para fazer do livro mais universal e acessível às crianças, mas sem deixar de demonstrar à bons entendedores do que se tratava.

Não é à toa que o livro fez um sucesso tremendo para a época (um milhão de cópias vendidas em 1913 deveria ser um absurdo!) e até hoje continua sendo o tipo de leitura que vou recomendar aos meus filhos.

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Edições de 1981, da Editora Nacional

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