(artigo original: “How to think and write like Nabokov”, de Brian Klems, publicado em 07/08/2013, no The Writer’s Digest)

Vladimir Nabokov falava três idiomas: Russo, Inglês e Francês.

Não pensava em nenhum deles.

Ou ao menos era isso que ele gostava de fazer os outros acreditarem. Em Opiniões Fortes (Strong Opinions), uma coletânea de suas entrevistas, artigos e editoriais, Nabokov conta aos leitores que ele não pensa em palavras, mas em imagens – uma afirmação confirmada por sua ficção imaginativa.

— Abigail Walters


“Não acredito que as pessoas pensem num idioma…”, dizia ele.

Depois de ler mais sobre a obsessão de Nabokov por imagens no artigo de Leland de la Durantay, “How to Think in Images, or Vladimir Nabokov’s Art of the Image”, no recém-publicado Lolita: The Story of a Cover Girl, de John Bertram and Yuri Leving, refleti sobre a crença de Nabokov durante um tempo, perguntando-me se concordava.

Não, decidi. Porque esses pensamentos que tenho, bem, são em Inglês.

Não me entenda mal, não duvido que Nabokov pensasse em imagens, mas meu cérebro funciona com pensamentos verbais. Necessito de concentração e premeditação para conjurar imagens e devaneios como aqueles que vivem confortavelmente na mente de Nabokov.

Depois de algumas anotações no diário, decidi que todo o esforço pela concentração e premeditação valem a pena. Quando gasto tempo visualizando a cena antes de escrevê-la, normalmente detalhes ocultos aparecem com facilidade. Vi uma revista Time gasta sobre uma mesa por acaso, então a incluí no cenário da minha estória. Senti o cheiro de uma xícara de café com leite de ontem e, consequentemente, meus personagens também.

Se você tem um pouco de rotina ao escrever ou quer apenas exercitar seus músculos de escrita, sugiro gastar um pouco de tempo pensando como Nabokov (se você ainda não o faz). Esqueça o desenvolvimento da trama e dos personagens por um tempo e apenas delineie uma imagem, qualquer uma. Escreva como um maníaco para capturá-la. Escreva sobre a pétala de violeta que caiu suavemente ou sobre a escada bamba que virou de repente. Escreva sobre o rugido do moedor de café ou sobre o cheiro de torrada queimada que emana da torradeira. Use suas palavras para descrever o que quer que você veja. Coloque esses detalhes no papel ou na tela à sua frente, como Nabokov ensina:

“Acaricie o detalhe, o divino detalhe.”

Para saber mais sobre a escrita de Nabokov e sua mais célebre e controversa novela, Lolita, dê uma olhada no recém-lançado Lolita: The Story of a Cover Girl.

Cristine Tellier
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2 Replies to “Para pensar e escrever como Nabokov”

    1. Olá Bruno
      Obrigada pela leitura.
      Conforme indicado logo no início do texto, o post é a tradução de um artigo publicado no Writer’s Digest, escrito por Brian Klems.
      Abraços e boas leituras.

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