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»» versão do artigo “Why Excessive Consumption Limits your Creativity”, escrito por Srinivas Rao, publicado em 23/05/2016 no Medium ««

“Quando um artista criativo está cansado geralmente é por muito afluxo, não por muito fluxo.”
Julia Cameron

Se a maioria de nós, eu incluso, fosse completamente honesta sobre nosso balanço entre consumo e criação, veríamos que está bem desbalanceado. Consumimos bem mais do que criamos quando deveria ser o oposto. Todos os dias nossa dieta de consumo inclui qualquer dos seguintes itens:

  • artigos em sites
  • emails
  • atualização de status
  • Netflix/Youtube/Hulu
  • podcasts
  • compras online

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(foto: http://www.multivu.com)

Como meu próximo livro é sobre hábitos criativos, e estou começando a pesquisar a respeito, tenho pensado um pouco sobre meus próprios hábitos de consumo e minhas fraquezas. Uma delas é o afluxo de informações. Podemos não perceber, mas gerenciar nosso afluxo é uma das melhores oportunidades para estruturar nosso ambiente para otimizar a produtividade e a criatividade.

Consumo e informações em excesso inibem a criatividade, impactando negativamente em nossa habilidade de mergulhar no trabalho e reduz nosso rendimento. Vamos ver como e por que isso acontece.

Consumo excessivo causa fadiga resolutiva

Em média, tomamos cerca de 300 decisões por dia. Há alguns dias fiz o download de um aplicativo de encontros, o Bumble. Depois de algumas horas brincando com o aplicativo, percebi que cada “deslizar” era uma decisão. Era apenas o início da fadiga resolutiva que resulta de consumo excessivo. E isso me fez pensar sobre todas as outras decisões que tomamos sobre nossos hábitos de consumo.

  • Cada vez que você clica, lê ou faz um comentário em um artigo, você toma uma decisão
  • Cada vez que você dá “Like”, responde ou posta algo no Facebook, você toma uma decisão
  • Cada vez que você lê, responde ou escreve um email, você toma uma decisão
  • Cada vez que você pesquisa e compra algo online, você toma uma decisão
  • Cada vez que você percorre uma lista no Netflix, você toma uma decisão

Isso se soma às outras 300 decisões que tomamos todos os dias. A mesma força de vontade que poderia ter sido direcionada à criação é totalmente exaurida pelos nossos hábitos de consumo se não tomarmos cuidado.

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(foto: www.pcworld.com/)

Consumo excessivo é prejudicial à nossa capacidade de concentração

Se você por acaso se sentar em um Starbucks e ficar observando um grupo de adolescentes, você verá a definição de pouca capacidade de concentração. Eles gastam por volta de uma hora tentando tirar a selfie perfeita. Isso entre inúmeras atualizações de status e check-ins em qualquer rede social em que sejam viciados.

Mas onde isso fica realmente explícito é na pesquisa de Cal Newport sobre o conceito de Deep Work (N.T.: trabalho profundo ou focado). De acordo com Cal, se sua atenção fica o tempo todo se deslocando para novos estímulos, quando chega a hora de trabalhar concentrado, sua capacidade de executar um trabalho focado será prejudicada. É o equivalente cognitivo de ser um atleta que fuma.

Consumo excessivo resulta em multitarefas e atenção residual

As pessoas precisam parar de pensar sobre uma tarefa para voltar sua atenção e performar bem em outra. Resultados indicam que é difícil para as pessoas tirar sua atenção de uma tarefa inacabada e que sua performance nas tarefas subsequentes fica prejudicada.
Sophie Leroy

Apenas imagine o quanto é difícil manter a atenção em algo tipo ler um livro quando você passa o dia todo pulando de um site para outro, passando os olhos pelos artigos e sem efetivamente ler alguma coisa.

Consumo excessivo pode ser ruim para nossa saúde mental

Cada email que você recebe, cada notificação e cada “like” que você recebe em um post liberam uma dose de dopamina, tornando assim os produtos e serviços que usamos viciantes como o diabo. A sensação de realização e a satisfação advindas disso não duram muito. Como resultado, desejamos essas doses de dopamina durante o dia todo. Mas o que é mais perturbador é o que isso está fazendo com nossa saúde mental.

A pesquisa de Simon Sinek sobre isso prediz que os jovens terão uma probabilidade bem maior de ter depressão, ansiedade social e inaptidão de comunicação pois estão com a cara colada nos monitores tomando sua dose de dopamina desde a hora de acordar até a hora de dormir.

De acordo com o trabalho de Kelly Mcgonigal e seu livro The Upside of Stress (N.T.: O avesso do stress), pessoas que usam mídias sociais em excesso experimentam uma diminuição na percepção de satisfação em suas vidas.

Não importa o que você consiga, atinja ou faça, alguém está sempre fazendo alguma coisa bem mais épica que você, se você viver sua vida através das lentes do feed de notícias do Facebook.

Como eu disse antes, você deve tratar a informação que consome como a comida que você come. Se você comer demais da mesma forma que consome demais, não ficará vivo por muito tempo.

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(foto: lifehacker.com)

Reduza o afluxo de informações

Há algumas maneiras bem básicas que qualquer pessoa pode usar para diminuir o afluxo de informações e que não serão disruptivas às suas vidas ou ao seu trabalho.

  1. Uma conta de email diferente para newsletters, notificações, etc.:
    Como alguém que passa o dia vasculhando a web insanamente procurando pessoas interessantes para entrevistar no Unmistakable Creative, preciso ter um bom nível de afluxo de informações. É por isso que tenho duas contas de email. Uma para comunicações que são essenciais. A outra é para newsletters e coisas que eu vou assinando na web. Cal Newport vai mais longe, tendo contas diferentes para assuntos diversos, que é uma outra abordagem possível.
  2. Bloqueador de feed do Facebook:
    É exatamente o que o nome sugere. É uma extensão do Chrome que remove o feed do Facebook. Há uma semana reinstalei o Safari no meu celular e pude ver a que todos estão expostos. Mas no dia a dia não vejo isso e posso focar todos os meus esforços naquilo que tenho a fazer, que é gerenciar a comunidade do Unmistakable Creative.
  3. Torne-se analógico:
    Acredito que seja algo tremendamente poderoso ser analógico em um mundo cada vez mais digital. Alguns dos melhores designers do mundo não ligam seus computadores durante dias. Quase todo post que escreve é escrito primeiro à mão. Quando você é um escritor, usar caneta e papel dá a oportunidade de ouvir genuinamente o som de sua própria voz.

 
Quando você limita o afluxo de informações, você aumenta a energia que pode ser direcionada a seu lado produtivo. Você cria mais do que consome.


O autor é host e fundador do podcast The Unmistakable Creative.
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Cristine Tellier
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