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O barco das crianças
Mario Vargas Llosa

Não li tantos livros infantis quanto gostaria. Leitor razoavelmente tardio, já fui direto para as novelinhas de histórias fantásticas. E lamento muito por isso, pois deixei de consumir muito material na infância que estou tendo de resgatar agora. E claro, os olhos de um adulto são incapazes de compreender o mundo das crianças, já dizia Exupéry em seu O Pequeno Príncipe. Além disso, fiquei sem muita base de comparação. Logo, minhas impressões sobre este podem soar obtusas.

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O cara dispensa apresentações. Com um Nobel de Literatura no currículo, pode escrever o que quiser, em qualquer gênero ou forma que possivelmente será algo, no mínimo, proveitoso. E, de fato, neste livro, compôs algo assaz cativante.

A narrativa conta a história de um menino cujos caminhos cruzam com um senhor que, todos os dias, senta-se em um banco próximo à orla e observa o mar. Curioso, o jovem se aproxima e engendra uma conversa. O idoso então conta-lhe uma história que remete às Cruzadas das Crianças, incursões de infantes ao Oriente Médio com a questionável missão de resgatar a suposta terra do messias cristão. Apesar do tema sombrio, o autor, através da personagem, consegue suavizar e dar ares de fábula.

Apesar desse tom fabular e de ser um livro infantil, tem uma essência de aventura fantástica e, como é corriqueiro neste formato, denota vários núcleos de ação, interligados pela espinha dorsal de uma premissa maior. Ou seja, o herói passa por diversas peripécias, mas segue sempre em frente com seu objetivo final.

Pelo enredo estar sob um cenário marítimo, algumas passagens me lembraram muito Moby Dick. Contudo, está longe de ter o peso dramático deste último. É uma leitura doce, que remete àqueles sentimentos primais da vida: a curiosidade, a ansiedade, a sinceridade, etc.

Há um aparte que me incomodou um pouco. O autor, assim como quem não quer nada, parece fazer algumas apologias à religião cristã. Não faço ideia sobre o status quo espiritual de Llosa, mas penso que isso não era necessário, a despeito da temática.

À parte isso, é imprescindível comentar sobre os desenhos de Zuzanna Celej, cujos tons pastéis dão ao livro uma aura nostálgica, harmonizando perfeitamente com o sentimento predominante no texto.

Vale um cappuccino no capricho.
3.5 out of 5 stars

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