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»» resenha publicada originalmente no Vórtex Cultural, em 16/06/2016 ««

O golpe de 64
Oscar Pilagallo & Rafael Campos Rocha (ilustração)

“Em 31 de março de 1964, as forças militares brasileiras deflagraram um golpe de estado contra o presidente João Goulart e instalaram no país uma ditadura que duraria décadas.”
(quarta capa do livro)

Oscar Pilagallo, jornalista e vencedor do Prêmio Esso em 1993 na categoria de Reportagem Especializada, juntou-se ao quadrinista, cartunista e ilustrador Rafael Campos Rocha, autor de Deus, essa gostosa, para transformar as chatíssimas aulas de história do Brasil numa história ilustrada que conta com riqueza de detalhes esse período conturbado da História nacional.

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A narrativa se inicia dez anos antes,, em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas e percorre os anos seguintes discorrendo sobre as origens e os meandros dos acontecimentos que levaram ao golpe. Com conspirações para todo lado, vilões para todos os gostos e reviravoltas mirabolantes, os fatos históricos deveriam ser um prato cheio para uma trama rocambolesca ilustrada.

Mas infelizmente, o texto de Pilagallo é didático demais na maior parte do tempo. O leitor se sente de volta à sala de aula lendo um daqueles livros de História do Brasil, só que agora em quadrinhos. Talvez não fosse intenção do autor, mas poderia ter explorado mais a verve romanesca, quase burlesca dos eventos. Trabalhar a narrativa como se fosse ficção, aproveitando-se de aspectos e circunstâncias que parecem tirados duma narrativa ficcional (apesar de infelizmente serem reais), teria deixado a leitura bem mais envolvente.

Em contrapartida, Rocha teve total liberdade para ilustrar a história. Apesar de várias imagens serem ilustrações feitas a partir de fotos de acontecimentos da época, muitas delas pendem para a caricatura, enfatizando a faceta non-sense dos eventos. É o que garante o alívio cômico e certa leveza – se é que é possível – à narrativa. Rocha usa muitas metáforas e alegorias visuais para representar as ideias e conceitos expostos no texto.

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Como livro paradidático, deve funcionar muito bem, já que o apelo visual da história em quadrinhos o torna mais palatável aos alunos. Não é uma HQ de entretenimento, é uma HQ informativa. É uma ótima opção para quem tiver interesse em saber mais sobre esse período e não quiser encarar longos textos analíticos.

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Cristine Tellier
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