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O mundo de Aisha
Ugo Bertotti (autoria) & Agnes Montanari (fotos e entrevistas)

Obrigadas a se casarem ainda meninas. Escravizadas, violentadas, por vezes assassinadas. Cobertas com o véu negro – o niqab – as mulheres do Iêmen parecem fantasmas. Contudo, pouco a pouco, com delicadeza, coragem e determinação, elas travam uma batalha corajosa por sua emancipação. Uma revolução silenciosa está em marcha para fazer valer seus direitos e sua liberdade. Aisha, Sabiha, Hamedda, Houssen e tantas outras: aqui estão algumas de suas histórias. Uma extraordinária reportagem em quadrinhos de Ugo Bertotti inspirada pelas imagens e pelas entrevistas da fotojornalista Agnes Montanari.
(fonte: quarta capa do livro)

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Ugo Bertotti adaptou o foto documentário de Agnes Montanari para mostrar a história dessas mulheres que veem o mundo por detrás do niqab – véu que cobre o rosto e só revela os olhos. Dependendo da região, o niqab pode ser fard (obrigatório) ou sunnah (recomendado), mas a maioria das mulheres iemenitas evita sair de casa sem ele.

Através do olhar Montanari, conhecemos essas mulheres que, apesar da aparente submissão, questionama a situação social da mulher no Iêmen. O uso do niqab é apenas um dos aspectos da vida repleta de restrições a que elas são submetidas. As mulheres retratadas pela fotógrafa, cujas histórias são contadas de forma concisa por Bertotti, cada uma a seu modo, tentam conseguir seu próprio espaço numa sociedade extremamente conservadora e machista. Infelizmente, nem todas têm finais felizes.

O traço de Bertotti é bem pesado e, no geral, as páginas são bem escuras. O que faz todo o sentido se, como desconfio, a intenção do autor foi levar o leitor a experimentar a mesma percepção das mulheres ao enxergar o mundo pelas frestas do niqab sem poder, de fato, experimentá-lo. É bastante significativa, na primeira história, a descrição das sensações de Sabiha ao sair à janela ao alvorecer, sem vestir o niqab:

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Para nós, ocidentais, algumas situações retratadas beiram o surreal.

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“Eu incomodava por quê?
Simplesmente porque não ficava em casa, como todas as outras…

Tinha um restaurante, trabalhava com homens, tratava-os de igual para igual e: estava ganhando dinheiro.

Todo o meu trabalho, todo o meu esforço… para chegar àquela situação.”

(Hamedda, proprietária de restaurantes em Shibam-Kawkaban)

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Porém, ao ler essas histórias percebe-se que, mesmo parecendo ser restritivo, o uso do niqab de certa forma garante às mulheres iemenitas liberdade para circular livremente, para sair à rua, estudar, trabalhar. E não apenas isso. Garante-lhes também segurança, evitando que sejam ofendidas, atacadas e, mesmo, violentadas pela sociedade desigual em que vivem.

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Booktrailer

Veja aqui uma amostra do livro.

Cristine Tellier
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