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Verme
Carina Luft

Policiais, bicheiros, militares, políticos, prostitutas e até o reitor da universidade.Todos eles fazem parte do jogo de poder e corrupção que o delegado Fernão Weber enfrentou durante anos, dividido entre a justiça e o dinheiro fácil. Ele então resolve vomitar os podres e as angústias que o acompanharam nessa trajetória crua, passando pelo desmanche de carros e chegando a uma trama que envolve chantagem e assassinato entre banqueiros do jogo do bicho e seus comparsas.
(fonte: dublinense.com.br)

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“Estar próximo de Maria Izabel e conhecer seu filho moviam-no num só impulso. A dureza do macho curvava-se aos encantos da paternidade. Era o sangue do seu sangue que corria nas veias de um novo ser concebido por ele. O elemento que representa o princípio e o fim, a vida e a morte. A força vita. O sustento. Um componente da raça humana com tantos significados que pode trazer alegria ou tristeza, indo de um vértice ao outro num segundo.”
(p.51)

A autora retoma a trajetória de um dos principais personagens de seu romance anterior, o delegado Fernão Weber. de Fetiche. Apesar de a trama se passar no Brasil pós-golpe militar de 64, os fatos narrados são incomodamente atuais. Qualquer semelhança com a situação atual do país, infelizmente não é mera coincidência. Corrupção, violência, chantagem, negócios escusos, dinheiro sujo, politicagem. O protagonista é, a princípio, um jovem policial ambicioso que se vê enredado numa rede de corrupção. Aos poucos, todos os aspectos de sua vida vão se tornando “viciados”, torpes. Desde a forma como consegue cursar a faculdade, passando pela problemática vida em família, culminando em seu envolvimento com atividades ilegais.

É interessante como a autora mostra que ninguém está imune, que a corrupção permeia todos os nichos em vários graus de intensidade. Que um “jeitinho” leva a outro, que a mão que socorre logo quer também o braço e que desvencilhar-se disso não é algo assim tão fácil como se gostaria.

A autora alterna entre narração em primeira – no presente – e terceira pessoa – no passado. Consegue assim, abordar tanto as impressões e lembranças de Weber quanto enfocar os demais personagens. Pôde explorar situações importantes para a trama que não tiveram a participação de Weber, escapando da armadilha de, ao optar pelo ponto de vista do protagonista, acidentalmente “estender” sua visão para além dos eventos presenciados por ele.

O texto é bem construído e a leitura flui muito bem. Sente-se falta de um desenvolvimento maior de outros personagens além de Weber, o que poderia ter sido feito nos trechos narrados em terceira pessoa. Porém isso não chega a desabonar a narrativa. É um livro pouco extenso, de leitura rápida, mas nem por isso menos agradável.

“Araucária é uma planta dioica. Suas flores masculinas e femininas nascem separadas, em árvores diferentes. Eu gosto disso porque é o vegetal que mais se parece com o homem, e gosto também pela estrutura física desafiadora.
Olha lá, tá vendo como é o tronco? Um eixo longo, difícil de escalar, com nós e entrenós, assim como a vida. As araucárias são desafiadoras e provocativas e de modo geral nascem em regiões de relevo e altitude. Tu já parou pra pensar no conceito de relevo?”
(p.58)

[cotacao coffee=”macchiato”]

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Sobre a autora:

Carina Luft nasceu em Montenegro, em 1971. Integrou antologias de contos, escreveu para o teatro e lançou seu primeiro livro, um romance policial, em 2010. Fetiche foi finalista do Prêmio Açorianos em 2011 e publicado na Alemanha em 2013 pela Abera Verlag. Em 2014, publicou seu segundo romance, Verme.

Cristine Tellier
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