clube das desapaixonadas

Clube das Desapaixonadas
Mariana Sgambato

Sabe quando você está na sala de espera do dentista e está sem livro ou celular e a única alternativa de distração é a tevê ligada na Malhação? Você pode ver jovens atores, alguns com certo talento, mesmo que ainda cru, numa trama simplista, em dramas adolescentes formatados para esse público. O roteiro arrisca um ou outro voo mais alto, mas no final das contas se mantém a baixo nível para não impressionar demais e manter a audiência média.

clube das desapaixonadas
(foto: http://blog.widbook.com/)

Clube das Desapaixonadas é tipicamente uma novela adolescente nesse formato. O que não é demérito algum. Apesar de seguir o padrão relativamente batido da heroína pária em busca do príncipe encantado, a autora consegue fazer algumas variações que escapam um pouco da mesmice.

Narra a história de Leila, jovem com dificuldades de adaptação em seu mundo, que vive o dilema de encontrar um amor verdadeiro, passando por diversas relações e relatando com certo sarcasmo a eterna batalha dos sexos.

A linguagem está muito bem adequada, dentro dos padrões adolescentes, o que denota um talento promissor. Consegue manter-se coerente o tempo inteiro, sem deslizes ou exageros.

As falhas ficam evidentes, todavia, quanto à trama, pois a autora parece temerosa de se aprofundar em assuntos mais adultos, como se tentasse o tempo todo manter certo cuidado ao abordar os temas de conflito, como sexo e traição, mantendo sempre uma bruma de moralismo no ar, com receio, talvez, de gerar polêmica. Haja vista que o tal clube que dá nome à obra passa quase batido, quando poderia ter sido uma força motriz para o enredo.

Sempre percebo nestes livros escritos por meninas uma ironia subjetiva. Fazem o discurso feminista de forma velada, tentando mostrar uma protagonista forte e resolvida, mas todos os personagens masculinos são lindos, altos, fortes, estilo boneco Ken, como o sonho dos contos de princesas. Além disso, as personagens femininas fazem seu mundo girar em torno de relacionamentos. Como se ter um homem fosse primordial, equiparável a ter uma carreira.

Mariana, porém, brinca com isso, mostrando a própria personagem se questionando sobre esses paradoxos. Embora eu tenha a impressão de que ela, a autora, não se deu conta disso, pois não explorou a questão, apenas a circundando. O que também não diminui seu mérito.

Algo interessante em que ela surpreendeu foi o epílogo, em que muda o ponto de vista da história. Poderia ter explorado melhor a jogada, mostrando situações da trama pelo ângulo do novo narrador ao invés de apenas aumentar a história sem agregar muitos fatos de real valor.

É provável que as minhas impressões sejam próprias de um leitor para o qual a obra não é direcionada (desconfio que a Cris anda me sacaneando, me passando só livros de menininhas ultimamente). Para adolescentes, pode ser uma ótima, divertida e até instrutiva leitura.

[cotacao coffee=”espresso”]


Selo Widbook Blogs Parceiros Apoio Escritor IndieA paulista Mariana Sgambato escreveu o ebook Clube das Desapaixonadas inteiro no Widbook, ganhou fãs, construiu uma grande comunidade em torno do seu trabalho e agora a editora Novo Romance escolheu o seu livro para lançar em formato físico, com apoio do Widbook.
(fonte: blog.widbook.com/)
Leia mais aqui.

mm
Últimos posts por Douglas (exibir todos)
Send to Kindle

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *