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»» versão do artigo “5 Ways To Improve A Perfect Story”, escrito por John Yeoman, publicado em 03/04/2014 no Write to Done ««

Você escreveu uma história de que se orgulha.
Você a editou até que não restasse nada a fazer. Está perfeita!
Não está?
Claro.
Mas quanto você ainda pode melhorá-la?
Esse é o desafio que enfrento todos os dias como “copy doctor” (N.T.: algo como médico do copidesque) quando participantes do meu curso de escrita enviam seus trabalhos em andamento para que eu os comente.
Frequentemente me desespero. Suas histórias são excelentes. O que eu posso fazer?
Então me faço as seguintes questões e, em alguns minutos, encontro ao menos cinco formas de melhorar suas histórias.
Aplique esta checklist ao seu trabalho e veja por si mesmo!

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(foto: http://www.coolminiornot.com/294122)

1. Os personagens ficam tagarelando sozinhos?

Talvez o diálogo se espalhe pela página sem qualquer indicação do local onde ocorre a conversa. Ainda estamos na cozinha ou no bar ou… a história deu um salto para o deserto do Sinai?

Uma maneira simples de sugerir isso é “pontuar o diálogo”, incluindo algumas intrusões triviais do ambiente.

“Isso é ridículo,” disse Jack.
Jill fez bico. O barman achou graça.

Ah, ainda estamos no bar.

A propósito, precisamos do inciso “disse Jack”? Especialistas dizem que devemos minimizar as repetições de “ele disse / ela respondeu”. São chatas.

O que as pessoas dizem e como o fazem deve, em teoria, dar pistas suficientes. Mas dão? Nem sempre.

Depois da terceira troca, perdemos a trilha. Lembre-nos. Uma pontuação no diálogo pode fazer isso.

“O que aconteceu com minha bebida?”
O barman trouxe um Campara para Jill.

Agora sabemos que foi Jill quem falou, não Jack.

Traga-nos de volta ao contexto, continuamente. A história ganhará profundidade.

Simone de Beauvoir
Simone de Beauvoir (foto: www.journaldesfemmes.com)

2. Os diálogos são robóticos?

Se queremos envolver o leitor – e nós queremos, não é? – precisamos incluir surpresa, conflito ou intriga em cada trecho.

Eu acabei de fazer isso interrompendo meu texto com uma pergunta. Claro, esse “conflito” pode ser tão gentil quanto um bate papo entre amantes. Porque conflito provoca emoções, e emoções envolvem o leitor.

Isso é particularmente verdadeiro em se tratando de diálogos. Mostre-nos todas as emoções do personagem. Senão a conversa vai ser chocha. A maneira mais simples de animar um diálogo é adicionar linguagem corporal.

“Você matou meu pai!”
“Querida, você está exagerando.”

Dramático, sim. Mas o que as palavras significam? Revele as emoções por trás das palavras.

“Você matou meu pai!” Sua voz estava cortante.
“Querida, você está exagerando.” Seus olhos espremidos se divertindo.

O próximo passo é mergulhar nos pensamentos ou reflexões ds personagens. Se uma cena for escrita a partir do ponto de vista (PoV) de apenas um personagem, Não há truque para mostrá-los diretamente ao leitor.

“Seu bastardo arrogante”, pensou Jill.

Mas como transmitir os pensamentos dos outros personagens, sem ficar alternando pontos de vista diferentes e confundindo o leitor?

Faça seu protagonista-narrador observar a linguagem corporal da outra pessoa e especular sobre seus pensamentos e sentimentos. Isso ajuda a nos manter no PoV principal.

Ela viu seus dedos tremendo. Talvez ela o tivesse assuatado, afinal?

Ou

Os olhos que a fitaram de volta estavam frios de raiva.

Em um romance eles devem ser “ferozes pela luxúria não correspondida.”

Linguagem corporal – e suas interpretações – pode ser colocada com um pincel fino ou uma trincha, de acordo com o gênero.

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(foto: http://perspektif-magazine.com/)

3. Um trecho descritivo evoca os cinco sentidos?

Um autor inexperiente pode simplesmente contar o que seus personagens vêem e sentem. Os outros três sentidos são ignorados. Assim, a história fica bidimensional. Para dar profundidade, mostre-nos também o que os personagens cheiram, saboreiam e sentem pelo tato.

O ar frio do inverno cheirava a fumaça de fogueira. Jill aquecia sua mãos no fogo crepitante, perfumado com madeira de macieira, e desejou fortemente que tivesse calçado sapatos que não pinicassem.

Agora estamos dentro da cena, explorando tudo através dos sentidos de Jill. Mas percebeu como o trecho ficou lento?

Para diminuir o ritmo em qualquer cena, inclua vários detalhes sensoriais. Para acelerar o ritmo, refira-se apenas ao que se vê e ouve. O cérebro entende mais rápido referências ao que é visto e ouvido do faz com os outros sentidos.

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(foto: http://www.soslignes-ecrivain-public.fr/)

4. O ritmo da história está balanceado?

Você já leu um trecho de prosa lindo e pensou “É encantador, mas está morto?”

É provável que todas as frases e parágrafos tenham a mesma extensão. Se você quiser animar uma cena – por exemplo, num momento de tensão – corte as frases. Fragmente-as.

Então dê ao leitor uma pausa reconfortante no parágrafo seguinte, alongando-as novamente ou, talvez, lançando algumas frases subordinadas.

Apenas isso.

Eventualmente, um jeito fácil de verificar se seu parágrafo está balanceado é formatar a página no Word como monoespaçada, Times New Roman 9pt. Justifique o texto. Afaste-se do seu computador. Agora a página ficou bem mais parecida como o que o leitor vai ver no Kindle ou no livro impresso.

Seu texto encolheu até virar uma chapa cinzenta? Varie o tamanho dos parágrafos!

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(foto: http://www.karenfranklin.com/)

5. Quão cansativa é a linguagem da narrativa?

Uma história não precisa de jogos de palavras. Com frequência, o conto mais poderoso foi escrito no estilo mais prosaico. Mas as palavras devem fazer sua parte. É onde o “Find/Localizar” do Word é de grande ajuda.
(N.T.: algumas dicas são específicas para a língua inglesa.)

Primeiro, coloque o termo “ing” na caixa de busca. Isso vai revelar, entre tantas outras palavras, todos os seus gerúndios.
(N.T.: isso vale para textos escritos em Inglês. Em português, buscar pelos sufixos correspondentes – “ando”, “endo”, “indo”.)

Gerúndios? São modos verbais fracos terminados em “ing”, como “walking” (N.T.: “andando”) e “sighing” (N.T.: “suspirando”). Restrinja seus gerúndios a, digamos, apenas dois por parágrafo – a menos que você queira fazer o leitor dormir.

Em seguida, digita o termo “ly” (N.T.: “mente”, sufixo para advérbios). Isso irá destacar todos os seus advérbios. Algumas vezes, advérbios são necessários.

Se Jack riu, ele o fez alegremente ou amargamente? Nós precisamos saber.

Mas advérbios, que qualifam verbos, geralmente podem ser substituídos por um verbo mais preciso – “grinned” (N.T.: sorriu ironicamente), “leered” (N.T.: olhou maliciosamente), “winked” (N.T.: piscou), etc. – ou com uma expressão mais original.

Ele fez um barulho que parecia um pato engolindo um sapo.

Adjetivos podem ser tão perigosos quanto advérbios. Se você encontrar mais que dois por frase, se pergunte: posso dispensá-los ou usar uma figura de linguagem no lugar?

O cômodo estava gelado, vazio e abandonado, resfriado pelo vento implacável.

Há adjetivos demais. Por que não escrever:

O cômodo estava frio como o coração de um fiscal?

Desnecessário dizer que há mais do que isso ao ser um “copy doctor”.

Se você não tem uma boa história – uma estrutura de conflito emocionalmente forte e personagens com que os leitores se conectem – não há ajuste na linguagem que a deixe melhor.

Mas se sua história for competente, parta para a ação com esses cinco passos e você transformará um bom conto em um ótimo conto.


John YeomanSobre o autor

Dr. John Yeoman, PhD em Escrita Criativa, é diretor do programa de escrita de ficção na Writers’ Village Academy e é tutor na Universidade do Kentucky. Tem sido um escritor comercial bem sucedido por 42 nos. Você pode encontrar um monte de ideias para escrever histórias bem sucedidas no seu curso gratuito na Writers’ Village.

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Cristine Tellier
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9 Replies to “5 formas de melhorar uma história perfeita”

  1. Olá Gislaine
    É sempre muito bom um retorno assim. Saber que as dicas foram (serão) úteis é bem gratificante. Obrigada pela leitura.

    Abraços e boas leituras 🙂

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