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»» versão do artigo “10 Things That Every Brand New Creator of Science Fiction Should Know”, escrito por Charlie Jane Anders, publicado em 06/03/2014 no io9 ««

Ser um criador de ficção científica é a mais surpreendente das aventuras – você inventa novos mundos, tecnologias fantásticas novas em folha, e começa a contar as histórias mais incríveis sobre eles. Mas é também uma carreira difícil e estressante, esteja você escrevendo livros, quadrinhos, filmes ou tv. Aqui estão 10 coisas que todo novo escritor de ficção científica deve saber desde o início.

spaceship
(foto: http://m-wojtala.deviantart.com/)
  1. Você ainda está apenas escrevendo histórias pessoais

    Isto é o principal – não importa quem você seja ou que tipo de trabalho esteja fazendo, você ainda está contando histórias que tenham significado pessoal para você. Como a ficção científica é tão focada em ideias e em geral orientada por descobertas tecnológicas ou que mudam o mundo, é fácil perder isso de vista. Mas não achar o toque pessoal dentro da sua imensa narrativa sobre invasão alienígena é o caminho mais fácil para o fracasso. A única maneira de se destacar, e a única maneira de contar histórias que vão sensibilizar outras pessoas, é descobrir como você está pessoalmente conectado ao seu trabalho, não importando a sagacidade ou a amplitude da sua premissa.

  2. Aquilo que todo mundo se lembra de sua história favorita nunca é aquilo que a faz funcionar

    Atualmente, vemos isso o tempo todo – quando um filme ou livro se torna um clássico, as pessoas se fixam naquela cena bem bolada ou naquele diálogo inteligente. (Ou, às vezes, fixam-se em algo totalmente randômico, que se torna um meme por um motivo qualquer.) Mas independente disso, aquela cena não é o que faz as pessoas amarem a história – eles a amam por tudo que levou à tal cena, e tudo o mais que faz dela uma grande história. E é por isso que nostalgia é tão mortal – por causa dela tendems a focar na ponta do iceberg ao invés do imenso bloco de gelo subjacente. Então, se você gasta muito tempo tentando recriar aquele momento legal do seu episódio de tv favorito, irá perder as coisas que quase sempre passam despercebidas, que a priori fazem as pessoas se importarem. Nostalgia sempre trapaceia, e a única resposta a isso é tentar criar suas próprias coisas.

  3. woman robot
    (fonte: dolorama.tumblr.com)
  4. Ficção científica é sempre sobre a época em que foi criada

    Isso significa que independente da perspicácia da sua extrapolação sobre o mundo daqui a 100 anos, ou independente do brilhantismo do seu tributo aos filmes B dos anos 50, você ainda está falando sobre o mundo de hoje. E suas percepções sobre outras épocas e outros locais sempre será influenciada pela época e pelo local em que você escreve. (É especialmente importante lembrar-se disso quando brancos americanos escrevem sobre culturas não norte-americanas do passado, presente ou futuro.) Centenas de estudos demonstraram que humanos têm dificuldade em antever futuros radicalmente diferentes do que já foi vivido. Isso significa que, ao criar seu mundo, você precisa ficar atento a suposições não comprovadas – mas também entenda o fato de que você está realmente falando sobre o aqui e o agora, e estar confortável com isso.

  5. Ideias não são histórias

    Basicamente, você precisa entender a diferença entre uma premissa e uma trama. (Demorei anos para dominar isso, e ainda não sou muito boa para explicar a diferença.) Uma premissa é “no futuro, todos terão um chip no cérebro que controlará as emoções”. Uma trama é “o chip cerebral de uma pessoa dá problema” ou “alguém inventa um outro chip que permitia tecnologia, mas quem usa os dois fica louco”. Uma história que se baseia apenas numa premissa básica não é uma história de verdade – é, no máximo, uma das camadas. A parte difícil geralmente é transformar a ideia numa história. E lembre-se do item 1 acima – você precisa encontrar o que te afeta pessoalmente com relação a essa premissa.

  6. Mesmo que você imite perfeitamente seus heróis, você ainda assim vai falhar

    Digamos que você resolva escrever um livro que Ursula K. Le Guin poderia ter escrito, ou tente dirigir um filme exatamente como James Cameron. Deixando de lado a impossibilidade de capturar fielmente o estilo dos ótimos originais, ainda assim você estaria “ferrado”. Por um lado, mesmo que as pessoas talvez digam que estão procurando o próximo James Cameron, não quer dizer que estejam procurando uma cópia carbono de James Cameron. Isso vai fracassar. Por outro lado, as coisas estão sempre mudando, e se você copiar muito seus heróis você corre o risco de se tornar uma versão perfeito do que todos procuravam há 20 anos. Homenageia Le Guin o quanto quiser – mas lembre-se também de trabalhar em seu próprio estilo, algo novo e revigorante.

  7. Uma ideia em cada doze é uma história legal

    Pessoas ficam paranóicas sobre ter suas ideias roubadas, ou serem acusadas de roubar ideias de outra pessoa, ou “desperdiçar” uma ideia, ou qualquer coisa assim. Mas ideias são tão comuns quanto sujeira, e é fácil ter muitas outras. Até mesmo boas ideias. Apenas gaste meia hora lendo a revista New Scientist, ou scaneie a primeira página do jornal, ou assista tv num local público – ideias para histórias vêm de todo lugar. E a maioria é inútil. Mesmo quando você consegue uma ideia inteligente para uma história que poderia despertar o interesse de um diretor de Hollywood, ainda é inútil a menos que você consiga transformá-la em algo. E isso, ao contrário, requer criar um protagonista que seja fascinante e que se encaixe nessa ideia interessante. Ideias são fáceis, mas histórias são assustadoramente difíceis.

  8. sci-fi concept
    (fonte: psd.tutsplus.com)
  9. Resista à tentação de desistir de seus personagens

    Se seus personagens não estão funcionando, ou se você não consegue descobrir como fazê-los ir na direção que a trama necessita, geralmente quer dizer que você precisa dar um passo atrás e pensar exatamente pelo que eles estão passando e o que eles realmente sentiriam nessa situação. É tentador conduzi-los a um desfecho conveniente que satisfaça as necessidades da sua trama mas que não faz realmente muito sentido para os personagens. É tentador também cair num final triste, “existencial”, em que os personagens falhem, só porque você está entediado com eles e não consegue saber o que mais fazer com eles. (E não há nada pior que um final triste que não seja merecido.) O final da sua história não é uma linha de chegada, e isto não é uma corrida. Algumas vezes é preciso voltar e ver o que você fez de errado.

  10. Tendências estão a meio caminho do fim quando você fica sabendo delas

    É sério. Todo mundo tem uma história triste em que ele (ou um amigo) tentou embarcar na onda dos romances quentes de vampiros, ou na onda das distopias infanto-juvenis superpopulares, e então perceberam que a onda já estava nas últimas. De qualquer modo, você não deveria perseguir tendências, pois provavelmente não irão resultar num trabalho que te deixe satisfeito ao terminar. E mesmo que perseguir tendências fosse uma boa ideia, tenha em mente que há um longo caminho até virar livro, e ainda mais longo para filmes ou tv – as coisas que você vê saindo agora representam as tendências que já eram.

  11. Fazer sua lição de casa é metade da batalha

    Pesquisa é uma parcela enorme do trabalho de escrita de uma ficção científica realmente boa, principalmente se você estiver especulando sobre evoluções futuras. Aprenda a conversar com cientistas sobre o trabalho deles – se você parecer esperto e interessado em contar boas histórias sobre ciência, frequentemente eles irão querer falar com você. Aprenda também a ler estudos científicos e a pesquisar. E aprenda como pesquisar a respeito de outras culturas e outras épocas também – mesmo se você não for escrever a respeito delas, isso fará a construção do seu universo ser mais consistente.

  12. Você é o pior juiz do seu próprio trabalho

    Isso nunca deixa de ser verdade, para a maior parte de nós. Especialmente quando você acaba de finalizar algo, frequentemente você não consegue ver o que funciona. Não há qualquer substituto para o feedback alheio, além de submeter seu trabalho a outros profissionais tanto quanto for possível. Junte-se a um grupo de críticos ou faça um curso, apenas para ter mais retorno sobre seu trabalho. Quando você fica imaginando por que seu escritor ou diretor favorito decaiu desde que se tornou um megastar, geralmente é porque eles pararam de pegar feedback sobre seu trabalho. Mas principalmente no início, você precisa de empurrões constantes para melhorar sua escrita.

novo autor de sci-fi | doctor who

Cristine Tellier
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4 Replies to “10 coisas que todo novo autor de sci-fi deve saber”

    1. Olá Tainan
      Que bom que achou útil.
      Leitores beta tb fazem parte das “ferramentas” de que o escritor deve dispor para escrever seu livro 🙂

      Abraços e boas leituras!

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