»» versão do artigo “The 5 C’s of Writing a Great Thriller Novel”, escrito por James Scott Bell, publicado em 06/05/2014 no Writer’s Digest ««
Lembra quando Tommy Lee Jones está segurando umas algemas vazias no filme O fugitivo e diz: “Sabe, sempre ficamos fascinados quando encontramos algemas vazias” ? Isso me faz pensar em leitores que pegam um thriller e não encontram qualquer emoção nele. Ou ao menos não tanto quanto poderia ter.
Não estou apenas falando da trama. É possível que existam armas e bombas e atiradores e terroristas e helicópteros e mesmo assim não ser uma novela que “pegue” o leitor.
Para ter um thriller saudável e totalmente funcional, tente um pouco de vitamina C literária. Aplique no seu livro doses destes cinco C’s e ele se tornará forte, valoroso, pronto a dar ao leitor aquilo pelo que ele pagou.
1. Personagens complexos (Complex Characterizations)
O primeiro item a ser fortalecido num thriller é seu elenco de personagens. Um erro crítico feito aqui pode enfraquecer até a melhor história.
Seu protagonista é totalmente bom? Isso é chato. Em vez disso, o herói precisa lidar com questões tanto internas quanto externas. Deve ter tantas falhas quanto virtudes. Estes conflitos incômodos deixam em aberto sua sobrevivência.
Quando conhecemos a detetive Carol Starkey em Demolition Angel, de Robert Crais, ela está jogando a cinza do seu cigarro no chão do consultório de um terapeuta, irritada pois se passaram três anos e seus demônios ainda estão vivos e bem. Ótima introdução, principalmente para alguém que está no esquadrão anti-bombas. Sabemos que ela tem pavio curto. E queremos ver se ele apaga.
Pense numa lista de pelo menos dez demônios internos com que seu herói tem de lutar. Dez. Seja criativo. Então escolha o melhor deles. Trabalhe com ele no passado do seu herói, e mostre como isso o afeta no presente, e até como poderia obstruir seu futuro. Dê-lhe ações que demonstrem a falha.
Passe para o restante do seu “elenco”. Evite a armadilha do personagem-padrão, que pode ser potencialmente perigoso neste gênero – isto é, o agente do FBI frio e engomadinho; o policial com problema de embriaguez. Eis um bom hábito: rejeite a primeira imagem que lhe vem à mente ao criar um personagem. Cogite várias possibilidades, sempre procurando uma nova abordagem.
Então dê a cada personagem um motivo de conflito em potencial com seu herói e com algum outro personagem, especialmente aqueles que têm aliados. Procure maneiras para amigos tornarem-se inimigos ou traidores. Na falta disso, crie mais conflitos.
Para ajudar você a adicionar complexidade, crie uma tabela de personagens assim:
Mary | Steve | Cody | Brenda | Julio | |
Mary | x | ||||
Steve | x | ||||
Cody | x | ||||
Brenda | x | ||||
Julio | x |
Agora preencha as células em branco com possíveis relacionamentos, segredos e áreas de conflito. Por exemplo:
Mary | Steve | Cody | Brenda | Julio | |
Mary | x | Odeia-o por ter abusado de sua irmã | |||
Steve | Sabe que ela tem um filho com Julio | x | |||
Cody | x | ||||
Brenda | x | ||||
Julio | x |
Se possíveis conexões te escapam, tente fazer o exercício abaixo com cada um de seus personagens principais:
A polícia vai à casa do personagem com um mandado de busca. No seu armário, há lgo que ele não quer que ninguém encontre, nunca.
O que é?
O que isso revela sobre a vida pessoal do personagem?
Use os segredos e paixões que você descobrir para adicionar mais um ponto de conflito com outro personagem.
Thrillers fora de série precisam de complexidade e redes de conflitos, de modo que cada página pulse de tensão.
OBS.: O texto com todas as dicas é bastante extenso, então publicaremos uma a uma.
Aguardem a próxima!
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