Sete dias em River Falls
Alexis Aubenque

Algumas garotas escondem terríveis segredos…Sarah Kent é uma estudante brilhante e leva uma vida tranquila em meio à elite da universidade de River Falls, uma cidadezinha perto das Rochosas, no estado norte-americano de Washington. Mas tudo muda numa manhã de primavera: Amy Paich e Lucy Barton, as duas melhores amigas de Sarah em sua cidade natal, são encontradas no fundo de um lago, terrivelmente mutiladas. As duas não falavam mais com Sarah, mas tinham mandado um estranho convite para a amiga dois dias antes dessa tragédia.A vida de Sarah se transforma num pesadelo. Seria ela a próxima vítima do assassino? A garota parece esconder um terrível segredo, como se um laço misterioso ainda a ligasse a Amy e Lucy… Mistérios que o xerife Mike Logan tentará resolver, com a ajuda de Jessica Hurley, sua ex-namorada e famosa profiler do FBI. Eles pensam estar na pista certa, mas seu adversário é perverso e os manipula com facilidade.
(fonte: quarta capa do livro)

sete dias em river falls

Ainda na onda de ler livros policiais – foram 5 ou 6 desde março – li este do Vestígio, selo policial do Grupo Autêntica. O Encontro de Blogs de Letras de março foi patrocinado por ela, e acabei trazendo para casa um outro livro desse selo, Assassinato na Torre Eiffel, de Claude Izner, que ainda não li. Passei o livro de Aubenque na frente, pois em maio haverá um clube de leitura policial e ele será um dos livros comentados. Enfim, foi apenas mais uma desculpa para descansar a mente lendo um policial.

Basicamente, há duas “classes” de livros policiais. Há aqueles em que o foco é descobrir quem é o criminoso (ou criminosos) – o famoso whodunit. E há aqueles em que o criminoso é conhecido e o foco é descobrir como e quando será descoberto, e se será descoberto a tempo de impedir mais crimes. Lógico, há variantes. Mas é possível encaixar a maior parte dos thrillers em um ou outro nicho. Há também os híbridos, como este. Começam num nicho e migram para o outro.

No primeiro terço do livro, a tensão é criada pela ignorância. Ninguém sabe – nem os policiais, nem os amigos das vítimas e nem o leitor – quem é o criminoso. No momento em que o principal suspeito é identificado pelos policiais, o autor conta ao leitor – ainda que brevemente – quem é o criminoso. E, a partir daí, o suspense é criado tanto pela expectativa de que os policiais descubram logo o que o leitor já sabe quanto pela curiosidade de entender de que modo o criminoso está conectado às vítimas.

alexis aubenqueInfelizmente, o autor não conseguiu segurar a bola. Há até um certo frisson durante o início da investigação, contudo a tensão que deveria ser criada quando já sabemos “quem fez” é praticamente inexistente. Some-se a isso a quantidade enorme de clichês em que a narrativa se apoia. Vejamos, temos o protagonista com um passado obscuro, que se refugiou numa pequena cidade do interior. Sua ex-namorada que, convenientemente, aparece para ajudar nas investigações – e para garantir uma certa tensão romântica. Um policial mau caráter que não vai com a cara do “xerife” recém-chegado. Um policial bom caráter que se sente desconfortável encobrindo as atitudes do colega. Uma repórter disposta a tudo para conseguir um furo. E, pior de tudo, um bando de jovens que vai passar o fim de semana numa casa em local afastado, no meio do nada, sem luz, telefone, nem sinal de celular. Ah! Sem contar o vilão que é mau, perverso, cruel ao extremo. Por quê? Oras, porque ele apanhava da mãe quando criança (lógico!). São todos tão bidimensionais que dificilmente o leitor se importa com o destino de qualquer um deles.

Some-se a isso um desfecho brochante e previsível, apesar de uma pequena reviravolta nos capítulos finais. Mesmo sendo um livro curto, com uma história que se passa em sete dias, tem-se a impressão de que a narrativa demora uma eternidade para chegar ao fim. Infelizmente, foi um premissa interessante mal desenvolvida e totalmente desperdiçada.

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Cristine Tellier
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