Escrever a partir do ponto de vista feminino é uma habilidade que vai muito além de simplesmente colocar personagens mulheres no papel. Para que uma narrativa ganhe autenticidade, profundidade e empatia, é essencial compreender a complexidade das experiências, sentimentos e perspectivas femininas — algo que muitos autores, independentemente do gênero, buscam aprender ao longo do tempo.
Neste artigo, compartilho reflexões e dicas sobre como aprendi a escrever de um ponto de vista feminino, um processo de aprendizado que envolve escuta, pesquisa e respeito às vozes femininas.
1. Escutando histórias reais
O primeiro passo para escrever com autenticidade é ouvir. Conversar com mulheres, ler autobiografias, entrevistas, blogs e relatos pessoais ajuda a captar nuances emocionais e sociais que muitas vezes não aparecem nas representações superficiais.
Essa escuta ativa abre espaço para entender as dores, conquistas, desejos e desafios que moldam a vida feminina.
2. Estudando a literatura escrita por mulheres
Ler autoras de diferentes épocas, culturas e estilos foi fundamental para entender como o ponto de vista feminino é explorado na literatura. Autoras como Virginia Woolf, Clarice Lispector, Chimamanda Ngozi Adichie, entre tantas outras, oferecem uma riqueza de perspectivas e linguagens.
Isso me ajudou a perceber que não existe um único “ponto de vista feminino”, mas múltiplas vozes que coexistem.
3. Evitando estereótipos e simplificações
Um erro comum é cair em clichês — a mulher como vítima, como interesse romântico ou personagem unidimensional. Aprendi que para dar voz genuína a personagens femininas é necessário criar mulheres complexas, com motivações, falhas, forças e contradições.
O ponto de vista feminino não deve ser usado como um mero adereço, mas como uma lente rica e multifacetada.
4. Incorporando empatia na escrita
Escrever a partir de outro ponto de vista requer empatia profunda. Procuro me colocar no lugar da personagem, imaginar suas emoções, suas lutas internas e seus sonhos. Isso torna a narrativa mais verdadeira e conecta o leitor à experiência da personagem.
5. Revisando com críticas construtivas
Pedir a opinião de mulheres leitoras e escritoras é um passo essencial para evitar falhas e melhorar a autenticidade. O feedback ajuda a identificar pontos cegos e aperfeiçoar o retrato feminino.
6. Reconhecendo a diversidade do feminino
O feminino não é uma experiência homogênea. Mulheres têm diferentes origens, raças, orientações, crenças e histórias. Aprendi a valorizar essa diversidade, criando personagens que refletem realidades variadas e respeitando suas particularidades.
Conclusão
Aprender a escrever de um ponto de vista feminino é uma jornada contínua de aprendizado, respeito e sensibilidade. É um convite para expandir horizontes, desconstruir preconceitos e celebrar a multiplicidade das vozes femininas.
Ao aprofundar esse olhar, a escrita se torna mais rica, empática e verdadeira — e isso é algo que beneficia autores e leitores.