»» versão do artigo “How to Deal With Writing Critiques”, escrito por Kay Honeyman, publicado em 31/12/2012 no Writer’s Digest ««

Como escritores, vivemos com nossas estórias e nossos personagens durante anos, às vezes décadas. Então, não é de se surpreender que reunamos nossas defesas para protegê-los quando os tiramos da nossa cabeça e os colocamos no papel. Ouvir críticas torna-se uma experiência intensa e emocional. Mas esse instinto protetor e essas emoções intensas podem ser um obstáculo para que a estória atinja todo seu potencial.

como lidar com críticasComo escritora iniciante, tive de aprender a ouvir feedbacks e filtrá-los através da visão que eu tinha do livro. Uso um padrão de pensamento que me serviu perfeitamente durante o processo de escrita e revisão da minha primeira novela, The Fire Horse Girl (N.T.: ainda sem tradução no Brasil).

Lembre-se que o prêmio é um rascunho final bem melhor

Se os comentários forem críticos, resisto ao impulso de defender minha estória. No meu primeiro curso de escrita, escrevemos contos e os levamos para compartilhar com os colegas. Meu professor estabeleceu uma regra: “Se não estiver na página, não está na página. Não perca tempo tentando provar isso”. Eu tento fazer com que ouvir a crítica seja meu primeiro instinto. Nem sempre é fácil, mas a recompensa é uma prosa mais limpa, uma estória melhor, e uma experiência mais rica que valerá a pena para o leitor.

Não se apegue aos elogios

Comentários positivos vêm acompanhados daquele sentimento caloroso e difuso (N.T.: conhecido como “calorzinho no peito”), mas eles podem ser ainda mais perigosos. Assim como tento não me apegar às críticas, faço um esforço para não me apegar com muita força aos elogios. O bom às vezes pode ficar no caminho do ótimo.

Analise *por que* os leitores têm suas preocupações

ponto de interrogaçãoDepois de ouvir o feedback de um leitor, eu reflito sobre o que significa. Os primeiros leitores têm uma tarefa difícil: fazer uma triagem no bagunçado, desajeitado primeiro ou segundo rascunho da estória. Já pedi que achassem problemas que, no momento, nem eu mesma via. É meu trabalho como escritora não apenas ouvir o que essas pessoas têm a dizer mas também cavar além da superfície e descobrir o motivo de dizerem isso. Se um leitor não gosta de um personagem, talvez eu não tenha apresentado seu papel na estória ou suas motivações. Se apontam uma cena e balançam a cabeça, preciso verificar seu propósito e seus alicerces. Um bom crítico irá apontar problemas num manuscrito ou numa cena. Vai apontar para um trecho e dizer: “Isto não funciona”. Meu trabalho é lapidar o texto até que isso seja corrigido.

Posso lidar com as sugestões no dia que me forem passadas, ou posso continuar escrevendo e cuidar delas mais tarde. De qualquer modo, ajuda anotar toda crítica feita. Costumo colocá-las como comentários no meu arquivo Word com as iniciais do leitor. Isso me permite saber quem disse o quê. Até que eu tenha dado ouvidos, refletido e revisado, se necessário, a crítica permanece no documento.

Críticas podem trazer uma nova perspectiva se você permitir que ultrapassem suas defesas, se adequá-las conforme o que você sabe da estória e então utilizá-las para explorar todo o potencial dela.

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Segunda revisão do manuscrito de Madame Bovary, de Gustave Flaubert

Como lidas com críticas

Cristine Tellier
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