»» versão de artigo escrito por James Duncan – “8 things Star Wars can teach us about writing” – publicado em 22/08/2013, no Writer’s Digest ««

(N.T.: O artigo é longo. Por isso, para facilitar a leitura, foi dividido em duas partes, com 4 itens em cada.)

Recentemente foi publicado um post de Thomas Smith sobre “4 Things Star Trek Can Teach Us About Writing” (N.T.: “4 coisas que Star Trek pode ensinar sobre escrita”). Nada contra Star Trek, mas como um nerd de Star Wars, senti que era meu dever intergaláctico mostrar o outro lado do universo de sci-fi. Sendo assim, aqui estão minhas 8 coisas que Star Wars pode nos ensinar sobre escrita!

darth vader - 8 coisas que Star Wars pode ensinar sobre escrita
(foto: http://wallpoper.com/)

1. Até mesmo Darth Vader tem um ponto fraco

Escrever é uma luta constante para ter boas ideias na ordem certa num prazo razoável, enquanto lidamos com datas de entrega, responsabilidades cotidianas, falhas técnicas, talvez uma deixa ruim num diálogo, quem sabe certa dificuldade em soletrar melhor que um aluno do ensino médio, ou o terrível e sempre à espreita bloqueio criativo (a Estrela da Morte da escrita).

Mas não importa o tamanho do problema, sempre há um ponto fraco, uma pequena saída de ar em algum lugar, uma solução escondida em que você não tinha pensado a princípio. Mesmo que signifique começar tudo de novo, sempre há um meio de romper o bloqueio criativo.

Talvez você tenha colocado seu personagem numa “encruzilhada” e não encontre um modo realista de finalizar a estória. Volte alguns parágrafos e anote rapidamente cinco opções relativas ao que ele poderia ter feito ou dito naquele momento. Mesmo que não façam sentido, escreva-as. Então volte mais alguns parágrafos, ou mesmo um capítulo e faça a mesma coisa. Repita. Repita. Eventualmente, você enxergará um novo ângulo – sim, um que provavalmente te forçará a descartar alguns capítulos escritos – mas você fará isso. Certa vez, abandonei 200 páginas de uma novela e comecei de novo porque era a coisa certa a fazer. É terrível de imaginar, mas encontrando a solução, você vai suspirar de alívio, como fez Luke depois de explodir a Estrela da Morte.

Mas algumas vezes você não encontra uma solução mesmo se esforçando muito, então lembre que…

2. Você sempre pode ser seu próprio herói

Luke não explodiu sozinho aquela estação espacial. Obi-Wan Kenobi estava falando no seu ouvido a respeito da Força e Han Solo estava atirando nos “bandidos”, abrindo caminho para Luke aplicar seu vodu Jedi na maléfica Estrela da Morte.

Você precisa encontrar seu próprio Obi-Wan Kenoi, alguém que lhe sussurre pensamentos positivos (não literalmente, talvez, isso seria estranho). E um Han Solo também. Alguém objetivo, alguém que definitivamente não seja um escritor, um trapaceiro que não jogue conforme as regras mas consegue identificar o problema (e talvez até a solução) sem toda a conversa fiada de quem escreve.

Tem um problema de enredo? Passe para sua irmã resolver. Não consegue estruturar um diálogo? Peça que seu colega de quarto o leia em voz alta. Quando termino uma estória, levo-a para um amigo que seja escritor ou editor (meu Obi-Wan Kenobi) pedindo conselhos. Mas também entrego-o a alguém que não seja da área, que seja apenas um leitor, um “João-qualquer”, que é meu Han Solo. Eles quase sempre encontram algo que sobressai para eles mas não para mim, e ajustar isso sempre melhora a segunda versão do meu texto, permitindo-me trilhar o caminho rumo ao final feliz (complementado com uma cerimônia na companhia da princesa).

han and chewie
(foto: www.fanpop.com)

3. Entre no compactador de lixo

Sim, entre lá. Não importa o cheiro. Escrever significa se sujar. Significa acordar cedo e escrever no mínimo 300 palavras antes de tomar banho para ir trabalhar. Isso significa tomar notas no verso da lista de supermercado enquanto estiver parado no semáforo. Significa desligar a tv (e o Netflix, isso serve para todos os “eu não tenho tv”, esnobes como eu) e escrever. E não escreva com capricho. Seja desleixado. Está vendo erros de digitação no último parágrafo? Esqueça. Continue. Não sabe como encerrar o capítulo? Anote isso em maiúsculas, circunde com alguns asteriscos e inicie o próximo. Volte mais tarde, mas continue escrevendo. Se você não mergulhar na escrita e seguir escrevendo, nunca o fará. Certamente, o próximo domingo é um dia melhor para escrever do que hoje, mas sabe o que mais? Nesse meio tempo, você não estará escrevendo. E se você não está escrevendo, você não é um escritor, você só está numa cela tomando tiros dos Stormtroopers. Então mergulhe, piloto.

4. Não é muito esperto irritar um Wookie.
Eles são conhecidos por arrancar braços de pessoas.

Quando você cria personagens, seja cuidadoso quanto a quem você usou como base. Conheço pessoas que escrevem de modo muito autobiográfico contos “ficcionais” sobre sua infância. E digamos que amigos e parentes não foram muito bem representados. Também me deparei com essa questão quando baseei personagens em amigos, mesmo quanto eles não fazem nada “ruim”. As pessas perguntam “Eu sou assim mesmo?” ou “Por que você colocou isso aí?”. Quando você percebe que essas pessoas irão se ver no seu trabalho, começa a se questionar enquanto escreve, e isso vira um pesadelo.

Olha, você nunca conseguirá seguir carreira sem ofender alguém, mas seja cuidadoso com aqueles com que você se importa (e mesmo com os que você não se importa… pode se tornar algo litigioso). Considere trocar profissões e nomes dos envolvidos, assim como características físicas ou mesmo o sexo. Combine várias pessoas num só personagem, tenha vários personagens representando uma pessoa. Ou encontre um jeito de transformar tudo numa alegoria enquanto troca TODO detalhe possível. Faça deles animais. Transporte o drama familiar para o espaço. Ou para uma planície em 1870. Ou escreva do ponto de vista de um objeto inanimado. Apenas lembre que se mantiver as coisas muito próximas da realidade pode acabar estragando alguns relacionamentos, ou ver-se envolvido num processo judicial.

Ou você ficará sem braços. E isso não é divertido.

Cristine Tellier
Últimos posts por Cristine Tellier (exibir todos)
Send to Kindle

One Reply to “8 coisas que Star Wars pode ensinar sobre escrita (parte I)”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *