Guerra Mundial Z
Max Brooks

“Após o que por pouco não foi o fim da raça humana exterminada por zumbis, todo mundo tinha uma história para contar. Para sorte dos leitores, não era nesses relatos que a presidente da Comissão Pós-guerra das Nações Unidas estava interessada. “Opiniões demais, sentimentos demais”, ela explicou. Descartados para uso oficial, os registros colhidos por um experiente pesquisador são agora reunidos e mostram a força das experiências pessoais de quem enfrentou de perto a agonia do surto.”
(fonte: primeira orelha do livro)

Conforme o subtítulo do livro indica, a narrativa é “uma história oral da guerra dos zumbis”. O leitor acompanha todas as fases do conflito, desde a descoberta do paciente zero até o pós-guerra, através de depoimentos de sobreviventes. Ou seja, não há um narrador, mas inúmeros. Diferente de um livro em que há um grupo de personagens cujo ponto de vista é acompanhado alternadamente, neste o elo entre os “narradores” é o pesquisador, funcionário da ONU, sobre o qual pouco, quase nada, se sabe. A seu respeito, tem-se acesso apenas à introdução do livro, em que explica seus motivos para publicá-lo e o modo como obteve suas informações, e às perguntas feitas aos entrevistados.

guerra mundial z - capa

Cada capítulo do livro enfoca uma fase da “Guerra Mundial Z”:

  • Alertas
  • Culpa
  • O grande pânico
  • A maré vira
  • O front americano
  • Pelo mundo afora
  • Guerra total
  • Despedidas

E em cada um deles há pessoas totalmente diferentes – de locais variados ao redor do mundo, de profissões diferentes, de condições sócio-econômicas diversas – contando suas experiências. O que abre bastante o espectro para o escritor-narrador, já que não há necessidade de se ater a apenas um formato estilístico. Generais, políticos, policiais, médicos, estudantes, nerds, pilotos, mercenários. Há desde o linguajar pseudo-intelectual de gente do governo – ou o que restou dele – até o vocabulário menos formal, mas nem por isso menos incisivo, de pessoas de classes mais humildes.

E é através dos depoimentos de cada um deles que o autor faz críticas mordazes ao status quo, à sociedade, ao consumismo, à mídia, ao governo, às instituições estabelecidas. Num cenário menos idílico que a ilha de “O senhor das moscas”, em condições ainda mais adversas, a humanidade vê-se (quase) de volta ao primitivismo – como no livro de Golding -, às voltas com a missão de suprir necessidades básicas, tentando garantir sua sobrevivência. E é interessante observar que em situações extremas, como as relatadas no livro, quem é detentor de conhecimentos mais práticos tem muita vantagem em relação aos demais. E a inversão de papéis entre chefes e subordinados, para alguns, é algo muitas vezes mais aterrorizante que a situação crítica em que se encontram.

“(…) Mas um dia isso acaba. Ninguém precisa de um analista de contratos ou uma quebra de acordo. O que precisa é que os banheiros sejam consertados. E de repente aquele peão é seu professor, talvez até seu chefe. Para alguns, isso era mais apavorante do que os mortos-vivos.”
(p.155)

max brooks
Max Brooks na Comicon (foto: joblo.com)
Brooks inclui na narrativa uma riqueza de detalhes tamanha que faz o universo criado parecer bastante “possível”. O tom de entrevista garante ainda mais veracidade, já que as informações sobre o dia a dia, as pequenas coisas, as particularidades mais ínfimas são oriundas dos sobreviventes que, diferente de um narrador imparcial – onisciente, talvez -, enriquecem suas respostas com os sentimentos, aspectos psicológicos das pessoas envolvidas. E, mesmo sem tempo hábil para criar laços com os personagens, a intensidade dos relatos faz o leitor se identificar e entender o que enfrentaram.

Texto fluido, alternadamente divertido e sarcástico, é uma boa opção para os leitores que desejam sair do lugar comum em estórias de zumbis.

Merece um Macchiato
[rating=3]

Obs.: Eu preferiria ter o livro com a capa original (mostrada no início), mas infelizmente já havia sido recolhida e só me restou adquirir com a capa do filme.
🙁 #fail

[compre link=”http://links.lomadee.com/ls/MUY4cjt1dklfTHhLRDsyNzU1NjQzODswOzk1MjswOzU4NzY7QlI7MztodHRwJTNBJTJGJTJGd3d3LmxpdnJhcmlhY3VsdHVyYS5jb20uYnIlMkZzY3JpcHRzJTJGcmVzZW5oYSUyRnJlc2VuaGEuYXNwJTNGbml0ZW0lM0QxNTAxMTU1MiUyNnNpZCUzRDczNzIwMjE4MDE1NzI2MzEzMzkzNjYwNjM5OzA-.html”]

Cristine Tellier
Últimos posts por Cristine Tellier (exibir todos)
Send to Kindle

4 Replies to “Guerra Mundial Z”

  1. Bem eu não curto zumbis e nem tenho vontade de ler nada sobre o assunto, o único filme que vi sobre o assunto foi Meu namorado é um Zumbi rsrs que tipo não é um zumbi original né kkkk

    bjos

  2. Olá!
    Nunca havia parado p/ ler algo sobre Guerra Mundial Z, mas confesso que me interessou, mesmo não tendo nenhum livro sobre zumbis no meu histórico de leituras. Gostei da resenha tb ^^
    Bjss
    sete-viidas.blogspot.com

    1. Olá Monique

      Obrigada pela leitura e pelo comentário.
      Eu nunca havia lido livros sobre zumbis também, apesar de curtir filmes e séries a respeito. Brooks abordou o assunto de forma bastante criativa e atraente. Se puder, leia sim.

      Abs e boas leituras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *