Tentei colecionar quadrinhos quando era criança. Porém, não era fácil conseguir dinheiro para comprá-los. Além disso, as editoras sacaneavam, distribuindo a continuição das histórias entre vários títulos, obrigando que se comprasse diversos exemplares no mesmo mês para que pudéssemos acompanhar. Acabei desistindo. Foi nesta época, entretanto, que ouvi falar de Neil Gaiman. Famoso pelo seu indelével Sandman. O super-herói sombrio e que acabou por se tornar ídolo cult.

Embora desconhecesse seu trabalho como quadrinista, sempre o tive como sinônimo de obra profunda, filosófica e sombria. Gêneros que fazem parte do meu gosto literário. Então, quando surgiu entre as opções que a nossa parceira Intrínseca oferece para lermos uma obra de Gaiman, não tive dúvidas em optar por ele.

O Oceano no Fim do Caminho

O Oceano no Fim do Caminho conta a história de um menino extremamente solitário, que vive perdido em seus livros. Seu ponto de vista do mundo se dá através da literatura e, não mais que de repente, ele se vê envolvido com a jovem Lettie Hempstock e sua família: três gerações de mulheres cujo vínculo estranho com mundos paralelos acaba por envolver o protagonista com uma criatura mística que vem para atormentar.

Diferente do que eu esperava, o estilo da narrativa não surpreende. Gaiman não usa nada fora do trivial. Suas metáforas são simplistas, mas não necessariamente clichês. Mesmo sendo inglês, ele segue a estrutura básica de romance estadunidense. O que faz a leitura fluir com facilidade.

Há uma referência constante à literatura infanto-juvenil. Quem leu esses livros em sua época vai reconhecer nítidamente os elementos deste estilo. Dá mesmo a impressão de que Gaiman faz certa homenagem, não só pelas citações, mas costurando esses elementos à história.

O que surpreende (um pouco, mas nem tanto) é o formato da parte “fantástica” do livro. Gaiman dá ao leitor descrições completamente diferentes do comum. Parece realmente um mundo de sonhos (e aí talvez se detecte o vício de Sandman – o “deus” deste mundo). Suas criaturas e o ambiente em que vivem são fora do padrão, descritas com características oníricas e até um pouco bizarras. Em dados momentos me perguntei o que é que esse cara fuma antes de escrever. É um excelente exercício à imaginação.

Merece um Macchiato
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