hannibal lecter

Por volta dos 2 ou 3 anos de idade desenvolvemos a fase da possessividade que, baseado no meu nada vasto conhecimento de psicanálise, vai durar para toda a vida do indivíduo. Obviamente que, conforme amadurecemos, nossa forma de reagir a este sentimento muda. O que não significa que ele não está lá. Seja honesto: O que você pensa ao levantar da cadeira para pegar algo na cozinha e, ao voltar, perceber que alguém ocupa seu lugar? Ou quando alguém chega em sua casa e abre a geladeira inadvertidamente? O quando, num lugar público, algum estranho pede para usar a cadeira que você está guardando para outrém? “Não toque! É meu!”. Você pode não expressar, mas, a menos que seja um monge budista, possivelmente pensará algo tipo.

Quando foi anunciado que uma série sobre Hannibal Lecter estava em produção, uma pulga gorda sentou-se atrás da minha orelha. Estavam planejando revisitar a história do MEU psicopata favorito. As últimas adaptações para o cinema não foram lá essas coisas, sobretudo o filme Hannibal Rising,Hannibal cujo livro tem cara de ter sido encomendado especialmente para o cinema e escrito por qualquer outra pessoa que não Thomas Harris, o autor dos outros três originais. Assim, o anúncio era preocupante.

Os produtores e roteiristas tinham boas reputações. Atores bons foram contratados. Isso tudo, no entanto, não eram garantia de qualidade. Mas eram bons indícios. Apenas quando assisti ao primeiro episódio e conferi a produção pude me sentir aliviado.

A série foca na trajetória de Will Graham (Hugh Dancy), que é um agente especial do FBI cuja função é auxiliar aos investigadores a encontrar serial killers, através de seus conhecimentos especiais sobre a psique e o comportamento dos criminosos. Will, porém, é um homem atormentado pelo seu próprio dom, forçando o FBI a contactar um famoso psiquiatra para auxiliá-lo tanto como policial quanto paciente: Dr. Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen).

Mikkelsen no papel de Lecter difere muito de seus predecessores (antes dele, 3 outros atores interpretaram Hannibal, sendo Anthony Hopkins o responsável por torná-lo um ícone do terror),Mikkelsen mas não deixa a desejar. Tanto sua interpretação, como a maioria dos elementos da série, referencia muito aos livros e não aos filmes. Fiquei feliz em perceber isso.

Nos filmes, o agente Jack Crawford (Laurence Fishburne), chefe de Will, aparece um tanto quanto apagado. Porém, na série – através da excelente atuação de Fishburne – ele se mostra como o chefe que tortura seus agentes, levando-os à loucura e à exaustão em prol de obter sucesso na investigação. CrawfordUm exato prelúdio do que Crawford virá a fazer com Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes.

Algumas alterações foram feitas para atualizar a trama: Um ou outro personagem homem é agora mulher; a ambientação que era dos anos 70-80 agora se passa nos dias atuais; nada, entretanto, que desabone. Pelo contrário.

A série passa no canal americano NBC. No Brasil, estreou em 16/04, na AXN.

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