Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.
“Wretch,” I cried, “thy God hath lent thee – by these angels he hath sent thee
Respite – respite and nepenthe, from thy memories of Lenore;
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!”
Quoth the Raven “Nevermore.”

edgar allan poe(Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: “Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora.”
E o corvo disse: “Nunca mais”.)

O trecho acima é uma das estrofes de um dos poemas mais famosos de Edgar Allan Poe, “The Raven”, com a tradução de Machado de Assis logo abaixo (leia aqui o poema completo). Esse poema, assim como outros textos de Poe e de outros autores contemporâneos a ele, servem de inspiração para um serial killer na série de tv recém lançada The following.

A série, produzida pela FOX, exibida pela Warner aqui no Brasil, versa sobre um serial killer que cria uma seita de assassinos. Temos dois personagens clichês antagônicos: o assassino psicopata, Joe Carroll (James Purefoy) e o ex-policial amargurado que o persegue, Ryan Hardy (Kevin Bacon).

A premissa incomum assim como os teasers veiculados antes da estreia foram bem instigantes, despertaram a curiosidade de assistir ao menos ao piloto. Assisti ao primeiro o episódio e logo já baixei os outros oito disponíveis. Terminei de ver todos em menos de 3 dias. Dispensável dizer que gostei bastante. Em comparação com o “chove não molha” dos últimos episódios de The walking dead, esta não dá vontade de parar de assistir. Deve ser, sem dúvida, uma das melhores estreias deste semestre.

the following - nevermore

Exceto por alguns exageros e situações pouco verossímeis, os roteiros são muito bem construídos. Se o espectador comprar a ideia de que uma única pessoa, de dentro de um presídio, com acesso à internet somente uma vez por semana, consegue reunir mais de uma centena de acólitos, apenas recitando trechos de Poe, entre outros, e acenando com a promessa de dar um sentido às suas vidas, já é meio caminho andado para curtir a série. E se o espectador é leitor assíduo de Poe, o interesse fica ainda maior. Há citações de trechos inteiros de poemas seus, referências a seus personagens – principalmente os femininos-, alusões à presença da morte em sua vida. Enfim, um prato cheio para fãs do autor e de sua obra.

Um ponto contra é o excesso de flashbacks que frequentemente atrapalha, já que na maioria das vezes pouco ou nada acrescrentam à estória. Um ponto a favor, além do roteiro bem estruturado, é a ousadia ao não ocultar do espectador cenas violentas e sangrentas, envolvendo lutas, tortura e morte. “Eufemismo” é algo que definitivamente não combinaria com o teor da série.

O elenco está bem. Kevin Bacon até consegue dar personalidade e credibilidade a seu personagem, mas o destaque fica mesmo para Purefoy, com uma atuação simplesmente impecável ao personificar o assassino insano e ao mesmo tempo extremamente culto e inteligente. Uma aula de atuação.

the following - ryan hardy
the following - joe carroll

Leia mais sobre Edgar Allan Poe aqui no blog.:
Edgar Allan Poe e Suas Histórias Extraordinárias

Cristine Tellier
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