as esganadas

As esganadas
Jô Soares

Sinopse
O livro é ambientado no Rio de Janeiro de 1938 […], durante a Era Vargas, e retrata uma série de assassinatos perpetrados contra vítimas gordas. Subvertendo a narrativa policial comum aos suspenses envolvendo detetives, o serial killer é revelado logo no início da obra, bem como sua motivação para os crimes. A trama concentra-se nos detalhes da busca pelo assassino.
O título faz alusão ao modo como as vítimas são mortas: asfixiadas por sua gula em um processo que envolve interesse gastronômico, especialmente por doces portugueses, e intenso desejo sexual.
fonte: Wikipedia

as esganadas

Este é o quarto livro policial do ator, comediante, apresentador e músico Jô Soares. E é, na minha opinião, o mais fraco. Acredito que ter suprimido o fator whodunit enfraqueceu bastante a trama, tornando-a simples a ponto de parecer ingênua e burlesca em alguns momentos. Apresentando ao leitor, desde o início, o autor dos crimes, resta apenas um “mistério” a ser solucionado – como e quando ele será descoberto e capturado. Há trechos em que parece bastante improvável que a equipe encarregada de identificar o assassino seja inapta a ponto de deixar passar detalhes essenciais que levantariam suspeitas sobre ele. E o excesso de citações do investigador lusitano e o exagero de detalhes da culinária portuguesa por vezes chegam a incomodar e “empacar” o andamento da narrativa.

O que salva o livro e o que segura o leitor do começo ao fim é principalmente a capacidade do autor em criar personagens e tipos, encaixando-os em situações que despertam o interesse do leitor, fazendo-o continuar a leitura para descobrir seu desfecho. Tive a nítida impressão de estar lendo uma sucessão de esquetes bem resolvidos em si mesmos, mas que em boa parte do texto careciam de unicidade com a trama central.

Mas não apenas isso. Assim como nos livros anteriores, a ambientação em determinado momento histórico é algo que o autor faz muito bem. A inserção de propagandas de rádio – os reclames -, notícias, narrações de jogos da copa, entre outros detalhes, conseguem imergir o leitor no período em que se passa a estória sendo, também, elementos que despertam e mantêm o interesse no decorrer da narrativa. Porém, mesmo assim, o leitor chega ao final da leitura com a impressão de que tudo poderia ter sido melhor explorado.

É um livro rápido e de fácil leitura. Não é ruim, é bom mesmo com as ressalvas. Mas se alguém me pedisse indicação de um livro do Jô, certamente não seria esse o escolhido. O Xangô de Baker Street sem dúvida é uma opção bem melhor para conhecer a obra do autor.

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Cristine Tellier
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