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Como faço sem falta desde os meus 12 anos de idade, fui à Bienal do Livro semana passada. Aliás, acabei indo duas vezes e, em ambas, o que ficou marcado foi a quantidade de filas. Fila na bilheteria, fila para entrar, fila para comer (tanto para pagar como retirar o pedido), fila no banheiro, fila nos caixas dos estandes, fila para autógrafos, fila até para encher a garrafinha d’água no bebedouro. Certamente, em virtude do horário que fui nas duas vezes, tive a impressão de que a feira estava mais cheia que nos anos anteriores. Porém, apesar de tudo, mesmo detestando locais muito cheios, como sempre eu saí de lá satisfeita.

Fui à feira este ano decidida a apenas adquirir livros que preenchessem uma das seguintes condições:
– que estivessem em promoção e/ou com desconto
– que eu pudesse pegar autógrafo do(s) autor(es)
E consegui. Inclusive, em alguns casos, o livro cumpria todos os pré-requisitos. Diferente dos anos anteriores, havia muitas promoções em quase todos os estandes. O que me fez voltar para casa, no primeiro dia, com quatro sacolas cheias de livros e HQs.

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Quando passamos pelo estande da Leya, Raphael Draccon estava autografando seu livro mais recente, Fios de prata. Alcancei o livro numa das prateleira e me encaminhei à fila do caixa. Enquanto aguardava minha vez, vi que, assim como em outros estandes, havia desconto progressivo na compra de mais de um livro. E, bem ao meu lado, havia uma pilha de “livrinhos” de Agatha Christie. Apenas dois títulos, mas bastava para obter os 30% de desconto no valor total da compra. Peguei, paguei e fui para a fila dos autógrafos. Ah, a fila. Não estava muito longa. Não devia ter mais do que 20 pessoas à minha frente. Mas não andava. Cinco minutos. Dez minutos. E nada. Olhei para o início e reparei que, além de todos pararem para conversar e tirar fotos com o Draccon – que os atendia com uma paciência de Jó – muitos levavam TODOS os livros dele para autografar, ou seja, cinco livros. E, em muitos casos, havia uma pessoa na fila, guardando a vez para mais 2 ou 3 pessoas, também portando uma pilha de livros para autografar.

Em vista disso e antevendo a demora, saquei um dos livrinhos da Agatha de dentro da sacola e me pus a ler. No intervalo de quase 45 minutos de fila (ou mais), li um deles e cheguei à metade do outro. Não, não faço leitura dinâmica. Os livros são bem fininhos mesmo – menos de 100 páginas cada um. Na verdade, não são livros publicados “por ela”. O autor é John Curran. E cada um deles contém um conto da autora e vários outros textos de seus cadernos de anotações, relacionados ao conto em questão. Para um fã, isso é uma preciosidade. E eu sempre gostei muito de seus livros. Na minha estante, é o autor/autora com maior quantidade de exemplares. Apesar da canseira de estar ali parada na fila, eu estava me divertindo demais com a leitura. Além do fato de as estórias dela serem sempre muito “gostosas” de ler – a leitura flui ininterruptamente – as informações complementares matam a curiosidade sobre o modus operandi da autora na criação do enredo. E mais, para alguém que tem como hábito não só a leitura, mas também a escrita, conhecer o método de um escritor muito apreciado- ou a falta dele, no caso de Agatha Christie – é algo enriquecedor.

agathachristie-diariosTerminei de ler o segundo livrinho a caminho de casa. E, ao chegar, logicamente, acessei um site de livraria pra encontrar outros títulos. Encontrei “O” livro completo, Os Diários Secretos de Agatha Christie, que foi imediatamente acrescentado à minha wish list. Fazia tempo que não lia algo dela e matar a saudade foi muito, muito bom. Num surto de saudosismo, lembrei-me de quantas vezes na minha adolescência eu varei a noite para terminar um livro dela. E aprender como ela estruturava os mistérios, as pistas, os personagens foi quase um prêmio inesperado. E fez com que essa fila – a mais demorada de todoas – não fosse uma total perda de tempo.

Para quem curte Agatha Christie, recomendo. E para quem não conhece, nem nunca leu nada dela, recomendo também. Vale a pena.

  • A captura de Cérbero
  • O incidente da bola de cachorro
  • Os Diários Secretos de Agatha Christie

Cristine Tellier
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