eduardo spohr

A batalha do apocalipse
Eduardo Spohr

Aos mais desavisados, talvez pareça ser mais um livro que pegou carona na onda de livros sobre anjos, principalmente tomando-se como base a ilustração da capa. Basta uma “googlada” rápida para descobrir que é anterior a isso, pois sua primeira edição é de 2002.

Jogador contumaz de RPG, nerd assumido, Spohr deve justamente à comunidade nerd boa parte da divulgação e do sucesso de seu livro. Sem desmerecer o conteúdo, certamente se não fosse o #nerdpower a obra demoraria bem mais tempo para chegar à lista dos mais vendidos – em que já se encontra há várias semanas.

a batalha do apocalipse

Independente de o livro ser bom ou ruim, tem o mérito de ter auxiliado a impulsionar um gênero literário pouco explorado por autores nacionais, a literatura fantástica. Desde a propaganda boca a boca, essencial para a propagação de qualquer notícia, até a presença na lista de best-sellers da maioria dos veículos de imprensa, passando pela entrevista dada por Spohr no “Programa do Jô”, tudo contribuiu para que o estilo passasse a ter a credibilidade dada até agora apenas a autores estrangeiros como Arthur C.Clarke, Frank Herbert, Tolkien. A partir daí, livros que costumeiramente ocupavam as prateleiras da sessão de literatura infanto-juvenil, passaram a dividir espaço nas vitrines com outros best-sellers de literatura adulta.

Admito que não teria adquirido o livro se não fosse pela influência do pessoal do site Jovem Nerd. Ouço o podcast deles fielmente toda a semana e acompanhei toda a divulgação do livro por ali. Desde a primeira edição, resultado da premiação num concurso literário, até a distribuição pela editora da NerdStore. E finalmente, a publicação pelo selo de uma grande editora.

Exceção feita aos clássicos da literatura, tenho sempre um pé atrás no que diz respeito a best-sellers. Pois, infelizmente, fazer parte da lista de best-sellers não é garantia de qualidade de um livro. Mesmo porque creio que se a intenção do autor é integrar essa lista, algumas concessões acabam sendo feitas no sentido de tentar agradar a maior parcela possível de público. Sendo assim, acaba sendo difícil evitar alguns clichês a que a maioria dos leitores está acostumado. Mas mesmo não sendo isento de clichês, o livro ainda é muito bom (com algumas ressalvas, que abordarei logo abaixo).

A presença de clichês, logicamente torna certos trechos da trama bem previsíveis, o que eventualmente corta o embalo da leitura, já que saber antecipadamente o que provavelmente se seguirá na trama é bastante “brochante”. Por várias vezes me obriguei a continuar a leitura, e esse foi um dos motivos.

eduardo spohr
Eduardo Spohr
É inegável o conhecimento do autor sobre o assunto abordado: heróis, deuses, anjos, feiticeiros, demônios, batalhas. Isso se reflete no que eu acredito que seja o maior defeito do livro: o texto excedente. Como não passou pela mão de um editor, está sobrando estória. Aliás, a prolixidade do texto me incomodou bastante, principalmente na primeira centena de páginas. Não gosto muito de textos descritivos e isso me desanimou bastante. O narrador, no início parece estar num documentário da NatGeo, descrevendo tudo nos mínimos detalhes. Depois melhora, mas foi difícil persistir na leitura. A estrutura da narrativa, em flashbacks, não é ruim, mas fica prejudicada pelo excesso de detalhes e pela quebra de ritmo. Por várias vezes, durante a leitura, ao voltar para o “presente” da estória, 150 páginas depois, já não lembrava mais em que ponto estava, tamanha a quantidade de informações. Acredito que parte do texto sobrando, poderia ter sido “enxugada” caso o livro tivesse passado pela mão de um editor – e poderia se reaproveitada em outros livros, complementando a saga.

Os detalhes acima talvez desanimem os leitores menos vorazes. Mas a obra é leitura obrigatória para nerds e fãs de literatura fantástica. Caso não faça parte desse nicho, talvez goste, talvez não, talvez fique com a impressão (assim como eu) de que poderia ser melhor mas não se arrependa de ter lido o que provavelmente seja o primeiro de muitos best-sellers de literatura fantástica nacional.

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batalha do apocalipse

Cristine Tellier
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One Reply to “A batalha do apocalipse”

  1. A gente tem uma opinião parecida sobre o livro e a leitura, né? Para mim, para o livro ficar realmente muito bom, faltou uma lipo, uns cortes aqui e ali. Achei MUITO LEGAL a história da viagem do Ablon pelo oriente, mas me brochou legal estar no meio do livro, porque é uma puta quebra de clima.
    Mas fiquei curiosa para ler mais aventuras do anjo. 🙂

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