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Não há tempo a perder
Amyr Klink

Livro conta em relato autobiográfico a história e as reflexões de um dos maiores mitos brasileiros, em uma obra recheada de fotos pessoais e de suas expedições.
Mesmo as ideias mais absurdas podem se tornar factíveis – se você se compromete a destrinchar cada pedaço do caminho. Para o navegador, escritor e empresário Amyr Klink, homem que dedica sua vida à prosaica atividade de se deslocar sobre os oceanos, não há tempo a perder. Sorte é algo que a gente constrói, a vida é curta para repetir caminhos. Este é um livro sobre a escassez, o medo e a nossa misteriosa capacidade de realizar, começar e concluir, fazendo o máximo com o mínimo.
(fonte: press release oficial)

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“Uma hora perdida é uma hora perdida. Esse é um bem não reciclável, indomável, que não podemos possuir. Já tentei muitas vezes, fiquei fascinado pela ideia de possuir o tempo. Mas não vamos conseguir, por mais que nos esforcemos, alterar o tempo já vivido. O pior é que perdemos consciência dessa grandeza – do escoamento contínuo de possibilidades – quando trabalhamos sem um propósito, quando estamos à deriva.”
(pag. 17)

Os demais livros de Klink, mesmo descrevendo fatos verídicos, podem muito bem ser lidos como se fossem ficção. Tanto pelo teor dos eventos contados pelo autor quanto pelo tom lírico da narrativa – clássicas histórias de pescador, só que reais. Este, em depoimento a Isa Pessoa, é como se fosse um apanhado de causos ocorridos em cada um dos maiores projetos marítimos de Klink. Contudo, a abordagem é menos aventuresca, mais focada no aspecto empreendedor dos fatos narrados, na mentalidade voltada à busca de soluções e à resolução de problemas.

Para quem leu os anteriores (eu, por exemplo) não há muitas novidades, as histórias são bem conhecidas. Mas, mesmo assim, sempre há algum detalhe interessante, algum lembrete, ou alguma lição a ser aprendida. A coleção de depoimentos de amigos e colegas de profissão, além de tantas fotos e algumas histórias familiares complementam de modo encantador as aventuras já conhecidas.

Mas é interessante também por abordar gestão de projetos sem falar de PMBOK ou qualquer outra modinha dessa área. Nos anteriores, esse viés estava presente, mas era menos explícito. Neste, Klink fala de suas empreitadas, porém dando mais enfoque ao aspecto gerencial e empreendedor do que à aventura em si. Comentários sobre liderança, planejamento, gerenciamento de problemas, trabalho em equipe, organização de tarefas são feitos de forma concisa mas também muito bem humorada.

“O sujeito é pago para determinada função e só exerce estritamente as suas tarefas. Não posso respeitar esse profissional que não se integra e entende plenamente as necessidades daquela conjuntura, de sua empresa ou seu país – como aquele funcionário da área financeira que não colabora com o setor comercial, ou vice-versa; o fotógrafo que não lava banheiro; a gerente que se recusa a executar serviço que não seja da sua alçada.”
(pag. 54)

Longe daquela balela de que quando se sonha o universo conspira a seu favor, Klink tem os pés bem plantados no chão. É desse modo que encara os desafios que se apresentam na hora que colocar seus sonhos/projetos em prática. E é esse “cetiscismo construtivo” que ele deixa transparecer em suas palavras.

“Quando você se apaixona por uma ideia, mesmo que utópica, ou extremamente arriscada, vai encontrando meios e determinação até o ponto em que acontece.”

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Klink, a bordo do barco IAT. (Agliberto Lima/Estadão)

É uma leitura que vale a pena para quem leu os livros anteriores. Para quem não leu. Para quem curte relatos de viagem (ou não). Para quem se interessa por aventuras marítimas. Para quem não sabe se se interessa. Para gerentes de projeto e líderes de equipe em qualquer área de atuação. Para iniciados em assundos marítimos. Para leigos. Para quem ama aventuras. Para quem curte ficar em casa. Para quem planeja. Para quem executa. A narrativa informal faz o leitor sentir quase como se estivesse conversando com o autor. E esse é o maior trunfo do livro.

“Mas no Brasil nos falta orgulho de produzir, nos falta resiliência. Há um desânimo maior nos desempregados. Os brasileiros vêm sofrendo duramente com o recente declínio da atividade econômica – mas existe acomodação, também. Infelizmente, o Brasil é aquele país do mais ou menos. Do meia-boca. Engenharia, planejamento, economia, tudo se resolve sem rigor, sem a determinação de se atingir o máximo com o mínimo. Não buscamos a excelência, preferimos o caminho mais rápido, mais fácil, o jeitinho pelo qual depois teremos que pagar um preço muito mais caro.”
(pag. 133)

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amyr_biografia_1Sobre o autor:
Filho de pai libanês e mãe sueca, Amyr Klink nasceu em São Paulo, em 25 de setembro de 1955. Mora no Brasil mas é um cidadão do mundo, sobre o qual pensa com praticidade e beleza. Amyr tem fome de entender como as coisas funcionam. Não consegue achar graça em quem só deseja o carro do ano, a roupa da hora, a casa na praia. É fascinado pela engenharia da necessidade, pela cultura do compromisso e da solidariedade. Formado em Economia pela USP, com pós-graduação em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, aos 30 anos fez a primeira travessia do Atlântico Sul a remo. Concebeu a rota, e remou sozinho, entre a África e o Brasil, viagem sobre a qual escreveu no livro Cem dias entre céu e mar (Companhia das Letras). É autor de mais seis títulos. Veja todos aqui.

Cristine Tellier
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One Reply to “Não há tempo a perder”

  1. Nossa! Legal seu site, blog, estilo, formato de tudo! super show mesmo! Realmente seu trabalho é top e digno de ser reconhecido cada vez mais! Com que frequência você posta artigos? Tem canal no Youtube também? Ahh e se não estiver participando do evento la no Melhor Amiga, eu recomendo viu? Abraços!

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