»» versão do artigo “How to Unlock All Five Senses in Your Writing”, escrito por Kellie McGann, publicado em 19/03/2015 no The Write Practice ««
Como escritores, somos especialmente conscientes dos nossos cinco sentidos. Usamos os cinco sentidos para transportar nosso leitor para dentro da cena enquanto a descrevemos. No entanto, tenho a impressão de que não estamos utilizando todo o potencial dos cinco sentidos. Veja, os cinco sentidos têm o poder de conectar o leitor de um jeito intenso, ao menos mais intenso do que se tem acreditado.
Escreva com a visão
Quando eu estava escrevendo o primeiro rascunho do meu livro, me reunia regularmente com um grupo de escritores (o que é essencial), e um dos feedbacks que eu mais recebia era “show, don’t tell” (“mostre, não conte”).
Não conte simplesmente ao seu leitor como você se sente ou o que está acontecendo, me dizia o grupo.
Comecei a experimentar e logo descobri que havia muito mais a escrever com a visão do que árvores verdes e céus azuis.
Aqui está um exercício: pergunte a si mesmo “O que estou vendo?” e, como você vai começar com um mero carro branco passando, eu te desafio a ver além. Além do homem com os braços repletos de tatuagens, observe o jeito de ele andar. Ele olha para o chão enquanto anda ou olha para frente confiantemente?
Quando você vir o óbvio, vá mais fundo.
Então, o que você vê na verdade? O que você não vê? O que isso significa?
Escreva com o paladar
Descrever o paladar pode ser uma maneira divertida de manter seu leitor interessado nos detalhes. Frequentemente negligenciamos ou simplesmente nos esquecemos de descrever qual sabor de alguma coisa ou o que esse sabor significa.
Pode ser terrível, mas meu jeito predileto de descrever o gosto é usando metáforas. Meu humorista favorito, Tim Hawkins, compara o gosto e o sabor de um donut Krispy Kreme com “estar comendo um anjinho”. O quanto isso é verdadeiro?
Minha colega de quarto descreve sua sopa de tomates como “acabando de chegar de uma nevasca, chutando suas botas e sentando em frente à lareira.”
As metáforas que utilizamos têm o poder de transportar nossos leitores a lugares que evocam memórias e emoções de suas próprias vidas, permitindo que uma conexão profunda se estabeleça.
Escreva com o olfato
Geralmente, classificamos cheiros em duas categorias: bom ou ruim, mas acho que até mesmo cheiros podem ajudar a contar histórias.
Quando começar a descrever uma cena, feche os olhos e “visualize” todos os possíveis cheiros que estejam à sua volta. Odorores não apenas descrevem cheiro de comida e de corpos, eles também podem ser usados para descrever o clima, um cômodo ou uma situação.
De que forma você acha que a frase “this smells fishy” foi cunhada? (N.T.: a tradução livre seria “isso não me cheira bem”). É quase uma personificação. Experimente.
Escreva com a audição
O jeito mais popular de descrever sons é fazendo uso de onomatopeias. E elas são divertidas, principalmente quando as inventamos.
Além das onomatopeias, nunca pensei que houvesse outra forma de descrever sons de verdade, até que comecei realmente a ouvir.
Há ruídos à sua volta. Você já desvendou o que os sons realmente estão contando?
Enquanto escrevia minhas memórias, constantemente me perguntava o que eu estava ouvindo internamente. Sons não são sempre rumores externos e estalos, algumas vezes vêm na forma de pensamentos e vozes. Alguns são verdades, outros são mentiras.
Alguns sons dizem ao leitor onde você está ou o que está fazendo sem, de fato, ter de descrever.
Escreva com o tato
Descrever a sensação tátil das coisas é muito divertido. A quantidade de adjetivos disponíveis é infinita.
Minhas duas formas prediletas de descrever tato são através da temperatura e da textura.
“Seus dedos deslizaram na água fresca e suave.”
Quando estiver escrevendo sobre o tato, é importante descrever a parte física, mas ainda mais importante é a parte não visível. Os diferentes aspectos que são “tocados”, mas não com suas mãos.
Como você já deve ter percebido, a chave para destravar os cinco sentidos é a questão por detrás. O questionamento sobre o motivo de você estar vendo, ouvindo, provando, cheirando ou sentindo algo.
Uma vez que você tenha definido o sentido, faça a pergunta “O que isso significa?”.
- Tony & Susan, de Austin Wright - 18 de fevereiro de 2022
- Só para loucos - 31 de janeiro de 2022
- Retrospectiva 2021 - 3 de janeiro de 2022
Achei interessantíssimo esse olhar especial que você destacou a respeito do mundo dos sentidos! Faz muita diferença! Adorei o post! Inspirador! Grande abraço,
Luana
Olá Luana,
Obrigada pela visita. Que bom que curtiu 🙂
Abraços e boas leituras!
Muito obrigado, adorei o artigo!