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Finalmente! Terminei de ler Moby Dick. Já estava cansado de ver as pessoas olhando para o livro e se espantarem: “Nossa! Você ainda está lendo este livro?”

Sim. O livro foi absurdamente longo. Não necessariamente pela quantidade de páginas (por volta de seiscentas), mas sim por que, salvo as leituras obrigatórias das professoras de português da escola, nunca havia tido em mãos um texto tão moroso, tão cansativo e, por vezes, tão irritante.

moby dick

Divide-se em duas partes. Um terço do livro trata-se da história da perseguição do capitão Acab (ou Ahab, no original) à lendária baleia Moby Dick. Habilmente escrito, com todos os atributos dignos de uma obra clássica, fazendo jus a fama do livro de leitura realmente fascinante.

… Em contra partida, dois absurdos terços do livros tratam de material teórico de cetologia (estudo das baleias), sendo este referente aos estudos que existiam em 1850 (ou seja, mais ”achismo” do que científico) e parte é a opinião do narrador sobre o assunto.

Confesso que quando estava quase no final do livro e o indivíduo ainda estava falando sobre as fibras que compõe os tecidos da pele da baleia, eu pensei seriamente em desistir. Não desisti por mera teimosia para comigo mesmo, quase como se o livro lhe instigasse a ser tão monomaníaco para com seu objetivo quanto o capitão Ahab.

Que por sua vez, é – admito – um personagem fascinante. Mas fica envolto da névoa de chatice que é a narrativa como um todo. Já a maldita baleia, demora tanto para aparecer que em certo momento cheguei a acreditar que a tal Moby Dick era apenas um McGuffin (aprendi esse termo recentemente, estava louco para usá-lo), ou seja, um “atrativo”, algo que se usa para prender a atenção do leitor, que no final não tem realmente importância.

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(foto: http://eimj.deviantart.com/)

Quando ela aparece (incrivelmente, nas últimas 20 páginas!), eu já estava de saco cheio e nem consegui me concentrar na profundidade do texto, apenas queria terminar aquilo de uma vez.

Os norte-americanos se orgulham muito desta obra. As críticas são tão contundentes que até o pica-pau tem um desenho com a “Dopei Dick, a baleia rosa”. Minhas expectativas então estavam elevadas o bastante para me fazer sentir enganado. A expectativa era ver algo que mudasse minha vida, que elevasse meu conhecimento, que me fizesse uma pessoa melhor e apenas me fez ficar com aquela sensação esquisita, sem saber se a coisa é ruim mesmo ou se eu que sou ansinino, incapaz de entender uma obra tão profunda.

Encerrando, não recomendo que se leia Moby Dick por completo. Sugiro, para que for ler, que salte as partes sobre cetologia ou sobre as divagações sem sentido sobre a natureza das baleias e atenha-se a história. Ou, se mesmo assim, não adiantar, salte para as últimas 50 páginas que o verdadeiro conteúdo encontra-se ali, o resto é a mais insípida sopa de xuxu sem sal.

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4 Replies to “Moby Dick, A Baleia Chata”

  1. Tem toda a razão Douglas. Me esforcei muito pra ler este livro, mas acabei parando na metade. Por curiosidade, por ser um grande clássico, assisti o filme, a história e até interessante no início, mas por ser muito enrolada e repetitiva, acabando tornando-se realmente muito chata.

  2. Me senti super representada por essa resenha! Cometi o erro de colocar – logo em janeiro! – Moby Dick na lista de 12 livros para 2019. A edição que eu tenho é dividida em dois volumes, mas só a misericórdia para terminar o primeiro volume. Demora 130 páginas para Ismael embarcar. Mais de umas 200 páginas para a tripulação matar uma baleia, que nem é Moby Dick… Enquanto isso, capítulos e capítulos desnecessários, que não adicionam absolutamente nada a trama, ao desenvolvimento dos personagens, só sendo divagações “científicas” e filosóficas do narrador, ou explicações sobre coisas fúteis, como “o que é um arpão?” “Qual é a classificação da baleia?” “Qual é a importância de um baleiro no século XVIII?” A sensação que eu tenho é que parti de quase nada a lugar nenhum. E olha que eu só terminei o primeiro volume. Mas já vi que é assim no livro todo.
    Esse livro só foi um sucesso depois da morte do autor, quando ele foi “redescoberto” pela crítica. Quando lançado, foi um fracasso retumbante e já imaginamos o porquê. Mesmo assim, a história tinha tudo para ser melhor, se Melville tivesse um bom editor que cortasse, pelo menos, uns dois terços do livro.
    Para quem quer saber a história, recomendo a minissérie de 2011, com o mesmo título, com a vantagem de economizar tempo e dinheiro.

  3. Por incrível que pareça, a parte sobre cetologia achei até curiosa. Mas o livro é moroso mesmo, encontros com outros navios, digressões sobre a vida no mar, pequenos acontecimentos sem atrativos….isso sim me entediou. Tenho o hábito de ler na cama, antes de dormir, e, olha, complicado não pegar no sono antes de um ou outro capítulo. Me faltam umas 100 páginas pra terminar, agora vou até o final.

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